Conhecido pelo debate interno acalorado que adia a tomada de decisões, o PT enfrenta dificuldades para definir as candidaturas nas capitais do País para as eleições de 2024 — o que ameaça o objetivo da própria sigla de definir o maior número número de pré-candidatos até o fim do mês, antes da Conferência Eleitoral marcada para 8 e 9 de dezembro.
Nesta última segunda-feira (6) de acordo com Eduardo Gayer, do jornal O Estado de S. Paulo, o grupo de trabalho eleitoral (GTE) se reuniu das 10 às 16 horas e fez uma “varredura” do cenário político de cada capital, mas a deliberação cabe aos Diretórios Municipais. Ainda assim, houve na reunião uma série de “encaminhamentos”, como a tendência de o partido, de fato, negociar as vices dos prefeitos Eduardo Paes (PSD), do Rio, e João Campos (PSB), do Recife, pré-candidatos à reeleição.
De acordo com o coordenador do GTE do PT, senador Humberto Costa (PE), a reunião desta segunda-feira foi “boa” e o partido tem um cenário “interessante” no País, à exceção da região Norte, “onde a situação é muito difícil”.
“No Rio, a primeira opção é de apoio ao Eduardo Paes, mas obviamente condicionando à indicação do vice. Mas ainda não houve plenária para fechar essa posição”, declarou à Coluna. “Hoje foi uma troca de informações para fazer o debate com a federação e demais partidos”. O secretário de Assuntos Federativos do governo Lula, André Ceciliano, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), é cotado para a chapa de Paes, que, no entanto, já sinalizou a preferência de um nome mais de centro.
O desenho para o Rio é semelhante ao do Recife: negociar a vice de João Campos (PSB), que venceu em 2020 com Isabella de Roldão (PDT) como companheira de chapa. Em São Paulo, o PT já formalizou o apoio a Guilherme Boulos (PSOL) em troca da vice. O nome, no entanto, deve ficar para 2024.
É a antessala da eleição presidencial, diz Jilmar Tatto sobre 2024
As eleições municipais são tratadas no PT como uma “antessala” para 2026: ou seja, a legenda busca eleger o maior número de prefeitos e vereadores do partido para dar suporte à muito provável disputa por um quarto mandato do presidente Lula, dada como certa nos bastidores. “Nossa tática eleitoral é eleger quem estará conosco em 2026″, afirmou à Coluna o deputado federal Jilmar Tatto (SP), secretário de comunicação do PT.
“A importância dessa eleição para 2026 é muito grande. Termina sendo um orientador de como a sociedade está vendo o governo. Por outro lado o PT vai poder produzir novas lideranças, revelar novas lideranças”, acrescenta Humberto Costa.
Tatto reforça que o partido não deseja fazer prévias para a definição de candidatos, como desejado por setores do PT em Porto Alegre. A tendência é que a deputada Maria do Rosário represente a sigla nas eleições em Porto Alegre.
“Em Belo Horizonte, o candidato será o deputado Rogério Correia; em Natal, a deputada Natália Bovanides e em Goiânia, a deputada Adriana Accorsi”, afirma Tatto, sobre o que já foi definido.
Em Fortaleza e Salvador, o PT também deve ter candidatura própria, mas falta a composição com os aliados locais. O nome mais cotado do grupo ainda é do vice-governador Geraldo Júnior (MDB).
Além de Humberto Costa e Jilmar Tatto, participaram da reunião desta segunda-feira a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.; a tesoureira do partido, Gleide Andrade; o vice-presidente da sigla Washington Quaquá; o secretário-geral, Henrique Fontana; e outros.