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terça-feira 7 de fevereiro de 2023 às 12:17h

Quem são os diretores que definem a taxa Selic, do Banco Central, criticada por Lula

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Conforme reportagem de Plinio Teodoro, da revista Fórum, assim como o “mercado” é visto como uma espécie de “deus” que não é controlado por seres humanos – geralmente endinheirados e que buscam manter a estrutura da desigualdade social no mundo -, o Comitê de Política Monetária, o Copom, órgão do Banco Central que define a taxa básica de juros (Selic) tem sido retratado como um órgão “independente” diante da “autonomia” dada por Jair Bolsonaro (PL) ao BC e sem rostos.

A atuação do Copom, que manteve em 13,75% a taxa Selic na última reunião, vem sendo contestada publicamente pelo presidente Lula que, por sua vez, é atacado por colunistas e especialistas conclamados pela mídia liberal por uma suposta interferência na “autonomia” do BC.

Apesar do ocultamento feito pela mídia liberal, há, sim, nomes e rostos que assinam a ata do Copom, documento divulgado nesta terça-feira (7) pelo Banco Central após Lula classificar como “vergonhosa” a taxa de juros e que busca corroborar a decisão anunciada.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad afirmou que boa parte dos argumentos usados pelo Copom para manter a taxa de juros em 13,75% não diz respeito ao governo Lula.

“O que o BC disse, creio, faz mais referência ao legado do governo anterior do que às medidas que estamos tomando”, afirmou Haddad, lembrando que o compromisso é “o equilíbrio das contas”, herança da desastrosa condução econômica de Paulo Guedes no governo Bolsonaro e ressaltando que o BC “poderia ter sido mais generoso com as medidas que já tomamos”.

Na ata, o Copom diz que “o ambiente inflacionário ainda segue desafiador” – mesmo depois de Campos Neto estourar a meta da inflação nos últimos dois anos – e que “no âmbito doméstico, o conjunto de indicadores divulgados desde a última reunião do Copom segue corroborando o cenário de desaceleração do crescimento esperado pelo Comitê”.

“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”, diz a ata, sobre as metas de 5,6% para a inflação neste ano e de 3,4% para o próximo – leia a íntegra.

A decisão é assinada por Roberto Campos Neto, neto do ministro do Planejamento da Ditadura Militar, Robero Campos, que foi alçado por Jair Bolsonaro à presidência do Banco Central, e mais oito diretores do BC, sendo que ao menos quatro deles foram indicados pelo governo anterior, que tinha a política neoliberal de Paulo Guedes como norte. O voto de minerva é sempre de Campos Neto.

Os quatro indicados por Bolsonaro e Campos Neto com cadeira no Copom fizeram carreira no setor privado, sendo que dois deles ocuparam postos chaves no banco Itaú, uma das maiores instituições financeiras do país.

A formação e trajetória mostram alinhamento com o pensamento neoliberal, além da proximidade com Campos Neto.

São eles:

Bruno Serra Fernandes – Diretor de Política Monetária

Indicado por Jair Bolsonaro, Fernandes assumiu o principal posto da Política econômica do BC em março de 2019 e deve deixar o cargo no final deste mês. Antes, o economista formado no Ibmec em 1999 fez carreira na iniciativa privada atuando como estrategista no Banco de Boston e no Itau, onde chegou a sênor vice-presidente até sua ida para o Banco Central.

Diogo Abry Guillén – Diretor de Política Econômica

Indicado por Roberto Campos Neto para o lugar de Fabio Kanczuk, Diogo Abri Guillén assumiu a direção da Política Economica em novembro de 2021. Professor do Insper, o economista forma pela PUC-Rio é outro que fez carreira no mercado financeiro, iniciando a carreira na área de consultoria e atuando em instituições como a Gávea Investimentos, de Armínio Fraga, e o banco Itau, onde passou 6 anos e 7 meses chegando a economista-chefe, antes de assumir o cargo no BC.

Renato Dias de Brito Gomes – Diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução

Formado em Economia pela PUC-Rio, Brito Gomes chegou ao Banco Central juntamente com Abry Guillén, por indicação de Campos Neto. Ele assumiu a direção de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução em abril de 2022 após fazer carreira como professor e pesquisador no Brasil e no exterior

Fernanda Magalhães Rumenos Guardado – Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos

Nomeada por Jair Bolsonaro em julho de 2021, Fernanda Guardado tem mandato como diretora do Banco Central até 31 de dezembro deste ano. Formada em Economia pela PUC-Rio em 2001, ela também fez carreira no mercado financeiro como economista na Gap Asset Management, na Vinci Partiners, no Banco Brasil Plural e no Bocom BBM, de onde saiu para atuar na direção do BC.

Carolina de Assis Barros – Diretora de Administração

Graduada em administração de empresas pela Una, de Belo Horizonte, com mestrado em Administração e Políticas Públicas pela Universidade de York, no Reino Unido, Carolina de Assis fez carreira no Banco Central, onde entrou em 2000 como analista de orçamento, e foi nomeada diretora de Administração no governo Michel Temer (MDB), em abril de 2018.

Maurício Costa de Moura – Diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta

Formado em Administração pela Universidade da Amazônia (Unama) e mestre pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Maurício Moura está no Banco Central desde 2003, quando entrou como inspetor no Departamento de Supervisão de Bancos e Conglomerados Bancários (Desup) da Diretoria de Fiscalização (Difis). Desde 2017 atua como Diretor do Banco Central. Antes, foi Chefe de Gabinete do Diretor de Organização do Sistema Financeiro e do Presidente do Banco Central.

Otávio Ribeiro Damaso – Diretor de Regulação

Formado em Economia pela Universidade de Brasília e especializado em Matemática para Economia e Administração, Otávio Damaso tem uma trajetória em empresas públicas desde 1994, quando atuou como assessor econômico no Ministério da Agricultura. No Banco Central está desde 1998, com saídas para atuar no Ministério da Fazenda entre março de 2001 a maio de 2009. Atuou como chefe de gabinete da presidência até assumir como diretor de Regulação em abril de 2015.

Paulo Sérgio Neves de Souza – Diretor de Fiscalização

Formado Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc-SP), Souza é funcionário de carreira do Banco Central, onde entrou em 1998 e passou por diversos departamentos. Antes de entrar no BC, ele atuou no Banco do Brasil. Souza foi indicado por Temer, em 2017, para a diretoria da instituição.

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