Segundo o RFI, o presidente russo, Vladimir Putin, comemora 70 anos nesta sexta-feira (7), celebrado por autoridades do país, mas isolado diplomaticamente e enfrentando reveses na ocupação da Ucrânia. O aniversário acontece no mesmo dia em que o Prêmio Nobel da Paz homenageou o dissidente bielorrusso preso Ales Beliatski, a ONG russa Memorial dos Direitos Humanos e Centro Ucraniano para as Liberdades Civis.
Na Rússia, a elite do país promoveu uma enxurrada de homenagens a Putin, sem se referir às recentes derrotas militares russas na frente ucraniana ou ao crescente isolamento de Moscou, alvo de severas sanções do Ocidente.
“Deus o colocou no poder para que possa cumprir uma missão de particular importância e de grande responsabilidade pelo destino do país e de seu povo”, declarou o patriarca Kirill, à frente da poderosa igreja ortodoxa russa desde 2009. Ele pediu orações pela saúde do presidente e saudou um “líder nacional, leal a sua pátria”.
Kirill também desejou a Putin, no poder há mais de 22 anos e que pode ficar até 2036, “força física e moral por muitos anos”. O patriarca colocou a igreja a serviço do Kremlin e já havia descrito Putin como um “milagre”, em 2012. Ambos compartilham a ambição de uma Rússia conservadora e concordam em denunciar o “declínio” moral do Ocidente, devido à promoção do movimento LGBTQIA+.
Sem festas públicas
Ao longo destes anos, Putin comemorou o aniversário na maioria das vezes indo a São Petersburgo (noroeste), sua cidade natal, sem festas públicas. É na antiga capital imperial que ele se reúne nesta tarde com os líderes dos países da Comunidade de Estados Independentes, organização que reagrupa vários países da ex-URSS, para uma “cúpula informal”, segundo o Kremlin.
Antes desta reunião, vários presidentes dos países da CEI já enviaram mensagens de cumprimentos a Putin: o tadjique Emomali Rakhmon saudou um “líder forte e sábio”, enquanto o presidente do Quirguistão Sadyr Japarov lhe deseja “saúde e sucesso robustos”.
O autoritário líder checheno Ramzan Kadyrov postou uma mensagem no Telegram elogiando o “líder de um povo inteiro” e “uma das personalidades mais influentes e destacadas dos tempos contemporâneos”. Kadyrov, próximo de Putin e acusado de múltiplos abusos na Chechênia, foi promovido ao posto de coronel-general na quarta-feira por Putin, no dia de seu próprio aniversário.
O presidente da Câmara baixa do parlamento, Vyacheslav Volodin, publicou um retrato desenhado do presidente russo no Telegram, proclamando: “se há Putin, há a Rússia”.
“Grande Rússia”
Os líderes dos territórios ucranianos anexados por Moscou também enviaram seus cumprimentos. O líder separatista Denis Pushilin expressou sua “tremenda gratidão” pela ofensiva contra a Ucrânia.
Na semana passada, o presidente exigiu a anexação de quatro regiões ucranianas ocupadas, pelo menos em parte, por tropas russas.
Em princípio, as autoridades russas nunca criticam Vladimir Putin, mas recentemente surgiram sinais de descontentamento na elite russa por causa das derrotas na Ucrânia, sem questionar os méritos do ataque.
Ramzan Kadyrov criticou o comando militar após a perda de Lyman, no leste, e um alto funcionário parlamentar, Andrei Kartapolov, pediu publicamente ao Exército que “pare de mentir” sobre seus contratempos.
Vários funcionários também criticaram a forma caótica como a mobilização decretada por Vladimir Putin é realizada – sem, no entanto, atacar o chefe de Estado. Essa mobilização empurrou dezenas de milhares de russos para o exílio.
Com informações da AFP