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A Quarta-Feira de Cinzas não apenas sinaliza o término das festividades carnavalescas, mas também inaugura um período significativo no calendário cristão: a Quaresma. Este intervalo de 40 dias, que se estende até o Domingo de Ramos, é considerado uma fase de preparação para a Páscoa, a mais importante celebração do cristianismo, que rememora a ressurreição de Jesus Cristo. Em 2025, essa celebração ocorrerá no dia 20 de abril. Tradicionalmente, o primeiro dia da Quaresma é marcado por práticas de jejum e abstinência de carne, refletindo um compromisso espiritual que é observado não apenas por católicos, mas também por devotos da Igreja Ortodoxa, anglicanos e luteranos. Além disso, o sincretismo religioso no Brasil confere à Quaresma representações em algumas religiões de matriz africana, evidenciando a diversidade cultural e espiritual que permeia o país.
A etimologia da palavra “Quaresma” deriva do latim “quadragesima dies”, que significa quadragésimo dia. Embora a origem exata desse período de 40 dias seja envolta em incertezas, muitos estudiosos e teólogos acreditam que sua instituição pode estar relacionada a eventos bíblicos que também duraram 40 dias. Exemplos notáveis incluem o jejum de Jesus no deserto antes do início de seu ministério, o dilúvio da Arca de Noé, a estadia de Moisés no Monte Sinai e a peregrinação do povo de Israel no deserto. Esses eventos não apenas estabelecem um padrão de 40 dias, mas também simbolizam a luta e a preparação espiritual que caracterizam a experiência cristã.
Durante a Quaresma, a prática de jejum, caridade e oração é incentivada, permitindo que os cristãos se dediquem à reflexão e à conversão espiritual. Este período é visualmente marcado pelo uso de vestimentas roxas pelos ministros da Igreja, uma cor que simboliza tristeza e dor, refletindo a seriedade do tempo litúrgico. As missas realizadas durante a Quaresma frequentemente incluem a imposição de cinzas nas testas dos fiéis, um ritual que perdura até o anoitecer. Este simbolismo é profundamente enraizado na tradição bíblica, onde a aplicação de cinzas sobre a cabeça era uma expressão de arrependimento e humildade diante de Deus.
A formalização da Quaresma como um período de preparação para a Páscoa remonta a aproximadamente 350 d.C.. Cerca de 200 anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a estabelecer práticas de preparação para a Páscoa, inicialmente limitadas a três dias de oração, meditação e jejum. Com o tempo, a Igreja expandiu esse período para os atuais 40 dias, solidificando a Quaresma como um tempo de introspecção e renovação espiritual. Assim, a Quaresma se tornou um componente essencial da vida cristã, convidando os fiéis a uma jornada de transformação e renovação, que culmina na celebração da ressurreição de Cristo.
