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quarta-feira 12 de outubro de 2022 às 12:47h

PT tenta atrair Eduardo Leite para oposição a Bolsonaro no Rio Grande do Sul

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Sem alimentar grandes expectativas de uma declaração de voto do ex-governador Eduardo Leite (PSDB) no ex-presidente Lula (PT), lideranças petistas no Rio Grande do Sul tentam atrair o tucano para uma postura mais clara de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Até agora, buscando disputar o eleitorado bolsonarista com o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), Leite tem evitado acenos a Lula e críticas explícitas a Bolsonaro, sob o argumento de que nenhum dos presidenciáveis “resolverá os problemas dos gaúchos” por conta própria.

Na tentativa de criar um ambiente propício para que Leite manifeste críticas a Bolsonaro, representantes de siglas como PT e PCdoB declararam apoio ao tucano nesta terça-feira sob a bandeira da defesa à democracia, associando Onyx aos ataques às instituições promovidos pelo atual presidente. O ex-governador Olívio Dutra (PT), superado na corrida ao Senado neste ano pelo vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), abriu seu voto em Leite em entrevista à colunista Rosane de Oliveira, do jornal Zero Hora.

A ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) também pregou voto no candidato do PSDB nesta terça, em uma rede social, e argumentou que “anular o voto não constrói uma alternativa popular”.

O diretório gaúcho do PT divulgou uma resolução na segunda-feira pregando “nenhum voto em Onyx”, mas sem pedir apoio explícito a Leite. Outro ex-governador petista, Tarso Genro, que já havia declarado voto no tucano na última semana, reiterou nesta terça, ao elogiar o posicionamento de Manuela, que “não é questão (de eleger) o menos pior”, mas sim “qual a maneira mais forte de votar para um fascista não vencer”. Onyx avançou ao segundo turno gaúcho na liderança, com 37,5% dos votos válidos, enquanto Leite teve 26,8%.

O PT, que chegou a ter a maior votação no primeiro turno presidencial de 2010 e 2014 no Rio Grande do Sul, quando a candidata era Dilma Rousseff, sonha em estreitar ainda mais a distância de Bolsonaro para Lula no estado. Neste ano, Bolsonaro teve 48,8% dos votos válidos dos gaúchos no primeiro turno, pouco menos do que os 52,6% que teve em 2018. Lula apareceu com 42,2%, quase o dobro da votação de Fernando Haddad (PT) no estado há quatro anos.

Ao jornal O Globo, Olívio Dutra disse não “pleitear” uma declaração de Leite sobre a eleição presidencial, citando que a resolução da comissão executiva do PT gaúcho, da qual o ex-governador petista não faz parte, “nada informa sobre qualquer reunião ou proposta a esse respeito” com o tucano. Dutra, por outro lado, reforçou o discurso adotado por petistas de que um posicionamento de Leite em defesa da democracia, lido nesse contexto como uma contraposição a Bolsonaro, repararia o que considera uma “grave omissão”.

— Voto no candidato Leite mantendo a crítica que sempre tivemos a suas políticas neoliberais, mas por entender que a questão maior nesse momento é a defesa da democracia, ameaçada constantemente pelo presidente que tenta a reeleição. O perfil do candidato Leite, diferente de seu oponente, é de um adversário civilizado, e não truculento, preconceituoso ou negacionista. Para a situação de risco que vive nossa democracia, isso não é qualquer coisa — disse Dutra.

No primeiro debate entre Onyx e Leite, transmitido pela TV Band na segunda-feira, o ex-governador tucano priorizou críticas à trajetória política do candidato do PL e, ao tratá-lo como pouco qualificado, chegou a elogiar o diálogo com “bons ministros” do governo Bolsonaro, citando os antigos titulares das pastas da Infraestrutura, Tarcísio Freitas (Republicanos), e da Agricultura, Tereza Cristina (PP). Tarcísio disputa o segundo turno pelo governo de São Paulo contra o petista Fernando Haddad.

O deputado estadual eleito Leonel Radde (PT), egresso da Polícia Civil e que se apresenta como “policial antifascista”, avalia que um posicionamento de Leite sobre riscos à democracia, mesmo sem detalhar sua preferência na disputa presidencial, “é a fala esperada neste momento”.

— Esperamos a postura de um democrata, que reconheça que os ataques recentes às instituições colocam nossa democracia em risco. Seria uma fala muito mais nesse sentido do que um posicionamento eleitoral — afirmou Radde, que também explicitou seu voto em Leite nesta terça.

Petistas que cobram uma declaração favorável a Lula admitem que o apoio não necessariamente precisa vir de Leite, mas pode vir de partidos aliados do PSDB gaúcho, como MDB e PSD, que têm diretórios regionais próximos ao PT em outros estados. O candidato a vice de Leite, Gabriel Souza (MDB), fez campanha alinhado à senadora Simone Tebet (MDB), que declarou apoio a Lula neste segundo turno. O MDB, contudo, está rachado no Sul: parte das lideranças apoia Bolsonaro, e Leite ainda tenta evitar que essa ala declare voto abertamente em Onyx.

Candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul, e superado por Leite por apenas dois mil votos na disputa por vaga no segundo turno, Edegar Pretto afirma que percorrerá o interior estado buscando apoios a Lula de lideranças locais de partidos que apoiaram Tebet ou Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno. O PDT gaúcho fechou apoio a Leite no segundo turno.

— Quero motivos (para declarar voto em Leite). Ele me telefonou e disse que manterá neutralidade num primeiro momento. Respondi que, nesse caso, também me manterei neutro, mas seguindo a decisão do PT de não dar nenhum voto a Onyx. Esperamos chegar a um segundo momento. Qual é o gesto dele para Lula? Todos os aliados dele vão manter neutralidade também? — questionou Pretto.

Entre os partidos na aliança de Leite, lideranças de PSD, como a ex-senadora Ana Amélia, e do Podemos, como o senador Lasier Martins, já declararam voto em Bolsonaro. Lasier, por sinal, também declarou apoio a Onyx. O União Brasil, outro partido na coligação do tucano, e que liberou seus diretórios no segundo turno, tende a evitar um alinhamento pró-Lula no Sul.

Já entre as lideranças do MDB, ex-governadores como José Ivo Sartori, Pedro Simon e Germano Rigotto, que se mantêm neutros no segundo turno presidencial, ainda hesitam em entrar no palanque do próprio Leite. O partido historicamente sempre teve candidatura própria no estado, e houve incômodo pela movimentação de Leite para atrair a sigla para sua chapa, indicando Souza como vice.

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