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terça-feira 27 de junho de 2023 às 17:51h

Quais são as apostas da direita para ocupar ‘vácuo’ de Bolsonaro; veja a lista

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A possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) perder os direitos políticos até 2030 abre a disputa na direita pelo espólio do ex-presidente. Nomes como dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, despontam como fortes candidatos a ocupar o “vácuo” que poderá ser deixado pelo ex-chefe do Executivo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho “01″; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o general da reserva Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa derrotada nas eleições passadas, também são cogitados para substituir o ex-presidente no grupo bolsonarista em 2026.

Segundo reportagem de Natália Santos e Gabriel de Sousa, do Estadão, Bolsonaro pode ficar inelegível por oito anos em julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que terá continuidade nesta terça-feira, 27. A ação analisa a conduta dele no período pré-eleitoral, quando, em julho de 2022, se reuniu com embaixadores no Palácio da Alvorada. Na ocasião, o então presidente fez críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Corte eleitoral e ainda colocou sob suspeita o sistema eleitoral brasileiro, sem apresentar provas.

Para o doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), Leandro Gabiati, caso Bolsonaro fique ausente das urnas, não significará um ex-presidente fora das eleições. “Ele deixará de ser um candidato, mas passará a ocupar o espaço de um orientador político”, disse.

O papel dele, no entanto, precisará ser avaliado pelo futuro candidato da direita à Presidência, segundo o cientista político Thiago Valenciano, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “O sucessor de Bolsonaro deve ponderar o quão positivo é estar ao lado de Bolsonaro para angariar todos os votos e o quão positivo é estar distante do Bolsonaro para também não atrair uma rejeição.”

Veja os nomes cotados, citados por lideranças bolsonaristas e especialistas ouvidos pelo Estadão.

Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Nome mais citado entre políticos de direita como sucessor do espólio do ex-presidente, Tarcísio Gomes de Freitas é governador de São Paulo até 2026, com possibilidade de se reeleger até 2030. Ministro da Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro, foi indicado pelo ex-presidente para se candidatar ao governo paulista nas eleições do ano passado. Derrotou Fernando Haddad (PT) no segundo turno, com uma diferença de 2,5 milhões de votos.

O potencial de Tarcísio para a disputa à Presidência reside no fato de ele comandar o Estado mais rico do País, com R$ 317 bilhões de orçamento anual. Para o cientista político Thiago Valenciano, o governador precisa ter um bom desempenho à frente do Palácio dos Bandeirantes para que a sua possível candidatura seja competitiva. “Só há Tarcísio caso ele consiga fazer sucesso em São Paulo.”

Gabiati avalia que o governador de São Paulo, apesar de ter sido eleito na esteira do bolsonarismo, tem posição mais moderada, ao buscar diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em temas de interesse do Estado. “Ele é um candidato certamente conservador, mas é um político que desperta certas tradições com convenções políticas”, disse.

Romeu Zema (Novo)

Também no radar da direita, Romeu Zema, único governador do partido Novo, foi eleito para comandar Minas Gerais em 2018 e reeleito para o cargo em 2022. Nas duas vitórias para o segundo maior colégio eleitoral do País, teve o apoio de Jair Bolsonaro. Desde o início do governo Lula, Zema tentou se cacifar como líder da oposição sem “abraçar” o bolsonarismo. Em entrevista a uma rádio do Rio Grande do Sul, oito dias após os ataques de 8 de janeiro, Zema afirmou que o governo federal fez “vista grossa” às invasões e depredações das sedes dos Três Poderes para, segundo ele, se “posar de vítima”.

O cientista político Thiago Valenciano analisa que a falta de representação legislativa do Novo é um desafio para Zema chegar ao Planalto pelo partido. Para ele, o governador mineiro precisaria de um apoio externo em torno da candidatura. “Além do discurso, será necessária uma grande frente para disputar contra o governo Lula. Ele também precisa construir uma unanimidade na direita”, afirmou.

Michelle Bolsonaro (PL)

Desde a campanha presidencial do ano passado, na qual foi uma importante peça para a conquista de votos do eleitorado evangélico e feminino, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro começou a construiu um perfil que chamou a atenção do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O líder do partido viu nela um promissor capital político. Em fevereiro, Michelle assumiu a presidência do PL Mulher e começou a realizar compromissos políticos.

Para Thiago Valenciano, Michelle Bolsonaro seria uma importante aposta pelo seu sobrenome, que pode angariar votos de eleitores do ex-presidente. “Óbvio que o espólio eleitoral é grande e, assim, pode ser amplamente explorado. Enquanto País, há a tradição de famílias comandando o poder nacional.”

Já o cientista político Leandro Gabiati avalia que a ex-primeira-dama possui um capital político que vem sendo explorado pelo PL, mas que ainda representa um bolsonarismo que, segundo ele, perdeu o pleito de outubro por causa das posições radicais. “Ela mostrou um bom desempenho na campanha e colaborou para diminuir, talvez, a resistência do capital feminino a Bolsonaro. Mas ela ainda é uma Bolsonaro”, disse.

Flávio Bolsonaro (PL)

Dos três filhos de Jair Bolsonaro que possuem cargos políticos, o senador Flávio Bolsonaro é considerado com maior projeção para concorrer à Presidência. Senador da República desde 2019, é uma figura da oposição ao governo Lula presente em importantes colegiados do Senado. Ele é titular na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e suplente na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro.

Para Valenciano, Flávio, por herdar o sobrenome do ex-presidente e ocupar a cadeira na Casa, pode ser uma alternativa da direita para preencher o “vácuo” deixado por Bolsonaro. “Aponto que ele possa ocupar esse espaço do pai.”

Flávio foi cogitado para disputar a Prefeitura do Rio, em 2024, mas o nome dele foi barrado por Bolsonaro.

Braga Netto (PL)

O general da reserva Walter Braga Netto (PL) é outro apontado como possível sucessor do ex-chefe do Executivo. Vice na chapa derrotada nas eleições passadas, sempre foi considerado um “cumpridor de ordens”. No governo Bolsonaro, atuou como ministro da Casa Civil, em 2020, e da Defesa, em 2021.

Ele foi um dos poucos oficias militares da reserva que passaram pela gestão sem perder a confiança do então presidente e seus filhos. Em novembro passado, após o pleito, Braga Netto demonstrou simpatia pelo movimento que preparava um golpe. “Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar pra vocês agora”, disse o militar a simpatizantes que defendiam, na portaria do Palácio da Alvorada, uma intervenção militar. Declarações de apoio ao golpe e em defesa da ditadura podem afastar dele o eleitorado de fora do bolsonarismo.

No último dia 16, Braga Netto falou pela primeira vez como pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio, cargo para o qual tem o apoio de Bolsonaro.

Ratinho Jr. (PSD)

Seguindo uma linha mais moderada, o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), reeleito em 2022, é um nome que surge mais discretamente na disputa pelo espólio de Bolsonaro. Mesmo sendo filiado ao PSD, que faz parte da base do governo Lula com três ministérios, declarou apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno das duas últimas eleições presidenciais. Depois da vitória do petista, declarou que fará oposição ao governo, mantendo “relacionamento institucional”.

Ratinho Jr. se coloca como um “candidato do centro e do anti-extremismo” e pode ter o seu conhecimento nacional impulsionado pela fama de seu pai, o apresentador de televisão Carlos Massa, o Ratinho. “Em um País com fissuras e rupturas na democracia, o desafio dele é angariar esse eleitorado, além de popularizar o nome no País”, disse o cientista político Thiago Valenciano.

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