Ex-presidente do Banco Central do Brasil, o economista Ilan Goldfajn, de 56 anos, será o primeiro brasileiro a presidir o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma das principais fontes de financiamento para o desenvolvimento econômico e social da América Latina e do Caribe.
A eleição aconteceu neste domingo (20), na sede do BID, em Washington, nos Estados Unidos, com delegações participando presencialmente e virtualmente.
Goldfajn foi eleito com 80,1% dos votos, derrotando os candidatos do Chile, México e Trindade e Tobago. A Argentina acabou desistindo da disputa antes do início da votação.
O candidato brasileiro teve o apoio de países com poder de voto relevante, como Estados Unidos, Argentina e Canadá. O nome de Goldfajn foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Quem é Ilan Goldfajn
Ilan Goldfajn é um brasileiro nascido em Israel. É formado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestrado na mesma área pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e doutorado pela Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Foi diretor de política econômica do Banco Central (BC) do Brasil de setembro de 2000 a julho de 2003. Em junho de 2016, assumiu a presidência do BC, após ter sido indicado pelo governo Michel Temer e ter sido aprovado em sabatina no Congresso.
Ficou no cargo até fevereiro de 2019, quando foi sucedido por Roberto Campos Neto, atual presidente, indicado pelo governo Jair Bolsonaro. Goldfajn chegou a ser sondado para continuar à frente do BC, porém preferiu deixar a autoridade monetária.
Durante sua gestão, Ilan, como é normalmente chamado, recuperou a credibilidade do Banco Central brasileiro, após interferências durante o governo de Dilma Rousseff. Recebeu, dentre outros, o prêmio de melhor banqueiro central do mundo pela revista britânica “The Banker”, do grupo Financial Times.
Foi durante sua gestão que a taxa Selic, considerada os juros básicos da economia, caiu de 14,25% para 6,5%. A autoridade monetária também conseguiu convergir a inflação para a meta, após o pico enfrentado durante a recessão de 2014-2016.
Ilan também foi o responsável pelo início da agenda BC+, uma agenda de reformas estruturais que busca modernizar o sistema financeiro, aumentar a competitividade do setor e dar maior transparência às ações do Banco Central. A atual gestão do BC dá continuidade a essa agenda.
Na iniciativa privada, foi economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco, economista e sócio da Ciano e da Gávea Investimentos e presidente do Conselho Consultivo do Credit Suisse Brasil.
Em organizações internacionais, foi economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) e mais recentemente era diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, tendo se licenciado do cargo para concorrer ao BID.
Foi, ainda, professor de universidades no Brasil e nos Estados Unidos, sendo também editor e autor de inúmeros livros e artigos.