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quinta-feira 8 de fevereiro de 2024 às 14:19h

Quem é Valdemar Costa Neto, preso pelo mensalão e agora por posse de arma de fogo com registro irregular

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O presidente do Partido Liberal (PL) Valdemar Costa Neto foi preso em flagrante pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira por posse ilegal de arma de fogo. Valdemar foi personagem de destaque em eleições presidenciais, no esquema do mensalão, do qual foi condenado, no impeachment de Dilma Rousseff e na mudança para o outro lado do espectro político, quando apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 contra seu ex-aliado e atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As informações são de Laura Mariano, do jornal, O GLOBO.

Nesta quinta-feira, o ex-deputado federal por São Paulo foi alvo de um mandado de busca e apreensão em ação que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula e a abolição do Estado Democrático de Direito. Na ocasião, foi flagrado com uma arma com registro irregular. Na casa do dirigente do partido de Bolsonaro, também foi apreendida uma pepita de ouro bruta que será encaminhada ao Instituto Nacional de Criminalística (INC) da PF para ser periciada.

Mas esta não foi a única vez que o ex-deputado foi preso. Em agosto de 2005, Valdemar subiu na tribuna da Câmara dos Deputados para renunciar ao seu mandato parlamentar. O político foi o primeiro congressista acusado de envolvimento com o mensalão a perder o cargo, após as denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

O dirigente do PL foi convocado pelaCPI do Mensalão, quando assumiu ter recebido, dentro do esquema, R$ 6,5 milhões, entre fevereiro de 2003 e janeiro de 2004, para pagar dívidas de campanha presidencial de Lula, que tinha o senador José Alencar (PL-MG), falecido em 2011, como seu vice. Em seu discurso de renúncia, alegou ter sido “induzido ao erro”, mas garantiu que os recursos não eram destinados ao esquema de compra de apoio parlamentar para a aprovação de projetos do governo petista.

Costa Neto escapou da cassação do mandato pelo Conselho de Ética da Câmara ao deixar o cargo, e manteve seus direitos políticos. Foi reeleito em 2006 e em 2010, mas acabou condenado a sete anos e dez meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e teve sua prisão decretada pelo STF em 5 de dezembro de 2013. No mesmo dia, pediu ao deputado Luciano Castro (PR-RR) para ler no plenário sua segunda carta de renúncia de mandato em oito anos. Reconheceu “erros”, mas continuou negando os crimes.

Após onze meses detido, o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu o direito de o político terminar a pena em casa. Até então, Valdemar trabalhava durante o dia, em um restaurante em Brasília, e voltava para dormir na prisão.

Em 2016, já durante a discussão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Valdemar Costa Neto defendeu a manutenção do PL na base aliada da petista. Internamente, argumentou que a sigla “devia gratidão” ao PT pelo espaço que seu grupo político teve nas gestões federais do partido.

Essa articulação foi coordenada por Lula, que se reuniu com Valdemar às vésperas da votação pelo afastamento definitivo de Dilma, em agosto de 2016. Em maio daquele ano, o ex-deputado havia recebido o perdão de sua pena justamente por se enquadrar nas regras de um decreto editado pela presidente Dilma no fim de 2015.

Em 2013, Valdemar também sofreu investigação determinada pelo STF a pedido da Procuradoria-Geral da República, que viu indícios de participação do parlamentar em crimes apurados pela Operação Porto Seguro. Deflagrada pela Polícia Federal, a operação revelou o esquema de vendas de pareceres técnicos do governo a empresas privadas, com participação de agências reguladoras.

Já em 2015, o nome do político voltaria ao noticiário sobre a corrupção na política quando o empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, investigado pela Operação Lava-Jato, contou à polícia que o ex-deputado recebera R$ 200 mil “por fora” e R$ 300 mil em doações oficiais da empreiteira para “manter as portas abertas” com o PL, que à época comandava o Ministério dos Transportes, no governo Lula. Em 2020, Costa Neto se tornou réu por peculato, corrupção passiva e fraude a licitação, acusado de participar do esquema de superfaturamento nas obras do trecho da Ferrovia Norte-Sul (FNS).

Rusgas com o bolsonarismo

Em 2021, ao se filiar ao PL, Bolsonaro agradeceu a “confiança'” de Costa Neto. O ex-presidente disse à época ter “orgulho” de fazer parte da legenda, que integra o Centrão, bloco que ele criticou durante a campanha presidencial.

Costa Neto voltou recentemente a usar as redes sociais para comentar a repercussão dos elogios por ele feitos no fim do ano passado ao presidente Lula. Á época, o presidente do PL classificou o chefe do Executivo como “figura extremamente popular”, comparando-o ao antecessor Jair Bolsonaro. Foi criticado pelos bolsonaristas. Desta vez, porém, Costa Neto fez questão de frisar que Lula, embora “popular no passado”, “não chega aos pés do que Bolsonaro representa” hoje.

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