Com o alívio esperado para a inflação nos próximos meses, é importante que os consumidores aproveitem da melhor maneira a eventual queda nos preços. Especialistas afirmaram ao CNN Brasil Business, que a cautela permaneça nos planos dos brasileiros, visto que é um momento que pode ser utilizado para aproveitar oportunidades, mas sem excessos.
Considerado uma “prévia da inflação oficial”, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) registrou queda de 0,73% em agosto, segundo divulgação do IBGE desta quarta-feira (24), a menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em novembro de 1991. No mês anterior, o índice havia subido 0,13%.
Em julho, o índice oficial já mostrava trégua, com queda de 0,68%, a primeira depois de 25 meses seguidos de alta de preços. No mês anterior, havia subido 0,67%.
Neste cenário, Rafael Monteiro Ue, especialista em investimentos, avalia que melhor a se fazer, em primeiro lugar, é quitar as dívidas. Uma vez que a taxa básica de juros está elevada – em 13,75% ao ano – Monteiro enxerga que é uma boa oportunidade para utilizar o valor economizado e desafogar o orçamento e evitar continuar pagando juros.
“Além disso, o consumidor pode investir o valor para uma reserva de emergência no intuito de um imprevisto possa recorrer a si mesmo”. Em seguida, Monteiro diz que, com as contas em dia, é possível pensar em consumir itens específicos que o consumidor deseja.
“Estando tudo okay com os itens anteriores, havendo um bem de consumo que teve redução do valor por conta dos cortes nos impostos feitos pelo governo federal, talvez valha a pena antecipar a compra desse bem para antes reajuste dele após a volta do imposto”.
Com os resultados do IPCA de julho, as perspectivas do mercado para o índice no país também estão sendo revistas. De acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (22), a expectativa de inflação para 2022 teve a oitava queda seguida e chegou a 6,82%. Anteriormente, a projeção era de 7,02%.
Já para 2023, a inflação apresentou a primeira queda no relatório desta semana, após 19 previsões seguidas de crescimento do indicador. Segundo o documento, no ano seguinte, a inflação deve ser de 5,33%.
Isabela Fontanella, consultora financeira, também recomenda que oportunidades e descontos sejam aproveitados, mas que o momento ainda não é bom para excessos.
“Se encontrar uma promoção de algum produto ou serviço que já gostaria de ter, vale a pena aproveitar esse momento. Mas eu recomendo evitar compras para além do programado só pela queda de preços”, afirma.
Fontanella explica que a cautela se da por conta das perspectivas de uma inflação que permanece acima do teto estabelecido pelo Banco Central (BC) para o ano que vem, mesmo após a primeira revisão divulgada no Boletim Focus.
Sobre possibilidades de investimentos, Rafael Monteiro diz que investimentos que devem ser beneficiados com a queda na taxa de juros prevista para meados de 2023 como, por exemplo, os pré-fixados, são interessantes, “mas é sempre importante consultar o especialista de investimentos do banco ou corretora pois ele conhece o perfil do cliente e pode auxiliar nesse sentido”.
Nesta terça-feira (23), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a inflação pode terminar o ano abaixo de 6,5%, mas que ainda não há motivos para celebração, pois a inflação continua persistente.