Rampage é uma RAM legítima ou uma Fiat Toro de luxo?

A Rampage é a resposta da RAM segundo matéria de Pedro Cerqueira, da revista Vrum, para quem sempre quis ter uma picape da “marca do carneiro”, mas não tinha grana para comprar. A caminhonete de porte intermediário é fabricada na planta da Stellantis de Goiana (PE), usando a mesma plataforma da Fiat Toro. Por esse motivo, uma questão ficou no ar: a Rampage é uma RAM legítima ou uma Toro de luxo?

Bom, quanto ao design, é inegável que a porção central da Rampage é muito semelhante à Toro, sobretudo na inclinação da coluna A. No entanto, o porte da caminhonete da RAM é bem mais encorpado, principalmente na dianteira, com o capô alto e “musculoso”, além das caixas de roda anabolizadas. No entanto, suas dimensões deixam a vida mais prática quando se compara com as médias.

Testamos a Rampage na versão de entrada Rebel equipada com motor a gasolina (com preço sugerido de R$ 250 mil), que tem uma “pegada” off-road. Sua grade é toda em preto, sem o cromado das versões mais sofisticadas. As rodas são de 17 polegadas, calçando pneus de uso misto, que fazem ruído no asfalto. Os faróis da caminhonete são full-LED, assim como os de neblina, que ainda acumulam a função cornering. Na traseira, destaque para a saída dupla de escape, que é bem esportiva.

Caçamba é pequena

O para-choque traseiro tem uma descaída que forma um degrau para acessar a caçamba. A tampa do compartimento de carga da RAM Rampage tem função de amortecimento para abrir. O espaço tem iluminação e cobertura, mas a capota marítima não é de série. O espaço da caçamba é pequena, com maior parte do aproveitamento em altura, o que não resulta em muito espaço de fato. A capacidade de carga é de 750 quilos.

Interior é apertado, mas com acabamento caprichado

O interior da Rampage tem um acabamento superior, mantendo o padrão esperado para marca, com couro no painel, portas, e bancos. A versão Rebel tem as colunas e o teto em preto. O quadro de instrumentos digital tem 10,3 polegadas e é configurável. Já o multimídia tem tela de 12,3 polegadas, que pode ser conectado a dois celulares ao mesmo tempo, além de espelhamento sem fio.

Uma solução interessante da Rampage é que o carregamento do telefone sem fio possui uma função de resfriamento a partir do ar-condicionado. A oferta de tomadas USB na caminhonete é generosa, totalizando seis: duas em um compartimento abaixo do console central e quatro para o banco traseiro.

Porém, uma coisa que foge ao padrão da RAM é o espaço interno limitado. Nesse quesito, sim, a Rampage se iguala à Toro. Na frente o espaço é sempre bom, mas no banco traseiro a situação é diferente. Ao menos o espaço oferece saídas de ar exclusivas e tomadas USB. Mas, o acabamento ali dá uma “caída”, com mais plástico e menos couro nas portas.

Rampage tem motor de 272cv de potência e tração 4×4

Curiosamente, na gama da Rampage, as versões equipadas com motor diesel são as de entrada. Porém, testamos a motorização mais divertida, que traz sob o capô o mesmo motor Hurricane do Jeep Wrangler. Trata-se de um 2.0 turbo, de quatro cilindros, com 272cv de potência e 40,8kgfm de torque, movido unicamente a gasolina.

Com esses números, fica claro que não falta “força” à caminhonete na cidade ou na estrada. Mesmo pesando 1.900 quilos, a Rampage acelera até os 100km/h em 7,1 segundos. Porém, o consumo de combustível é alto.

O câmbio automático de 9 marchas é comandado por um botão giratório e tem uma boa gestão. Trocas manuais podem ser feitas por aletas próximas ao volante, e ainda existe um modo esportivo, que permite subir as rotações. A transmissão ainda tem tração 4×4 sob demanda, com opção de reduzida acionada por botão.

Para completar a parafernália do fora de estrada, existe um assistente de descida. Outro destaque da caminhonete é a suspensão independente, com multilink na traseira, que alia conforto de rodagem – mesmo com o veículo descarregado, algo raro em uma picape – e bom comportamento dinâmico.

Equipamentos e concorrentes

A Rampage se garante na segurança básica – com seus 7 airbags, controle de estabilidade, sistema de mitigação de rolagem da carroceria –, mas o destaque da caminhonete nessa versão de entrada são os auxílios semiautônomos à condução:

• Controle de velocidade adaptativo com Stop&Go;
• Alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência;
• Monitoramento de pontos cegos;
• Detecção de tráfego traseiro cruzado;
• Alerta de saída de faixa com correção.

Com apenas R$ 30 mil de diferença entre o pacote de entrada e o de topo, entre R$ 240 mil e R$ 270 mil, a escolha da versão é bem mais pela preferência do cliente, e não pelo preço. Além da versão testada Rebel, a linha Rampage tem um pacote com perfil mais clássico, o Laramie, e outro mais esportivo, o RT, este disponível apenas com o motor a gasolina.

A Rampage é uma caminhonete de porte intermediário com estrutura em monobloco. Dos concorrentes desse segmento, o modelo que mais se aproxima é a Ford Maverick, com dimensões e motorização aproximadas, mas com outra proposta de visual, mais espaço interno e acabamento bem mais simples. No entanto, devido ao preço, a Rampage “esbarra” com as versões de entrada das picapes médias, com chassis, se tornando interessante por ser bem mais vistosa e equipada.

Legítima RAM ou Toro de luxo?

Com visual próprio, em linha com o DNA da RAM, acabamento caprichado e motorização poderosa, no frigir dos ovos a Rampage é um produto digno de exibir a “marca do carneiro”, tendo pouco da Fiat Toro.

Ficha técnica da RAM Rampage Rebel a gasolina

Equipamentos da RAM Rampage Rebel a gasolina