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quinta-feira 27 de setembro de 2018 às 11:54h

Quem foi Joaquim Roriz, o homem que mais vezes comandou o DF

POLÍTICA, RMS


O homem que comandou o Distrito Federal por 3.839 dias sucumbiu. Nesta quinta-feira (27/9), o coração de Joaquim Domingos Roriz parou de bater. A morte ocorreu no Hospital Brasília, no Lago Sul, onde o político de 82 anos tentava se recuperar de um grave quadro infeccioso que culminou em três paradas cardíacas e uma traqueostomia horas antes do falecimento. O ex-governador também lutava, havia anos, contra uma agressiva diabetes que, em agosto de 2017, obrigou médicos a amputarem dedos do pé esquerdo e parte da perna direita do ex-governador.

Além da doença, que eleva os níveis de glicose no sangue, Roriz sofria de problemas renais e Alzheimer. A perda das funções cognitivas contrastava com a eloquência do político, que, ao longo da carreira, notabilizou-se por discursos comoventes, especialmente para a população mais carente. A vitalidade de outrora deu lugar à rotina melancólica dos últimos anos. Em uma cadeira de rodas, com dificuldades para falar e submetido a três horas diárias de hemodiálise, Roriz levava uma vida reclusa em casa, no Park Way.

No auge da carreira pública, contudo, aparecia cercado de assessores, seguranças e políticos de menor expressão que queriam pegar carona em sua popularidade. O séquito foi, aos poucos, substituído. Os primeiros efeitos da diabetes deixavam o ex-governador fadigado, mas, mesmo assim, ele cultivava o hábito de reunir aliados, discursar e debater estratégias. No entanto, há cerca de cinco anos, o diagnóstico de Alzheimer tornou seu quadro clínico mais fragilizado e o afastou definitivamente dos holofotes.

Doente e debilitado, contava, no dia a dia, com o auxílio de um enfermeiro e da esposa, Weslian Roriz. Além das três filhas e dos quatro netos, poucos se dispuseram a visitá-lo no período de isolamento, quando suas faculdades mentais se esvaíram.

Quem conheceu Roriz intimamente recorda-se da facilidade que o ex-governador tinha de gravar nomes. Bastava uma conversa para memorizá-los, o que, não raras vezes, causava espanto aos interlocutores. Contudo, a doença neurodegenerativa e incurável roubou tal qualidade. Idoso e esquecido, chegou a não reconhecer a filha Jaqueline. Também não se lembrou de um ex-aliado, o ex-vice-governador e atual presidente do MDB-DF, Tadeu Filippelli.

Em seu último discurso para o público, em 4 de agosto de 2015, já demonstrava fraqueza. Ao receber do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) o título de cidadão honorário de Brasília, não teve forças para concluir a leitura de uma carta de agradecimento. A partir daquele dia, a família evitou que o patriarca do clã aparecesse diante de lentes e câmeras.

Político nato

O ex-todo-poderoso de Brasília viveu uma infância menos nobre. Nascido em 4 de agosto de 1936, em Luziânia, município goiano situado a 60km da capital federal, cresceu na propriedade rural da família, a Fazenda Palma, que tem como especialidade a produção de leite e seus derivados.

Filho do latifundiário Lucena Roriz e da dona de casa Jerzuleta de Aguiar Roriz, Joaquim cursou ciências econômicas na Universidade Federal de Goiás (UFG) e ciências jurídicas e sociais no então Centro de Ensino Unificado de Brasília (atual UniCeub). Apesar da formação acadêmica, Roriz enveredou para a política. Elegeu-se vereador aos 25 anos. Na ocasião, representou a cidade natal.

Depois da estreia, a ascensão foi meteórica. Ainda por Goiás, foi deputado estadual, deputado federal e vice-governador do estado no mandato do então governador Henrique Santillo. A relação de amor com Brasília começou a ser construída durante sua passagem pela Câmara dos Deputados, de 1982 a 1986.

Fincou raízes definitivamente na capital do país em 1988, quando o aliado de outrora Iris Rezende o indicou para ser governador biônico do Distrito Federal. Iris, à época, chefiava o Ministério da Agricultura e tinha uma aliança sólida com Roriz. O então presidente da República, José Sarney, aceitou o nome e deu a Joaquim Roriz a oportunidade de dirigir o Palácio do Buriti.

De vereador a governador

 

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