A Ram 1500 não é mais a mesma. E nem estamos falando sobre a aparência, que passou por leves mudanças. Suas novidades são mais profundas: ela deixa no passado o V8 5.7 aspirado e passa a ter motor 3.0 de seis cilindros, biturbo (400 cv), e versões de acabamento inéditas.
Ela estreia este mês já com três títulos: picape mais cara, mais rápida e mais potente do Brasil – este último até que a BYD Shark, com 430 cv, comece a ser vendida.
Para antecipar as mudanças, fomos até os EUA, maior mercado de picapes do mundo e berço dessas grandalhonas, e nosso test-drive aconteceu no Texas, mais especificamente em Dallas, cidade que mais vende picapes no mundo.
Na linha 2025, a 1500 deixa de oferecer a versão esportiva Rebel e as luxuosas Limited, e agora chega nas intermediárias Laramie (R$ 540.990) e Laramie Night Edition (R$ 555.990).
Apesar do downgrade, predicados das antigas versões seguem na nova gama – especialmente no que diz respeito ao refinamento encontrado na Limited. Em relação aos preços, a Laramie de entrada mantém os praticados anteriormente pela Limited, enquanto a Laramie Night Edition custa R$ 5.000 a mais na comparação em relação à Limited Night Edition.
No visual, as maiores mudanças ficam na dianteira, mas ainda assim discretas. Grade (agora com barras horizontais) e para-choque são novos, assim como os faróis, que são full-led por refletores, e não projetores como antigamente. A traseira também renova para-choque e lanternas, e tem a tampa da caçamba com formato tradicional, sem aberturas laterais. A abertura e o fechamento são elétricos.
De lado, mudam as rodas, de 20 polegadas com pneus 275/70 e acabamento diamantado na Laramie, e de 22 polegadas com pneus 285/45 escurecidas, na Laramie Night Edition. Como sugere o nome, a mais cara tem grades, para-choques e logos em preto, enquanto na Laramie comum essas peças são cromadas.
O mesmo vale para o interior, que teve mudanças leves, sem alterar o alto nível de acabamento já conhecido, com mistura de tecidos e couro. A Laramie mescla marrom e bege nos revestimentos, bem ao gosto do consumidor americano, enquanto a Night Edition não economiza no preto, o que resulta em um visual mais discreto e esportivo.
Já o pacote de equipamentos é igual entre as versões e é maior do que antes, a começar pelo quadro de instrumentos digital de 12,3”, head-up display, central multimídia, que passou de 12” para 14,5”, e o sistema de som Harman Kardon de 19 alto-falantes, subwoofer e 900 Watts de potência. Conte ainda com ar digital bizona, ajuste elétrico para altura dos pedais, teto solar panorâmico elétrico, Android Auto e Apple CarPlay sem fio e bancos dianteiros com ajustes elétricos, aquecimento e ventilação. O banco do motorista tem memória para duas posições.
A 1500 também passa a ter dois carregadores por indução e nada menos do que 11 portas USB, variando entre os tipos A e C, e duas tomadas de 115 V. Os sistemas de auxílio à condução também estão presentes, com piloto automático adaptativo (ACC), frenagem automática de emergência, alertas de tráfego cruzado dianteiro e traseiro, permanência em faixa, alerta de pontos cegos e retrovisor interno digital. Há também controles de reboque e estribos elétricos para o acesso e a saída da cabine.
A Ram promete ainda, para breve, uma opção de chave digital, com cartão físico e cartão virtual para ser usado nos apps de carteira dos celulares. Segundo a empresa, esse recurso chegará “em outro momento”, assim como poderá acontecer com uma terceira tela, à frente do passageiro da dianteira. O item seria instalado mesmo contrariando as normas do Contran. Mas viria desativado, podendo ser ativado, caso as regras mudem.
Assim como equipamentos, não falta espaço a bordo da 1500. Todos os ocupantes viajam com muito conforto, especialmente quem estiver nos bancos traseiros – que podem reclinar de forma mecânica. Atrás há espaço para três ocupantes nas três dimensões: para pernas, ombros e cabeça. O assoalho plano favorece, e também ajudam os itens de conforto como portas USB, porta-copos, saídas de ar-condicionado no console central e no chão, tomada e aquecimento dos bancos das extremidades.
