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segunda-feira 31 de outubro de 2022 às 17:01h

Qual o futuro do bolsonarismo após derrota na eleição?

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Conforme o BBC News, Jair Bolsonaro (PL) saiu derrotado em sua tentativa de reeleição. Mas os mais de 58 milhões de votos recebidos pelo capitão reformado, 15 governadores aliados a ele vitoriosos e mais de uma centena de parlamentares eleitos pelo PL para Câmara e Senado mostram que o bolsonarismo deverá seguir vivo nos próximos anos como uma das principais forças políticas do país.

O que esperar daqui para a frente? Como será a atuação da bancada bolsonarista no Congresso sob o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)? A direita terá capacidade de se manter coesa uma vez fora do Executivo? Conseguirá manter eventuais mobilizações nas ruas?

E Bolsonaro: permanecerá como principal líder do campo da direita, com aliados como Sergio Moro, Tarcísio de Freitas e Romeu Zema já sendo percebidos como possíveis sucessores do atual presidente e potenciais candidatos em 2026?

A BBC News Brasil ouviu o cientista político João Feres Júnior (UERJ) e a antropóloga Isabela Kalil (Fesp), estudiosos do bolsonarismo. E o deputado reeleito Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) e o cientista político Antônio Flávio Testa (UnB), apoiadores de Bolsonaro e pensadores da direita, para entender os rumos desse campo político nos próximos anos.

Os valores do bolsonarismo

“O bolsonarismo é algo complexo, não é simplesmente um discurso em torno de valores conservadores”, observa João Feres Júnior, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador da pesquisa qualitativa Bolsonarismo no Brasil, que ouviu 24 grupos focais com eleitores de Bolsonaro em seis Estados brasileiros em 2021.

“Esse núcleo é um deles — o dos valores da família, que congrega evangélicos e católicos conservadores. Mas há também o discurso da segurança e das armas, que congrega muita gente que tem admiração pelo militarismo. E tem o núcleo do discurso anticorrupção, mais ligado a um antipetismo radicalizado”, afirma o pesquisador.

Para além dos discursos que compõem o bolsonarismo, uma outra característica marcante deste campo político é sua estrutura de comunicação, avalia o cientista político.

“São redes sociais, canais de TV aberta e a cabo — Rede TV, Record, SBT, Jovem Pan — e um terceiro pilar são as igrejas evangélicas e movimentos conservadores da Igreja Católica, que servem como correia de comunicação para as mensagens bolsonaristas”, enumera.

“Então existe uma esfera comunicacional mais ou menos autônoma que Bolsonaro construiu em torno de si e que permite com que ele tenha resistido tanto tempo com uma popularidade tão alta.”

Luiz Philippe de Orleans e Bragança, herdeiro da família imperial brasileira e deputado federal por São Paulo reeleito com 79 mil votos, acrescenta a essa lista de valores da direita: a soberania nacional, o liberalismo econômico — com foco no estímulo à livre iniciativa e na diminuição do Estado — e uma defesa da liberdade da expressão que vê a atuação do Supremo Tribunal Eleitoral (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como “tirânica”.

Já Isabela Kalil, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp) e coordenadora do Observatório da Extrema Direita, cita a presença dos militares na política e o apoio do agronegócio como outras características importantes do bolsonarismo, mas defende que o traço mais marcante desse campo político é seu viés antidemocrático.

“O bolsonarismo representa um novo paradigma de política”, defende a antropóloga.

“De 1988 para cá, tínhamos um processo de ampliação do espaço democrático, um acúmulo de direitos, ainda que com desafios. O que temos agora é um novo paradigma em que, pela primeira vez, um político faz apologia à tortura, à ditadura militar e se coloca de maneira contrária às conquistas democráticas das últimas décadas. Então o bolsonarismo tem muitas faces, mas a principal é essa mudança de paradigma.”

As eleições de 2022 e a força da direita

Diante da expectativa de parte da esquerda de que Lula pudesse ser eleito já no primeiro turno, o país se deparou no 2 de outubro com uma realidade muito diferente: Bolsonaro com uma eleição bastante superior ao que sugeriam as pesquisas eleitorais e um forte resultado de candidatos apoiados por ele entre governadores, deputados e senadores.

“Essa eleição revelou que é preciso pensar o bolsonarismo como um fenômeno que transcende a figura de Jair Bolsonaro”, diz Kalil.

Ela cita como exemplo o número recorde de eleitos para o Congresso Nacional e assembleias com passagem pelas Forças Armadas e pelas polícias, grupo conhecido como “bancada da bala” — serão 103 representantes na próxima legislatura, entre deputados estaduais, federais e senadores, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz divulgado em 25 de outubro.

