Quase 2 mil candidatos que disputaram a última eleição municipal estão concorrendo por outra cidade neste ano, segundo levantamento feito pelo G1 com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A maioria das trocas aconteceu em cidades vizinhas e do mesmo estado. Mas houve também mudanças para municípios em outras unidades da federação. Praticamente todos saíram derrotados em 2016.
A troca mais frequente foi de Recife para Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana da capital de Pernambuco. Oito candidatos fizeram essa mudança desde a última eleição.
Outros sete deixaram Salvador para a vizinha Lauro de Freitas no período. Foi a segunda mudança mais frequente.
Ao todo, 238 estão se candidatando neste ano em um estado diferente do que disputaram em 2016.
São Paulo teve o maior número de trocas. Ao todo, 54 deixaram cidades no estado pelas de outra federação e 32 saíram de outros estados para São Paulo.
A troca mais frequente foi de municípios paulistas para mineiros, com 22 casos, e a segunda foi o inverso, com 15 registros.
Sobrevivência política
A troca de cidade é motivada pela busca de um melhor desempenho do candidato e do partido, afirma Luciana Santana, doutora em Ciência Política (UFMG) e professora na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
“A estratégia é de sobrevivência política tanto do candidato individualmente, quanto do partido para se manter com representação no município. Ou seja, o cálculo é eleitoral”, afirma a cientista política.
“Para candidatos (a) que tenham uma projeção política fora do município ou que já tenham alguma experiência prévia em cargos eletivos ou não eletivos, essa mudança tem menos custos políticos do que para candidatos novatos na política.”
Os números confirmam a análise, já que 96,7% dos candidatos que trocaram de cidade saíram derrotados da última eleição.
Ao todo, 1.824 candidatos trocaram de cidade. Desses, 1.764 não foram eleitos no último pleito.
A maioria, 1.189 candidatos (65%), terminou a última eleição como suplente. Ou seja, foram os vereadores não eleitos das coligações que conquistaram uma vaga nas câmaras municipais em 2016.
Outros 494 não se elegeram como prefeitos e vice-prefeitos ou foram vereadores derrotados que não fizeram parte de coligações vencedoras.
Outros cargos
Além de mudar de cidade, parte dos candidatos também trocou de cargo entre as eleições. Foram 222 mudanças ao todo.
A mais comum foi de vereador para prefeito, com 74 registros. A troca inversa foi a segunda mais frequente, com 52 casos.
Luciana Santana acredita que as os candidatos que mudam de cidade seguem uma estratégia partidária.
“Tem estratégias que podem ser de cunho pessoal ou do partido. Eu tendo a acreditar que, por serem candidatos que já disputaram a eleição, seja uma estratégia partidária”, afirma a cientista política.
“Isso significa que nessas mudanças pode estar sendo barganhado inclusive a disponibilização maior de recurso para esses candidatos para que eles efetivamente possam ter mais chances de serem eleitos.”