O senador Angelo Coronel (PSD-BA) voltou a classificar como chantagem a tentativa do governo de atrelar a reforma do Imposto de Renda à criação de um novo programa de renda mínima para substituir o Bolsa Família ou manter o auxílio emergencial às pessoas mais prejudicadas pela crise econômica, agravada com a Pandemia.
Na entrevista, o senador lembrou novamente que o governo não precisa da reforma para alcançar esse objetivo, pois pode muito bem estender o prazo do auxílio emergencial.
“Além disso, ainda pode ter uma segunda opção, que é criar um programa assistencial temporário, pelo prazo de 24 meses, que tem cobertura pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O governo não vai cometer nenhum crime, e com isso vai atender àqueles que estão vivendo abaixo da linha de pobreza e que realmente precisam desses recursos para melhorar sua sobrevivência”, acrescentou Coronel.
Antes da entrevista, o senador esteve reunido em São Paulo com representantes de vários setores da economia, como indústria, comércio, mercado financeiro e profissionais liberais.
Esses encontros foram pedidos pelos próprios representantes setoriais.
“Jogue no lixo, senador!” – Foram mais de dez reuniões na capital paulista que refletem o compromisso de Coronel de escutar todos que ele classifica como “geradores de emprego, renda e pagadores de impostos” para a elaboração do relatório final da reforma do Imposto de Renda.
O texto, enviado pelo governo e aprovado pela Câmara dos Deputados, está tramitando na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, CAE.
Ao todo, desde que foi designado relator da reforma , Coronel já fez mais de 50 reuniões, “para que o relatório seja referendado por quem paga impostos e gera empregos e renda, e não ouvir apenas o recebedor do imposto que incide sobre salários da pessoa física e lucro das empresas, que é a União”, explicou o senador.
Em todos os encontros que teve até aqui, em São Paulo, Brasília ou Salvador, Angelo Coronel só ouviu críticas ao texto aprovado pelos deputados.
Em uma dessas reuniões, na Associação Comercial de São Paulo, um dos membros da entidade pediu “Senador, jogue tudo isso no lixo”.
Coronel concorda com as críticas e não aceita a forma com que o governo quer que a relatório seja apresentado e votado.
“Não podemos fazer uma reforma hoje e daqui a um ano fazer a reforma da reforma”. Precisamos de uma reforma que não crie problemas para os entes federados (União, estados e municípios)”, advertiu o relator, acrescentando que “Não dá para aprovar apenas por capricho de alguns integrantes da equipe econômica”.
Por causa disso, o senador não acredita na votação da reforma do Imposto de Renda ainda em 2021.
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