No Senado, ela chama a atenção para os ex-ministros de Bolsonaro que ganharam espaço — foram cinco: Damares Alves (Republicanos-DF), Tereza Cristina (PP-MS), Rogério Marinho (PL-RN), Marcos Pontes (PL-SP) e Sergio Moro (UB-PR) —, o que pode ser relevante no processo de indicação de futuros nomes para a Suprema Corte.

“O perfil da população brasileira é de fato conservador”, avalia Antônio Flávio Testa, professor da UnB (Universidade Brasília) e parte de um grupo de cientistas políticos que participaram da formulação da estratégia bolsonarista desde a eleição de 2018.

“Sempre foi assim, mas durante 25 anos houve um predomínio dos partidos de esquerda: o PT e o PSDB. Havia um constrangimento na população de colocar suas ideias, mas com a ascensão do mundo evangélico na política e de alguns partidos que ocuparam esse espaço, a partir de agora há uma configuração mais delineada de perfis políticos conservadores”, diz Testa.

Na última década, o PSDB era visto no debate político brasileiro como um partido de centro-direita, mas o bolsonarismo costuma classificar o partido social-democrata de FHC e Covas como de “esquerda”.

Coesão no Congresso é improvável

Diante da força revelada nas urnas e da capilaridade do bolsonarismo na sociedade, através de sua rede de comunicação própria e do apoio das igrejas, a dúvida agora é se essa coesão se mantém sem Bolsonaro à frente do Executivo federal.

Com relação ao Congresso, a avaliação é praticamente unânime: o bloco conservador tende a perder força sob Lula, com políticos do Centrão hoje alinhados a Bolsonaro migrando para a base do petista, por terem uma atuação mais fisiológica (isto é, baseada em interesses pessoais) do que ideológica.

O bloco formado por PL, PP e Republicanos, os três partidos do Centrão mais ligados a Bolsonaro, elegeu 187 deputados para a legislatura que tem início em 2023.

A título de comparação, o bloco de partidos de esquerda (PT, PCdoB, PV, PDT, PSB e Psol) elegeu 125 deputados. Para aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), por exemplo, são necessários três quintos dos votos dos deputados (308).

“Num governo Lula, a lógica fica muito diferente, porque o Centrão opera sempre na base do fisiologismo. Então duvido que o PL continue com unidade sob Lula eleito. O PL vai rachar no meio”, acredita João Feres Júnior, da Uerj.

“Lula está careca de saber que só se pode governar com maioria parlamentar e, se os hoje bolsonaristas forem brincar de fazer oposição, vão fazer isso do lado da política parlamentar que ganha menos recursos, que não ganho cargos, e o pessoal do Centrão é tradicionalmente atraído por esse tipo de coisa. Então duvido que se forme um superbloco contra o Lula.”

Parlamentar do PL, Orleans e Bragança também avalia que será difícil manter a unidade do partido que deu abrigo a Bolsonaro para as eleições de 2022, após o presidente deixar o PSL que o elegeu em 2018 e fracassar na tentativa de fundar seu próprio partido, o Aliança pelo Brasil.

“Não acho que [o PL] vai ter tanta unidade assim, vai perder alguns, não tenho a mínima dúvida. Só que não acho que vão ser muitos, acho que é uma parcela menor de perda, alguns que vieram da base da esquerda e que estavam na base da esquerda por conveniência também. Eles são fisiológicos, não são ideológicos”, avalia o deputado reeleito.

“Certamente que uma parte da direita é corrupta e vai se corromper e fazer alianças com o governo do Lula. Não tenha dúvida. Alguns líderes de partidos que fazem parte da coligação que tentou reeleger Bolsonaro têm tradição de acompanhar o poder. Por isso precisamos de uma direita ideológica. Isso faria bem até para a esquerda, pois o debate é produtivo”, acrescenta Orleans e Bragança.

Já Flávio Testa, da UnB e próximo ao bolsonarismo, reconhece que Lula é habilidoso em trazer parlamentares para o seu lado através da oferta de cargos, mas avalia que esse é um processo que leva tempo, devendo se consolidar mais para o fim do próximo ano.

“Nesse espaço de tempo, é muito possível que Lula sofra uma reação muito grande e haja até mesmo o encaminhamento de pedidos de impeachment”, diz o cientista político, lembrando que a Lava Jato conseguiu eleger nomes importantes como Moro e Deltan Dallagnol (Podemos-PR).

Testa pondera, porém, que Lula deverá ter um STF mais favorável a ele do que teve Bolsonaro.

Na sociedade, mobilização é incerta

Se no Congresso a expectativa é de que parte da força bolsonarista se dissipe em meio ao fisiologismo, na sociedade em geral, a potência da mobilização da direita mais radical agora de volta à oposição ainda é incerta.

