Às vésperas de completar 78 anos de idade, Joe Biden foi eleito neste sábado (7) e se tornou o presidente mais idoso de toda a história dos Estados Unidos. Com vasta experiência política, o democrata é formado em história, ciência política e direito. Ele foi vice-presidente de Barack Obama entre 2009 e 2017. Antes disso, entre 1973 e 2009, Biden exerceu seis mandatos consecutivos como senador do Estado de Delaware, onde viveu quase toda a sua vida. Esses anos foram antecedidos por uma tragédia pessoal: algumas semanas após a eleição, sua esposa Neilia e sua filha de um ano de idade Naomi foram mortas em um acidente de carro. Apesar de ter considerado renunciar ao cargo para cuidar dos outros dois filhos, Beau e Hunter, Biden acabou se tornando o sexto senador mais jovem do país. Ele se casou novamente três anos depois, com a atual esposa Jill.
Segundo a Jovem Pan, o seu desejo de se tornar presidente dos Estados Unidos é antigo. Biden concorreu à nomeação da sua chapa para as eleições presidenciais em 1988 e 2008, sem sucesso. Em 2016, ele desistiu da candidatura após a recente morte do seu filho Beau, aos 46 anos devido a um câncer no cérebro. Agora, ele chega ao cargo mais alto do país sendo considerado um democrata moderado, que acredita no valor do bipartidarismo e deve abrir diálogo com os republicanos, além de dar continuidade ao trabalho que foi feito durante o governo Obama.
AS PROPOSTAS DE JOE BIDEN
– Saúde
Suas propostas na área da saúde são os exemplos mais claros de dar continuidade ao trabalho que foi feito durante o governo Obama. Uma das prioridades de Biden é fazer com que o Affordable Care Act ou “Obamacare” alcance uma parcela ainda maior da população norte-americana. A lei federal controla os preços dos planos de saúde e torna os serviços mais acessíveis. Considerando o contexto atual, o democrata também prometeu agir diferente de Donald Trump no que diz respeito à pandemia de coronavírus: uma de suas promessas é a distribuição gratuita de testes e da futura vacina contra a Covid-19 pelo país.
– Economia
Para aplacar os efeitos econômicos do coronavírus, Biden pretende conceder empréstimos aos pequenos negócios e encaminhar mais dinheiro diretamente às famílias através do seguro social. Além disso, ele apoia o aumento do salário mínimo em nível federal para US$ 15 a hora, o que se tornou bastante popular entre os eleitores mais jovens. Também deve acontecer um aumento na taxação sobre os norte-americanos mais ricos, ou seja, que recebem mais de US$ 400 mil por ano. A ideia é que, quanto mais o indivíduo ganhar acima desse limite, mais impostos ele deverá pagar.
– Racismo
À luz das recentes manifestações contra o racismo estrutural nos Estados Unidos, Joe Biden afirmou durante a sua campanha que o problema deve ser lidado com programas econômicos e sociais que apoiem essas minorias. Por isso, ele afirmou querer criar um fundo de investimentos para negócios comandados por pessoas negras e também reformular a justiça criminal.
– Criminalidade
Essa transformação da justiça criminal se daria através da diminuição das penas, da implementação de programas de reabilitação para os presos e até mesmo da descriminalização da maconha. As propostas vão contra o posicionamento de Biden ao longo da década de 1990, quando ele defendia punições duras contra os criminosos no Senado. Por fim, o democrata também promete diminuir a criminalidade no país mudando as regras para compras de armas. Seriam implementadas verificações de antecedentes mais rígidas, além da proibição da venda online e da limitação do número de armamento por pessoa. Biden também quer proibir que qualquer pessoa condenada por um crime de ódio possa adquirir uma arma.
– Meio Ambiente
O mais novo presidente dos Estados Unidos também é um grande defensor das fontes de energia alternativas limpas: uma de suas maiores ambições é que o país se torne totalmente livre de emissões de gás carbono até 2050, plano que se for elevado adiante exigirá um investimento pesado em infraestrutura e desagradará as empresas de petróleo norte-americanas. Lembrando ainda que Biden ganhou as manchetes brasileiras ao falar em uma possível interferência contra as queimadas e a destruição da Amazônia.
– Política Externa
O posicionamento do democrata Joe Biden em relação à Amazônia e as emissões de gás carbônico demonstram a sua intenção de mudar a forma como os Estados Unidos se portam no cenário internacional daqui para a frente. Durante os últimos quatro anos, Donald Trump impôs o ideal do “America First”, que coloca o país em uma posição mais isolacionista e menos intervencionista. De acordo com o professor de Relações Internacionais da FAAP, Carlos Gustavo Poggio, o republicano, “como homem de negócios, tinha uma visão contábil das relações internacionais e não percebia os benefícios da liderança norte-americana no mundo”. Daí o afastamento de organizações mundiais como a ONU e a OTAN, criadas pelo próprio Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Com a eleição de Biden, é provável que agora o país tente reparar o relacionamento com outros países e instituições globais, além de reestabelecer algumas alianças estratégicas, principalmente com as nações europeias através do fim das políticas migratórias restritivas implementadas por Trump. No entanto, é consenso entre democratas e republicanos a necessidade de terminar com as chamadas “forever wars” e a visão da China como grande inimiga nacional, o que provavelmente se manterá nos próximos quatro anos.