Quatro meses após anunciar sua desfiliação da Rede Sustentabilidade, o senador Randolfe Rodrigues (AP), líder do governo Lula no Congresso Nacional, ainda não comunicou oficialmente à mesa diretora do Senado a saída da legenda. Questionada por quatro dias sobre o porquê, a assessoria de imprensa do senador preferiu não responder.
“O senador Randolfe Rodrigues não formalizou à Mesa do Senado Federal eventual desfiliação da Rede Sustentabilidade”, confirmou à Eduardo Gayer, da coluna do Estadão, a assessoria de imprensa do Senado. De acordo com o regimento interno da Casa, a alteração de filiação partidária precisa ser comunicada por escrito à Mesa pelo próprio parlamentar.
Randolfe anunciou a saída da Rede em maio após um embate político com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em torno da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. Marina é contrária à iniciativa e Randolfe, a favor.
O sistema interno do Senado, inclusive, ainda mostra Randolfe como líder do seu antigo partido, como mostra a imagem abaixo, obtida pela Coluna. Por outro lado, a aba “lideranças” do site não traz o nome do parlamentar como líder da Rede. Com o desembarque de Randolfe, a sigla sequer tem representantes no Senado.
Eleita para o comando nacional do partido em abril, a ex-senadora Heloísa Helena limitou-se a confirmar à Coluna a desfiliação de Randolfe, enviando a nota do próprio senador anunciando o desembarque. Questionada sobre o Senado ainda considerar o aliado de Lula como líder da sigla, Heloísa não respondeu.
Como mostrou o Estadão, senadores têm inchado seus gabinetes com cargos de lideranças. Randolfe tem 67 comissionados, com direito a mais funcionários por acumular as funções de senador, líder do governo no Congresso, vice-líder do governo no Senado e líder de bloco partidário. A Coluna pediu ao Senado o quanto os funcionários extras de Randolfe custam à União, mas não obteve retorno.