sábado 18 de janeiro de 2025
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sábado 18 de janeiro de 2025 às 08:07h

Quase 70% da população acredita que governo pode taxar o Pix, aponta Quaest

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A afirmação falsa difundida nas plataformas digitais de que uma portaria da Receita Federal, depois revogada pelo governo Lula, levaria à taxação de transações financeiras por Pix chegou à maior parte da população brasileira. Pesquisa Quaest divulgada nesta última sexta-feira (17) ajuda a dimensionar a propagação da fake news e a desconfiança em relação ao tema. Somam 67% os brasileiros que afirmaram acreditar que a gestão federal possa começar a cobrar imposto sobre modalidade de transferência e pagamento digital.

São apenas 17% os que disseram que o governo não vai fazer a taxação do Pix, enquanto 16% não souberam responder. O instituto ouviu 1.200 brasileiros presencialmente, em todas as regiões do país, entre os dias 15 e 17 de janeiro. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou menos.

Ainda segundo a Quaest, enquanto 87% dos entrevistados afirmaram ter escutado que o governo cobraria o imposto, fake news compartilhada ao longo das últimas semanas pela oposição, um índice menor de brasileiros relatou saber que o Palácio do Planalto desmentiu que haveria a taxação do Pix — 68% tiveram acesso à informação, enquanto 31% não ficaram sabendo do desmentido.

A norma previa a transferência semestral, para a Receita, de dados de transações das operadoras de cartão de crédito (carteiras digitais) e das fintechs para movimentações acumuladas acima de R$ 5 mil por mês para pessoas físicas. Isso valia para o Pix e outras formas de transferência de recursos. Antes, apenas bancos tradicionais eram obrigados a informar os dados.

A repercussão negativa da norma para ampliar a fiscalização, em meio à onde desinformação, levou o governo a suspendê-la. Segundo a Quaest, porém, apenas 55% dos entrevistados afirmaram que ficaram sabendo da decisão, contra 45% que não souberam da mudança. O Executivo pretende editar uma medida provisória (MP) para reforçar que não pode haver diferença no valor cobrado em Pix e em dinheiro, que está mantido o sigilo bancário dessa modalidade de transferência de recursos, e rechaçar a taxação do Pix.

Menções negativas

Nas redes sociais, o recuo acentuou o quadro desfavorável ao governo. Um levantamento também feito pela Quaest em diferentes plataformas, nos primeiros 16 dias de janeiro, mostra que, após a revogação, as menções negativas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva relacionadas ao tema ganharam ainda mais força. Se até a quarta-feira, antes do recuo, as menções negativas somavam 54% do total de citações às mudanças envolvendo o Pix, elas chegaram a representar 86% após a revogação da norma.

O monitoramento da Quaest apontou também que houve mais de 22 milhões de menções ao tema nas redes no dia 15 de janeiro, quando houve um pico de menções após a publicação de um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), em que o parlamentar sugere que a população poderia vir a ser tributada. No total, mais de 5,5 milhões de perfis únicos entraram no debate naquele dia, o que impactou cerca de 152 milhões de contas, segundo o levantamento.

Para o diretor da Quaest, o cientista político Felipe Nunes, o principal desafio do governo para os próximos dois anos é recuperar a credibilidade, criar expectativas que serão cumpridas e falar para fora de sua própria base. O também professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) avalia que houve atraso na entrada da gestão Lula no movimento de combate à afirmação falsa levantada pela direita de que haveria um aumento da tributação no país, ao mesmo tempo que a revogação da portaria da Receita Federal expôs fragilidades.

“Dada a pressão social e a incapacidade de pautar politicamente o governo, o governo optou por jogar água na fervura. Era o que a maioria das pessoas esperava depois de tudo o que aconteceu. Mas essa medida não vem sem custo. A revogação revelou a fragilidade do governo. Passou a impressão que o governo estava errado e que a oposição estava certa”, escreveu o cientista político em análise divulgada nas redes.

A performance da direita no debate foi alavancada pelo vídeo de Nikolas. O post teve 291 milhões de visualizações e foi mais visto que o vídeo do jogador Lionel Messi no Instagram comemorando a vitória na Copa de 2022 (206 milhões), o da atriz Fernanda Torres e sua vitória no Globo de Ouro (77 milhões), e do próprio presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, celebrando a vitória de 2024 (57 milhões). Felipe Nunes destaca que o conteúdo “conseguiu levar o assunto a um patamar histórico em termos de redes sociais”.

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