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segunda-feira 3 de julho de 2023 às 06:08h

PT é líder em doações em 2022; veja maiores financiadores dos partidos

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O PT recebeu R$ 27,9 milhões de pessoas físicas em 2022, maior volume doado aos partidos durante o ano, de acordo com as declarações entregues pelas legendas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira (30), prazo final para a prestação de contas.

Segundo a Folha de S. Paulo, o empresário José Seripieri Filho foi o principal financiador individual do partido do presidente Lula (PT). Ele repassou R$ 2,6 milhões no ano em que o petista venceu pela terceira vez uma eleição presidencial.

Seripieri fundou a Qualicorp, mas deixou o negócio em 2019. Depois, fundou a QSaúde, cuja carteira de clientes foi recentemente vendida para a healthtech Alice.

Presidido pelo senador Ciro Nogueira, ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), o PP foi o segundo maior beneficiado por doações de pessoas físicas. A sigla recebeu R$ 18,5 milhões.

Presidente da gigante de energia, açúcar e álcool Cosan, o empresário Rubens Ometto foi o principal doador de dois partidos, o PP (R$ 6 milhões repassados) e o Republicanos (R$ 3 milhões). Ele também doou R$ 1 milhão ao PT em 2022.

Uma parte das doações feitas aos diretórios nacionais dos partidos é direcionada ao financiamento de campanhas. Do valor pago por Seripieri ao PT, R$ 660 mil serviram para a legenda bancar candidatos.

Seripieri é amigo de Lula há cerca de 10 anos e cedeu um avião para o petista viajar para a COP27 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), realizada no Egito em novembro de 2022. Procurado, o empresário não quis se manifestar sobre as doações.

Em 2015, o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu o financiamento empresarial das campanhas e partidos sob o argumento de que a prática desequilibrava a disputa e representava a captura da política pelo poderio econômico.

“A influência do poder econômico culmina em transformar o processo eleitoral em jogo político de cartas marcadas e o processo eleitoral em odiosa pantomima, que faz do eleitor um fantoche”, afirmou a ministra Rosa Weber, durante o julgamento.

Doações de executivos, porém, mantêm a relevância de grandes grupos econômicos no financiamento da política. Rubens Ometto foi o principal doador para candidaturas no pleito de 2022, com R$ 7,4 milhões repassados.

O empresário integra o Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República).

Em nota, a assessoria da Cosan disse que as doações de Ometto foram realizadas “em caráter pessoal e seguiram as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e demais normas aplicáveis”.

Derrotado na disputa a presidente, Bolsonaro declarou receita de R$ 90 milhões em doações para a campanha, a maior cifra entre candidatos de 2022.

O PL, porém, foi apenas 10º partido que mais recebeu doações para o funcionamento da legenda, totalizando R$ 1,5 milhão.

A prestação de contas entregue pelo partido ao TSE, porém, afirma ter havido uma receita total de R$ 68 milhões 2022, mas só de Fundo Eleitoral o partido recebeu R$ 287 milhões.

Procurado para esclarecer o que ocorreu, o PL não quis se pronunciar, dizendo apenas que não manifesta sobre assuntos que estão sob o crivo do Poder Judiciário

O principal doador para a legenda de Bolsonaro em 2022, de acordo com os dados informados ao TSE, foi o empresário José Augusto Vieira, com R$ 250 mil pagos. Ele é dono da Maratá, que atua no ramo alimentício e do agronegócio.

A principal fonte de receita das legendas são os fundos públicos de financiamento de campanhas e dos partidos.

Dos R$ 653,6 milhões arrecadados pelo PT durante 2022, por exemplo, R$ 603,7 milhões têm essa origem –R$ 499,6 milhões são do fundo eleitoral e cerca de R$ 104 milhões foram repassados do fundo partidário.

Terceiro maior beneficiado por doações de pessoas físicas, com R$ 17 milhões, o PSD teve como principal financiador individual Wagner Louis de Souza, fundador da Century, que vende antenas parabólicas. Ele entregou R$ 2,5 milhões para a legenda.

Em seguida, o PSDB acumulou R$ 11,3 milhões em doações privadas. O maior financiador foi José Ricardo Rezek, fundador do grupo Rezek, que lida com agronegócio e energia, entre outros ramos.

O mesmo grupo é sócio da RZK Digital, empresa que distribui campanhas publicitárias em telões de LED. A RZK é representada em negociações com o governo federal pela Omnia 360, que pertence a Arthur Lira Filho, filho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

O Republicanos recebeu R$ 10,2 milhões de pessoas físicas, sendo Rubens Ometto o principal doador.

Outra legenda do centrão, o União Brasil ganhou R$ 9,9 milhões neste tipo de doação. O maior financiador foi o empresário Emival Ramos Caiado Filho, primo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).

“As doações de pessoas físicas são aceitas, desde que os doadores não exerçam função ou cargo público de livre nomeação e exoneração ou cargo ou emprego público temporário, salvo os filiados a uma agremiação partidária”, afirma o TSE, em nota divulgada no seu site.

Os maiores doadores do MDB foram integrantes da família Koren de Lima (R$ 1,3 milhão), controladora da Hapvida, do ramo de saúde privada.

Procurados, José Rezek e a Hapvida não quiseram se manifestar. A Folha não conseguiu contato com os demais empresários citados.

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