Dos 22 novos senadores escolhidos nas eleições 2022, cinco fizeram parte do alto escalão do governo Jair Bolsonaro (PL): Rogério Marinho, Sérgio Moro, Damares Alves, Tereza Cristina e Marcos Pontes. Até o vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), foi eleito, pelo Rio Grande do Sul. Na Câmara Federal, o general Eduardo Pazuello chega para representar o Rio de Janeiro.
Durante a passagem pelos ministérios, conforme Franceli Stefani, do UOL, esses nomes foram cercados de polêmicas e até denúncias. Relembre como atuaram os ex-ministros:
Eduardo Pazuello
- Foi o segundo deputado federal mais votado pelo Rio, com 205.324 votos.
- Se tornou conhecido ao ocupar a Saúde no auge da pandemia, segundo Bolsonaro, pela sua experiência em logística.
- Em 2021, quando se tornou secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos, teve várias de suas decisões questionadas: houve confusão na entrega das primeiras doses da CoronaVac, demora na reação quando faltou oxigênio em Manaus.
Rogério Marinho
- Foi secretário especial da Previdência Social e ministro do Desenvolvimento Regional no governo Bolsonaro, entre 2020 e 2022. Agora, volta como senador pelo Rio Grande do Norte.
- Nome forte dentro do partido, chegou a ser cogitado a vice na chapa de reeleição.
- Quando foi secretário especial da Previdência Social, trabalhou pela Reforma da Previdência. A aprovação do texto na Câmara dos Deputados tornou Marinho uma peça essencial para o governo.
- O político também foi um dos responsáveis pela articulação da Carteira Verde Amarela, proposta que flexibiliza encargos trabalhistas. O projeto foi rejeitado na Câmara.
- Na pandemia, defendeu o projeto Pró Brasil, de investimentos públicos federais e foi criticado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Na época, Guedes chamou a proposta de “um novo PAC”, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento de gestões petistas.
Sérgio Moro
- Ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sérgio Moro (União Brasil) foi eleito senador pelo Paraná.
- Moro ficou conhecido por sua atuação na 13ª Vara Federal de Curitiba no âmbito da Lava Jato, operação contra a corrupção, e pelas decisões que resultaram na prisão de Luiz Inácio Lula da Silva.
- Recebeu “carta branca” do presidente para atuar contra a corrupção e o crime organizado. Era considerado um dos principais nomes do governo Bolsonaro.
- A relação de Moro com Bolsonaro, porém, se desgastou ao longo do mandato e o ex-ministro desembarcou do governo em abril de 2020. O ex-juiz pediu demissão após a exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Em coletiva de imprensa, acusou o presidente de interferir politicamente na PF.
Tereza Cristina
- Ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina (PP) foi eleita senadora por Mato Grosso do Sul.
- Ela apostou na entrega do título de propriedade rural a assentados — tema, inclusive, usado na campanha de Bolsonaro.
- Seus adversários ao senado tentaram contestar sua candidatura no TRE (Tribunal Regional Eleitoral), com acusações de abuso de autoridade.
Damares Alves
- A ex-ministra Damares Alves (Republicanos) foi eleita senadora pelo Distrito Federal com apoio da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
- Advogada e pastora, em 2018, foi confirmada como a titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
- Crítica do feminismo e da chamada “ideologia de gênero”, defendeu o programa Escola sem Partido — contra o que chama de doutrinação nas escolas. A proposta não avançou no Congresso.
- Damares também apoiou um projeto contrário ao aborto, não aprovado no Congresso, e atuou nos bastidores para impedir o aborto de uma criança de dez anos que havia sido estuprada, segundo o jornal Folha de S. Paulo. A gestação foi interrompida, sob críticas da então ministra.
- A senadora eleita é conhecida ainda por frases polêmicas ao longo de sua gestão, como “menino veste azul e menina veste rosa”.
Marcos Pontes
- Ex-astronauta e ex-ministro da Ciência e Tecnologia no governo Bolsonaro, Marcos Pontes foi eleito senador por São Paulo.
- À frente da pasta, Pontes travou disputas com a equipe econômica.
- Ele chegou a criticar abertamente as limitações impostas pelo orçamento proposto pelo governo federal e aprovado pelo Congresso para a pasta.
- Houve indisposição com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que se referiu ao astronauta como “burro”. Os congelamentos de verbas na ciência também foram criticados por grupos ligados a cientistas.
- Pontes investiu em pautas caras ao presidente, como a exploração de grafeno e nióbio pelo superlaboratório Sirius e a exoneração do físico Ricardo Galvão do comando do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) quando Bolsonaro questionou dados de desmatamento.
- Em entrevista à Rádio Senado, destacou o esforço para revitalizar o programa espacial brasileiro e a construção do satélite brasileiro Amazonia-1, contra o desmate.