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domingo 10 de março de 2024 às 08:55h

PT racha em cinco capitais em meio a dilema sobre candidatura própria ou composição com aliados; saiba quais

ELEIÇÕES 2024, NOTÍCIAS


A pouco mais de sete meses das eleições municipais, o PT enfrenta um cenário de indefinição e brigas internas em ao menos cinco capitais do país por divergências que contrapõem interesses locais e alianças nacionais. São elas Curitiba, Fortaleza, Belém, Maceió e Campo Grande.

Na capital paranaense, o impasse gira segundo Luísa Marzullo, do O Globo, em torno do deputado federal Luciano Ducci (PSB), que comandou a cidade entre 2010 e 2013. O PT costura um apoio ao parlamentar, integrante do partido do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o que desagrada a uma ala do partido que defende candidatura própria.

A reação é puxada pela deputada federal Carol Dartora e pelo deputado estadual Renato Freitas, que querem o nome da parlamentar como cabeça de chapa. Primeira negra eleita para a Câmara Federal pelo estado, a petista afirma ser vítima de violência de gênero e racismo político.

Indefinições e disputas no PT para a eleição municipal

  • Curitiba: O PT costura apoio ao deputado federal Luciano Ducci (PSB), mas uma ala do partido defende candidatura própria e quer lançar a também deputada federal Carol Dartora.
  • Belém: Oficialmente, o PT indica que apoiará a reeleição de Edimilson Rodrigues (PSOL). Uma ala, no entanto, prefere seguir com o MDB, que articula o lançamento de um candidato.
  • Maceió: O presidente estadual do PT, Ricardo Barbosa, é pré-candidato, mas parte de seus correligionários quer apoiar o nome a ser lançado pelo senador Renan Calheiros (MDB ).
  • Fortaleza: O presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, trava uma disputa com a deputada federal Luizianne Lins pelo posto de candidato à prefeitura.
  • Campo Grande: A deputada federal Camila Jara é pré-candidata, mas o grupo do também deputado federal Vander Loubert quer compor com o União Brasil
 — O PT firmou compromisso sem conversar com os principais parlamentares de Curitiba. Ducci já foi prefeito e fez um mandato ruim. Para fazer um enfrentamento direto com a extrema-direita, precisamos de uma candidatura mais representativa, e não de alguém que já esteve ao lado deles — diz Carol Dartora.

Segundo a deputada, sua candidatura teria o apoio de partidos como PSOL e PCdoB, com os quais Ducci também diz estar dialogando. Ao jornal O Globo, o ex-prefeito afirmou ter interesse de construir uma frente ampla da esquerda na capital paranaense.

— Estamos conversando bastante com partidos da frente ampla de Lula, a federação PT-PCdoB-PV, PDT, PSOL e Rede. Claro que cada partido tem sua própria discussão interna, mas estamos tentando construir uma candidatura única para ter uma melhor condição eleitoral — afirma Ducci.

Em Belém, oficialmente o PT indica que apoiará a reeleição de Edmilson Rodrigues (PSOL), que tem a gestão mal avaliada. Mesmo assim, parte da legenda defende fidelidade ao prefeito por ter três secretarias e a vice da gestão.

Outra ala, contudo, avalia que o desgaste de Edmilson é grande e prefere seguir com o MDB do governador Helder Barbalho. Ele articula a candidatura de seu primo, o deputado federal José Priante (MDB).

Edmilson acumulou uma dívida superior a R$ 15 milhões com as concessionárias responsáveis pela coleta de lixo de Belém, o que gerou irregularidade no atendimento. Em alguns pontos da cidade, detritos ficaram empilhados nas calçadas. Também são alvos de críticas a falta de medicamentos, leitos e remédios nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e o atraso nos salários dos servidores, que ocasionou greves.

Em cima do muro

Já em Maceió, o PT tenta se equilibrar entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB). Uma alternativa defendida por parte dos petistas é apoiar o nome a ser lançado por Calheiros, ainda não definido, para disputar com o atual prefeito, João Henrique Caldas (PL), apoiado por Lira. No momento, contudo, o ex-deputado Ricardo Barbosa, presidente estadual do PT, é o pré-candidato da sigla na capital alagoana.

— Nós compreendemos que a federação (PT-PV-PCdoB) fez parte do grupo político que elegeu (o governador) Paulo Dantas (aliado de Calheiros) e Lula. Estamos sempre procurando fortalecer este bloco, a fim de chegar a uma candidatura que unifique, e porque não poderia ser a minha própria? — indaga Barbosa.

A deputada federal Camila Jara enfrenta um dilema parecido em Campo Grande. Já se lançou pré-candidata, mas há no partido quem a pressione a deixar a disputa. Esta “oposição” tem como líder o também deputado federal Vander Loubert, que deseja compor com o União Brasil, acreditando que uma aliança com um partido mais ao centro seria uma alternativa melhor para bater de frente com o bolsonarismo local, representado pelo líder da bancada da bala, Marcos Pollon (PL). Camila minimiza o impasse:

— Vander ficou preocupado com o bolsonarismo, mas agora está mais calmo. Estamos em articulação com o PSB e abrimos uma frente com o PDT.

No Ceará, a briga na família Ferreira Gomes, que movimentou a política local nos últimos meses, também provoca indefinições para o PT. Após ter rompido com o irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, o grupo do senador Cid Gomes deixou ou tenta deixar o PDT.

O primeiro a sair foi o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, que, diferentemente de Cid, que está no PSB, foi para o PT. Ele trava uma disputa com a deputada federal Luizianne Lins pela cabeça da chapa do partido em Fortaleza .

Próximo a Cid, Leitão tem ainda aliados no governo federal, como o ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Ceará. Em janeiro, quando o presidente esteve na capital, recepcionou-o no aeroporto, enquanto Luizianne sequer compareceu ao principal evento.

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