Com o início das operações programado para o segundo semestre de 2022, o radiotelescópio BINGO (acrônimo para Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations) será instalado na cidade de Aguiar, no interior da Paraíba. Apelidado de “diamante do sertão”, BINGO representará um passo importante em termos de ciência e tecnologia para o país.
O principal objetivo do radiotelescópio será aprofundar a observação do universo a partir do céu brasileiro, segundo Elcio Abdalla, coordenador do projeto e professor do Instituto de Física da USP. A ideia é também contribuir para a comunidade científica com visões precisas obtidas a partir do hemisfério sul.
O BINGO foi financiado pela Fapesp e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, além da Finep e do governo do Estado da Paraíba. A primeira meta científica do radiotelescópio será encontrar ondas causadas por oscilações de bárions, o que, simplificadamente, pode permitir uma melhor compreensão da matéria que forma o universo, sobretudo o chamado Setor Escuro — que, segundo Abdalla, “é a maior parte do universo, compondo cerca de 95% dele, e sobre a qual nada sabemos.”
A tecnologia por trás do BINGO é inédita no Brasil, o que aponta para uma novidade bastante interessante para os fãs do espaço e para a comunidade científica. Um dos pilares que embasam o projeto é despertar a curiosidade e o gosto da população local por astronomia, por meio de visitas guiadas e educativas de escolas ou universidades. Além disso, BINGO pode estimular o turismo na região.
Ademais, sua construção e, mais tarde, sua operação, demandam uma mão-de-obra de altíssima especialidade em várias áreas, incluindo inteligência artificial e análise de dados — conhecimento que, mais tarde, pode ser usado também em outras áreas, a exemplo da economia.