Quase 50 mil paulistanos anularam o voto para prefeito nas eleições deste ano por digitar o número 13, do PT, na urna eletrônica. O partido não tinha nenhum candidato disputando a Prefeitura da capital paulista nesta eleição e apoiava Guilherme Boulos, do PSol, na corrida eleitoral, que tinha como vice a petista Marta Suplicy.
Levantamento feito pelo jornal O Globo com base no Registro Digital de Voto (RDV), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrou que 48.121 eleitores digitaram 13 no campo destinado ao voto para prefeito. O saldo seria suficiente para levar Boulos em primeiro lugar para o segundo turno, já que a diferença entre o psolista e Ricardo Nunes (MDB) foi de apenas 25 mil votos no primeiro turno.
A zona eleitoral com percentual mais alto de votos para o 13 foi São Mateus, na zona leste da cidade, onde 1,3% dos eleitores digitou o número. Na sequência aparecem as regiões do Jardim Helena e Cidade Tiradentes, também na zona leste, onde 1,29% e 1,24% dos eleitores, respectivamente, anularam seus votos com o número petista. As três zonas deram vitória para Boulos no primeiro turno.
O candidato Pablo Marçal (PRTB) chegou a associar Boulos ao número petista em um debate televisivo. Na ocasião, o psolista se defendeu dizendo que seu número é 50.
Em nota enviada ao Metrópoles nesta quarta-feira (9/10), a campanha de Boulos atribuiu a provável confusão de parte do eleitorado às ações de Marçal.
“Guilherme Boulos foi vítima de inúmeras mentiras e fake news durante o processo eleitoral. A confusão de números provocada por Pablo Marçal durante os debates é apenas mais uma delas. Apesar das mentiras, estamos no segundo turno e vamos vencer a eleição”, disse a campanha.
Marçal também chegou a dizer que o número de Tabata Amaral (PSB) era 13, o que fez com que a adversária ganhasse na Justiça um direito de resposta nas redes do rival.
O 13 foi o segundo número mais digitado por quem anulou seu voto nesta eleição. Em primeiro lugar foi o 00, digitado por 258.805 eleitores. Em terceiro no ranking aparece o 22, número do PL de Jair Bolsonaro, escolhido por 18.897 paulistanos. O caso também indica que parte do eleitorado pode ter tentado votar em um candidato por associá-lo ao ex-presidente.
Nunes é o candidato oficial de Bolsonaro nesta eleição, mas o ex-presidente não participou de nenhuma agenda pública ao lado dele na campanha até agora. Pesquisas de intenção de voto do primeiro turno mostraram que parte do eleitorado favorável a Bolsonaro pretendia optar por Marçal no pleito.