A caçamba tem 1.200 litros de capacidade e pode levar até 557 kg – menos do que uma Fiat Strada. Há também os Rambox, compartimentos laterais da caçamba, com mais 107 litros em cada lado. Na caixa do esquerdo há uma tomada de 115 V. O foco da 1500, no entanto, é na capacidade de reboque (virtude muito apreciada nos EUA, onde é comum o consumidor carregar barcos, trailers e o que mais lhe dá na cabeça) e que pode ser de até 4,5 toneladas (a maior do Brasil).
A maior mudança, como já mencionado, está sob o capô. A 1500 troca o V8 Hemi de 400 cv e 56,7 kgfm e ganha o Hurricane 6, um 3.0 biturbo de seis cilindros em linha de 426 cv e 64,8 kgfm. Em conjunto com o câmbio automático de oito marchas, a picape de quase 2,7 toneladas vai de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos – a Limited fazia em 7,7 s (sempre de acordo com a fábrica).
Ainda na mecânica, a 1500 2025 tem tração 4×4 automática e agora cinco modos de condução: Automático, Reboque, Sport, Neve e Off-Road. A suspensão é a ar, como na antiga Limited, e tem cinco níveis de altura – cujos ajustes podem ser manuais por botões no painel, ou automáticos, seguindo os modos de condução ou o peso que a picape estiver carregando.
No modo Normal, o vão livre em relação ao solo é de 209 mm; no Aero, automático acima dos 100 km/h, a suspensão é reduzida em 15 mm; no Entry/Exit, para entrada e saída do veículo, é reduzida em 53 mm; no Off-Road 1 (que funciona até 65 km/h), o vão livre sobe 29 mm em relação ao Normal; já no Off-Road 2, são 51 mm a mais, mas este só funciona até os 40 km/h.
Puristas reclamarão, mas é fato que o motor de 6 cilindros deu nova vida à 1500, que está mais ágil e fácil de ser conduzida. As respostas do acelerador são rápidas e passam segurança pelo comportamento linear – assim como o ajuste mais direto da direção. Junto, o som do V8 não existe mais, mas houve um bom trabalho da marca para deixar o ronco do seis-cilindros suficientemente encorpado.
A promessa é de que a nova 1500 chegue às médias de 6 km/l na cidade e 7 km/l na estrada – consumo tecnicamente empatado com o da antecessora, com as médias de 5,5 km/l e 7,2 km/l, respectivamente. O tanque de combustível sustenta essa sede: tem generosos 125 litros.
A Ram 1500 está mais equipada, refinada e com desempenho digno de carros esportivos, provando que o V8 não fará falta. Mas o preço poderia ser um só para as duas versões, afinal os R$ 15.000 cobrados a mais pela Night Edition não se justificam, pelos diferentes itens de acabamento escurecidos.
Veredicto
A Ram 1500 mudou para melhor, mesmo com a saída do V8, que deixa saudades entre os puristas. Ela anda mais, está mais luxuosa e também está mais cara.
Ficha técnica – Ram 1500 Laramie
Preço: R$ 540.990
Motor: gas., diant., longitudinal, seis cilindros em linha, biturbo, 2.993 cm³, 24V, 426 cv a 5.200 rpm, 64,8 kgfm a 3.500 rpm
Câmbio: aut., 8 marchas, tração 4×4 automática
Direção: elétrica; diâmetro de giro, 14,1 m
Suspensão: a ar, duplo A (diant.), eixo rígido multilink (tras.)
Freios: a disco nas quatro rodas
Pneus: 275/70 R20
Dimensões: compr., 590 cm; larg., 206 cm; alt., 202 cm; entre-eixos, 367 cm; peso, 2.663 kg; caçamba, 1.200 l; capac. de carga, 557 kg; reboque, 4.490 kg
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 5,3 s; veloc. máx. de 180 km/h; consumo, 6 km/l (urbano) e 7 km/l (rodoviário)
*Dados de fábrica