Um desafiador Vladimir Putin proclamou a anexação pela Rússia de uma faixa da Ucrânia em uma cerimônia pomposa no Kremlin, nesta sexta-feira (30), prometendo que Moscou vai triunfar em sua “operação militar especial” contra Kiev, mesmo com algumas de suas tropas enfrentando potencial derrota.
A proclamação do presidente russo de domínio sobre 15% da Ucrânia – a maior anexação na Europa desde a Segunda Guerra Mundial – foi firmemente rejeitada pelos países ocidentais e até por muitos aliados próximos da Rússia. Estados Unidos e Reino Unido anunciaram novas sanções.
Isso ocorre no momento em que as forças russas em uma das quatro regiões anexadas enfrentam o cerco por tropas ucranianas depois que Putin ordenou uma grande mobilização para levar centenas de milhares de homens russos ao front.
Em um dos discursos antiamericanos mais duros que ele fez em mais de duas décadas no poder, Putin sinalizou que está pronto para continuar a batalha por uma “Rússia histórica maior” usando quaisquer ferramentas que tenha à sua disposição e criticou o Ocidente como neo-colonial e satanista.
“A verdade está do nosso lado. A Rússia está conosco!”, disse Putin à elite política de seu país, que se reuniu em um dos maiores salões do Kremlin para assistir à assinatura do presidente de documentos anexando quatro regiões ucranianas.
Ele afirmou que os Estados Unidos abriram um precedente quando lançaram duas bombas atômicas no Japão em 1945, mas não chegou a emitir novos alertas nucleares contra a própria Ucrânia, algo que ele fez mais de uma vez nas últimas semanas.
A cerimônia culminou com o líder de 69 anos cantando “Rússia Rússia!” ao apertar as mãos das quatro autoridades apoiadas pela Rússia das regiões as quais a Ucrânia está lutando para reconquistar.
Putin disse que a Rússia e as quatro regiões derrotarão a Ucrânia juntos.
“As pessoas que vivem em Luhansk, Donetsk, região de Kherson e região de Zaporizhzhia estão se tornando nossos compatriotas para sempre”, declarou Putin, referindo-se às quatro regiões ucranianas que ele disse que a Rússia estava anexando.
“Vamos defender nossa terra com todas as nossas forças e todos os nossos meios”, afirmou ele, pedindo que “o regime de Kiev cesse imediatamente as hostilidades e retorne à mesa de negociações.”
O presidente ucraniano, Volodymr Zelenskiy, falando em Kiev depois de Putin, disse que está pronto para negociações de paz se e quando a Rússia tiver um novo presidente e anunciou que a Ucrânia está solicitando formalmente a adesão rápida à aliança militar da Otan, algo que Moscou se opõe ferozmente.
Zelenskiy e o Ocidente condenaram os referendos que Moscou realizou nas quatro regiões ucranianas como fraudes ilegais. De acordo com a Rússia, as votações mostraram grande apoio à adesão, enquanto várias dezenas de ucranianos entrevistados pela Reuters na semana passada disseram que apenas as pessoas que eles descreveram como “colaboradores russos” votaram, com a maioria das pessoas boicotando-as.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou o que chamou de “tentativa fraudulenta” da Rússia de anexar território ucraniano soberano, que ele disse ser uma violação flagrante do direito internacional, e que novas sanções dos EUA prejudicarão aqueles que forneceram apoio político ou econômico à iniciativa de anexação.