Nascido em 9 de outubro de 1853 na vila de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, um dos pólos escravagistas do país, no norte do Rio de Janeiro, era filho do vigário da cidade, o cônego João Carlos Monteiro, e da jovem escravizada Justina Maria do Espírito Santo.
Fazendeiro, dono de muitos escravizados, vereador, deputado provincial e filiado à Loja Maçônica Firme União, seu pai era famoso pelas bebedeiras, jogatinas e aventuras sexuais. Teve inúmeros filhos com as escravizadas.
Justina, mãe de Patrocínio, foi entregue ao padre aos 12 anos, como presente de Emerenciana Ribeiro do Espírito Santo, fiel da paróquia de Campos, dona de escravos e, segundo acreditam os biógrafos, também amante do vigário.
Patrocínio aprende as primeiras letras e recebe certa proteção. Com permissão do pai – que não o reconhece como filho -, em 1868, com 14 anos, deixa o município de Campos e vai para a capital, onde começa a trabalhar como servente de aprendiz na Santa Casa de Misericórdia.
No Rio, com a ajuda do professor João Pedro de Aquino, entra para Faculdade de Medicina, no curso de Farmácia, formando-se em 1874. Para sobreviver, entretanto, passa a lecionar.
Em 1879, casa-se com uma de suas alunas, Maria Henriqueta de Sena Figueira, filha do capitão Emiliano Rosa de Sena, com quem tem quatro filhos: Marieta, Maceu, Job e José Carlos do Patrocínio Filho.
Jornalista e Político
Ainda estudante, em 1875, funda a revista satírica, Os Ferrões, que revela seu talento como polemista, que não poupa nem amigos nem aliados.
Dono de um texto requintado e viril, Patrocínio – que usava os pseudônimos Notus Ferrão, Justino Monteiro, Pax Vobis e Pombos Correios – se torna um articulista famoso em todo o país.
Lançou-se no jornalismo em 1877, como redator na Gazeta de Notícias, tendo a seu cargo a coluna Semana Parlamentar, que assinava como Prudhome.
Dois anos depois, iniciou nesse periódico a campanha pela Abolição, juntamente com outros jornalistas. Entre eles, Ferreira de Meneses, Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Ubaldino do Amaral, Teodoro Sampaio, Paula Nei, todos da Associação Central Emancipadora.
Em 1881, com dinheiro emprestado pelo sogro, compra seu jornal, o Cidade do Rio.
Mas todo o prestígio durante os últimos anos do Império, com a luta pela Abolição, decai após a Proclamação da República.
Proclamação do 15 de novembro de 1889
Sua atuação na Proclamação do 15 de novembro de 1889 não impede que seu jornal seja interditado e ele deportado para Cucuí, no Amazonas, sob acusação de ter participar de uma revolta contra o governo do marechal Floriano Peixoto.
Com o fim da Monarquia, o pioneiro “republicano” vê sua carreira ir ladeira abaixo.
Anistiado, um ano depois, retorna ao Rio de Janeiro e mantém seu jornal como um órgão de oposição até que, em 6 de setembro de 1893, acontece a Revolta da Armada, com a Marinha rebelando-se contra o marechal Floriano. Patrocínio publica um manifesto dos almirantes revoltosos e o presidente manda fechar seu jornal.
O jornal reabre em 1895, mas sete anos depois deixa de circular.