Em 1979 uma menina de cinco anos simbolizou a ruptura do regime militar no Brasil ao não cumprimentar o general João Baptista Figueiredo, último presidente militar.
O fotógrafo Guinaldo Nicolaevsky registrou um dos mais raros momentos de transgressão durante o regime militar que vigorou no Brasil de 1964 até 1985: a menina Rachel Menezes Coelho de Souza negou-se a cumprimentar o general João Baptista Figueiredo.
Era setembro de 1979 quando Figueiredo viajou para Minas Gerais e resolveu cumprimentar alguns estudantes durante as tradicionais paradas cívico-militares muito comuns na época da ditadura. Ao estender a mão para a pequena Rachel, de cinco anos, Figueiredo recebeu um estrondoso cruzar de braços.
Naquele momento, o ato de Rachel foi simbólico para quem lutava contra a ditadura e ansiava por liberdade de expressão. Nicolaevsky teve a foto rejeitada pela redação de diversos jornais brasileiros. Como Figueiredo era um general linha dura, a foto só ganhou notoriedade quando correu o mundo, tornando-se o símbolo do desgaste do regime ditatorial no Brasil.
Durante muitos anos o fotógrafo Guinaldo Nicolaevsky procurou por Rachel; ele fez inclusive campanhas com amigos jornalistas e procurou a menina em escolas próximas à rua onde a imagem foi registrada, em Belo Horizonte. Somente trinta anos depois descobriria que Rachel não estudava por ali e só queria transmitir um recado ao presidente.
Rachel morreria em 11 de abril de 2015, aos 40 anos, em Belo Horizonte; o fotógrafo Guinaldo Nicolaevsky morreu em 2008 sem ter encontrado a mulher que, quando criança, se recusou a pegar a mão do maior político brasileiro da época.