A deputada federal Tabata Amaral (PSB), pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, tem sido pressionada por duas frentes distintas diante dos resultados das últimas pesquisas de intenção de voto, que a colocam em quinto lugar na disputa municipal.
De um lado, integrantes do PT envolvidos no debate eleitoral acham que a deputada, diante do cenário adverso nos levantamentos, poderia renunciar à candidatura e apoiar o candidato do Palácio do Planalto, o também deputado federal Guilherme Boulos (Psol), que na última pesquisa Datafolha apareceu empatado tecnicamente – com 23%, um ponto percentual a menos – com o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição.
De outro, o PSDB não esconde o desejo de ter Tabata como eventual vice de José Luiz Datena, caso o apresentador realmente confirme seu nome nas urnas – ele se lançou candidato nas últimas quatro eleições e depois desistiu de última hora.
A entrada em cena dele e do coach Pablo Marçal (PRTB) deixaram a deputada do PSB em quinto na última pesquisa Datafolha. Eles têm, respectivamente, 11%, 10% e 7%.
Outra sondagem recente de intenção de voto, da Genial/Quaest, trouxe os pré-candidatos na mesma posição, embora com porcentagens diferentes.
Ao Valor, o ministro Márcio França (Empreendedorismo), nome do PSB que tem atuado em atos de pré-campanha ao lado da Tabata em São Paulo, afirmou que no início do ano houve pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o partido não lançar a candidata na cidade, em prol do projeto de Boulos. Agora, garante ele, essa pressão não existe mais. “O Lula reconhece a importância dela na disputa”, ressaltou.
Tabata afirmou que as pesquisas de sua pré-campanha mostram um cenário muito diferente, com ela ainda em terceiro. “Meu maior problema ainda continua sendo o desconhecimento dos eleitores”, disse.
A interlocutores, ela tem dito que não vai desistir da candidatura e ainda espera pelo PSDB na sua chapa. O lançamento da pré-candidatura de Datena foi visto como uma “traição” por parte de sua equipe, já que no início do ano a deputada e o apresentador estavam juntos. Em janeiro, Datena acompanhou o lançamento da pré-candidatura de Tabata na laje da casa de sua mãe na periferia sul de São Paulo. Depois, trocou o PSB pelo PSDB numa articulação feita pela própria Tabata.
“Gosto muito da Tabata, tenho uma profunda admiração por ela, mas as pesquisas mostram que Datena, neste momento, é o único com condição de romper a polarização em São Paulo”, afirma José Aníbal, presidente do diretório paulistano do PSDB, referindo-se aos candidatos de Lula (Boulos) e Jair Bolsonaro (Nunes).
Aníbal também recusa o termo “traição”. “As circunstâncias mostraram condição melhor para ele disputar a eleição. Por que o PSDB tem que abrir mão?”, questiona.
O suspense está em relação ao próprio Datena, que tirou férias da TV Bandeirantes, onde apresenta um programa policial de grande audiência. Ele deveria começar a pré-campanha, com agendas pela cidade, na semana passada, mas cancelou em cima da hora, segundo o PSDB, por questões de saúde. O partido garante que os eventos com entrevistas e visitas a locais públicos vão começar nesta semana.
Para os tucanos, que perderam toda a sua bancada na Câmara Municipal, a candidatura, se confirmada, será um grande desafio. O partido terá entre 40 e 50 segundos de tempo na propaganda eleitoral gratuita. De acordo com a Justiça Eleitoral, as legendas têm até 5 de agosto para oficializar os candidatos ao pleito municipal.