“O Brasil tem uma capacidade instantânea de se mobilizar, mas tem uma doença política terrível que é a dificuldade de se manter mobilizado. Vimos isso naquela crise dos 20 centavos lá em 2013, 2014. Logo em seguida veio a Copa do Mundo e o país se desmobilizou”, diz Testa.

“Então vai ter que ter algum catalisador para fazer com que haja uma mobilização a favor ou contra o governo”, acrescenta. “Talvez a variável das redes sociais possa ajudar bastante, mas não podemos fazer uma previsão objetiva sobre isso ainda. Não sabemos.”

Para Luiz Philippe de Orleans e Bragança, o fato de o PL não ter poder sobre a mobilização das ruas é uma força, e não uma fraqueza do campo da direita.

“O PL não tem mobilização. Não é que nem o PT, que tem grupos vinculados ao PT, PCdoB e Psol que têm mobilização nas universidades, sindicatos vinculados, aquela coisa. O PL não tem nada e os parlamentares também não têm essa relação com movimentos organizados”, diz.

“Mas é isso que é o grande poder e é isso que a esquerda não está entendendo: que é espontâneo. Isso vai ser mantido exatamente porque o partido não está no comando, é um fluxo totalmente descentralizado, não coordenado e que não se controla.”

Já Isabela Kalil, da Fesp e do Observatório da Extrema Direita, avalia que é difícil prever a capacidade mobilização da direita e que ela vai depender de fatores como a própria atuação de Bolsonaro. Se ele conseguirá, por exemplo, manter sua base aquecida se optar por insistir em acusações de fraude sobre os resultados das eleições, a exemplo de Donald Trump nos Estados Unidos.

Quanto ao apoio evangélico, a antropóloga avalia que parte dele também pode deixar o âmbito do bolsonarismo após a derrota eleitoral do presidente.

“Parte dessa base conservadora e evangélica já esteve na base do PT. Então não há nada que indique que determinadas lideranças conservadoras vão de fato se colocar frontalmente como oposição ao governo de esquerda”, diz Kalil.

Ela observa que essa base se organiza em torno de temas específicos como a descriminalização do aborto, direitos da comunidade LGBTQIA+, a pauta da família e questões relacionadas ao campo da educação, que poderiam ser apaziguadas num governo Lula mais conservador.

A professora avalia que grupos como os armamentistas, militaristas e contrários às instituições devem permanecer fiéis a Bolsonaro. Mas ela observa que outros grupos que foram importantes no ciclo de mobilização da direita entre 2013 e 2016 perderam protagonismo, como os movimento de renovação política e da pauta anticorrupção.

Disputa pela liderança à direita

Com Bolsonaro fora da Presidência, a disputa pela liderança no campo da direita será inevitável, avaliam tanto Feres e Kalil, como Orleans e Bragança e Testa.

Mas dentro desta aparente concordância há visões distintas.

O pesquisador da Uerj, por exemplo, vê dificuldade para outro líder conseguir agregar os diferentes grupos da direita como conseguiu Bolsonaro.

Já o deputado do PL e o cientista político conservador da UnB veem o governo Bolsonaro como um governo “de transição” rumo ao predomínio da direita no país e avaliam que a liderança do campo poderá ser ocupada à frente por políticos em ascensão como o governandors eleitos em SP, Tarcísio de Freitas, e em MG, Romeu Zema.

“O Bolsonaro mostrou que há a possibilidade de fazer uma síntese, por mais que seja uma síntese altamente tóxica para a democracia brasileira. Só que isso funciona para ele muito bem porque, apesar dos seus múltiplos defeitos, ele é um cara carismático. Ele consegue se comunicar com o público dele de uma forma muito direta”, diz João Feres Júnior.

“Então você precisaria de uma pessoa que não só tivesse esse tipo de estratégia política na cabeça, mas tivesse também o carisma que ele tem, o que não é fácil.”

O cientista político avalia que Sergio Moro é um exemplo de político da direita com pretensões presidenciais que pode ter essa dificuldade de reproduzir a estratégia bem sucedida de Bolsonaro.

Para Feres, apesar de o presidente em fim de mandato ter idade para concorrer à eleição novamente em 2026, ele se elegeu em 2018 em circunstâncias muito específicas, no auge da Lava Jato e da “antipolítica”. Além disso, ele avalia que o presidente e seus filhos saem do governo um pouco “queimados” pelos diversos casos de possíveis crimes envolvendo a família revelados ao longo do governo e que poderão ainda ser investigados.

‘Governo de transição’

“Temos uma evolução e o presidente [Jair Bolsonaro] reflete ainda a transição de um modelo social-democrata, para um modelo democrata cristão liberal”, defende Orleans e Bragança.

