Em nota divulgada nesta sexta (28), partido oficializou sua posição de não coadunar com o “discurso de ódio” do presidente eleito
Em nota divulgada na manhã desta sexta-feira (28), o Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou sua posição de não participar da posse do futuro presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), em 1º de janeiro, no Congresso Nacional. De acordo com o texto, a sigla não compactua “com discursos e ações que estimulam ódio, intolerância e discriminação” e, portanto, estará ausente na cerimônia.
“O resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos civilizatórios”, destacou o partido, em nota assinada pela presidente da legenda, Gleisi Hoffmann (PR), o líder do partido na Câmara, Paulo Pimenta (RS), e pelo líder da legenda no Senado, Lindbergh Farias.
A nota relembra as declarações de ódio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao próprio partido, feitas por Bolsonaro durante a campanha. Conforme nota divulgada pela sigla, o projeto do presidente eleito pretende “impor um Estado policial e rasgar as conquistas históricas do povo brasileiro”.
O partido criticou as decisões judiciais deste ano, que impossibilitaram a candidatura de Lula, além da “manipulação criminosa de informações nas redes sociais” sobre o presidenciável Fernando Haddad.
Confira a íntegra da nota divulgada pelo PT:
“O Partido dos Trabalhadores nasceu na luta da sociedade brasileira pelo restabelecimento da democracia, em 1980. Em quase quatro décadas de existência, o PT sempre reconheceu a legitimidade das instituições democráticas e atuou dentro dos marcos do Estado de Direito; combinando esta atuação com nossa presença nas ruas e nos movimentos sociais, aprofundando a participação da sociedade na democracia.
Participamos das eleições presidenciais no pressuposto de que o resultado das urnas deve ser respeitado, como sempre fizemos desde 1989, vencendo ou não. Mantemos o compromisso histórico com o voto popular, mas isso não nos impede de denunciar que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad.
O devido respeito à Constituição também torna obrigatórios a denúncia e o protesto contra as ameaças do futuro governo de destruir por completo a ordem democrática e o Estado de Direito no Brasil. Da mesma forma denunciamos o aprofundamento das políticas entreguistas e ultraliberais do atual governo, o desmonte das políticas sociais e a revogação j;a anunciada de históricos direitos trabalhistas.
O resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos civilizatórios.
O ódio do presidente eleito contra o PT, os movimentos populares e o ex-presidente Lula é expressão de um projeto que, tomando de assalto as instituições, pretende impor um Estado policial e rasgar as conquistas históricas do povo brasileiro.
Não compactuamos com discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. E não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política. Por tudo isso, as bancadas do PT não estarão presentes à cerimônia de posse do novo presidente no Congresso Nacional.
Seguiremos lutando, no Parlamento e em todos os espaços, para aperfeiçoar o sistema democrático e resistir aos setores que usam o aparato do Estado para criminalizar adversários políticos.
Fomos construídos na resistência à ditadura militar, por isso reafirmamos nosso compromisso de luta em defesa dos direitos sociais, da soberania nacional e das liberdades democráticas.
Brasília, 28 de dezembro de 2018
Deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara;
Senador Lindbergh Farias, líder do PT no Senado;
Senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT”.