“Se a vontade da direita é a vontade que será predominante em termos de estilo de representante, a sociedade ainda não está 100% lá em vários quesitos. No quesito econômico a sociedade não está vinculada a uma proposta 100% liberal. Eu sinto isso porque sou muito mais liberal do que a postura do governo”, diz o deputado, que vê criticamente a expansão do Auxílio Brasil sob Bolsonaro, por acreditar que a direita deve reduzir a dependência do Estado e estimular a livre iniciativa, e que a assistência social deveria ser restrita aos “incapazes”.

Para o parlamentar, há uma parcela do eleitorado que se sente melhor representada pela direita, mas que não está votando à direita devido ao perfil “antagônico” de Bolsonaro. Atualmente, ele não vê alguém eleitoralmente viável para ocupar esse espaço, mas avalia que isso poderá ser construído a partir de 2023.

“Talvez o Jair esteja construindo o Tarcísio para isso”, avalia. “Mas eu nunca vi direita que é todo mundo funcionário público, essa é minha crítica. São todos ex-políticos, ex-militares, ex-policiais, ex-burocratas. Isso é a direita? Pera aí! Que direita é essa?”, questiona.

O deputado, no entanto, vê dificuldade para alguém “de fora do sistema”, sem conhecimento da máquina pública ocupar essa liderança. “Tem que ser alguém que conheça o sistema. Só com a opinião pública, sem o controle da burocracia, não consigo ver possibilidade de vitória.”

‘Quem tem dificuldade para formar lideranças é a esquerda’

Flávio Testa, da UnB, também usa a expressão “transição” para falar do governo Bolsonaro.

“Depois do Bolsonaro vão surgir novos líderes, é natural isso. Quem tem dificuldade de formar lideranças é o PT e o Lula. Tem 50 anos que o Lula influencia a política brasileira e ele não deixa surgir nenhum sucessor”, diz o cientista político.

“A direita não tem essa dificuldade, então haverá novos líderes. Depende de ter um projeto que tenha credibilidade”, defende.

Ele cita Tarcísio de Freitas como exemplo. “Se fizer uma boa gestão em São Paulo, e é muito provável que ele vá fazer, porque ele é um grande tocador de obras, um grande executivo, ele pode se cacifar para ser um sucessor de Bolsonaro”, avalia.

“E outro é o Zema, que fez uma coisa impressionante lá em Minas Gerais, recuperou o segundo Estado mais rico do Brasil após gestões desastrosas do PSDB e do PT. Então ele tem um potencial muito grande. Ele é uma figura que não é um radical de direita, é um empresário, um empreendedor, um gestor. Então esse tipo de personagem pode sim comandar uma grande transformação desse país. E outros podem ainda aparecer por aí”, acrescenta Testa.

Questionado sobre a dificuldade que governadores do Sudeste enfrentaram desde a redemocratização ao ambicionar a Presidência — a exemplo dos tucanos José Serra, Geraldo Alckmin, João Doria e Aécio Neves —, Testa concorda que o histórico não é favorável.

“Mas o Brasil tem uma desigualdade regional imensa, então não há lideranças [nacionais] no Norte e Nordeste, tem algumas que aparecem no Sul e no Centro-Oeste. Então onde pode surgir alguma liderança com essa capacidade são nesses três grandes centros [Sudeste, Sul e Centro-Oeste]”, opina o cientista política ligado ao campo da direita. “Mas em quatro anos muita coisa pode acontecer, muita coisa pode mudar.”

Antibolsonarismo como força política

Embora o bolsonarismo deva seguir vivo no espectro político, a reação a ele também promete se tornar um elemento persistente da política brasileira, como aconteceu com o PT e o antipetismo.

Pesquisa Atlas divulgada em 24 de outubro, na semana anterior ao segundo turno, mostrava que, naquele momento, 27% dos brasileiros se diziam bolsonaristas, acima dos 21% que se declaravam petistas. Mas 45% se definiam como antibolsonaristas, acima dos 30% que se diziam antipetistas.

Para Isabela Kalil, no entanto, será preciso mais do que apenas o sentimento antibolsonarista da sociedade civil para pôr freio ao avanço da direita antidemocrática.

“Esse freio vai ter que passar por uma reconstrução da democracia e isso não tem só a ver com a sociedade civil. Uma das coisas que serão fundamentais é o Brasil como sociedade rever a questão da atuação dos militares na política”, defende a professora da Fesp, citando que isso já foi feito em outros países da América Latina que passaram por ditaduras militares.

“Outro elemento que eu destacaria é a questão das armas, que precisará ser repensada num processo longo. Mas o ponto é que apenas a sociedade civil não consegue colocar freios ao bolsonarismo, pois o bolsonarismo é um conjunto de avanços em termos institucionais e da sociedade civil. Então é preciso que as duas coisas sejam combinadas.”

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