Grupos ligados ao PT, de Jean Paul Prates, estão incomodados com o grau de influência do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que adotou em seu ministério uma postura mais petista do que a de muitos petistas do governo, em conselhos e comitês da Petrobras.
Segundo O Globo, 17 das 25 vagas em comitês da estatal são ocupadas por pessoas indicadas pelo ministro, apelidadas internamente de ‘silveirinhas’.
Dependendo dos postos que ocupam, as remunerações dos indicados variam de 6.900 a 39.000 reais.
Os nomes dos aliados de Alexandre Silveira que ocupam postos estratégicos na petroleira foram levados por petistas ao Palácio do Planalto, em uma tentativa de tirá-los dos cargos na próxima reunião do conselho, marcada para 24 de maio.
Os comitês de Alexandre Silveira
Além do presidente do conselho de administração da Petrobras, Pietro Mendes, o ministro de Minas e Energia também tem aliados nos comitês de Auditoria Estatutária, de Pessoas, de Segurança e Saúde e Meio Ambiente e no Conselho Fiscal.
Silveira só não tem maioria nos comitês de auditoria do conglomerado Petrobras e no de minoritários.
Quem são os ‘silveirinhas’
Entre os indicados por Alexandre Silveira estão Maurício Renato de Souza, chefe de gabinete de Silveira, e outros quatro funcionários do Ministério de Minas e Energia.
Também estão nos colegiados Benjamin Alves Rabello, advogado e marido de uma prima distante do ministro; Cristina Camatta, delegada e irmã de um empresário da construção civil que doou 70 mil reais à campanha de Silveira em 2022, Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira, empresário e genro do presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, e Daniel Cabaleiro, advogado ligado ao ex-governador Antonio Anastasia.
“Embora os currículos de todos os indicados tenham sido verificados e aprovados pela estrutura de governança da companhia, fontes da Petrobras dizem que a avaliação, conhecida como Background Check de Integridade ou BCI, se ateve apenas à capacidade técnica dos indicados. Não chegou a avaliar se a indicação tinha cunho político ou se havia conflito de interesses”, diz o jornal.
Disputa na Petrobras
A distribuição dos dividendos extraordinários escancarou a disputa sobre a condução da Petrobras no governo Lula. O presidente da petroleira, Jean Paul Prates, queria distribui-los, contra a vontade do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Prates esteve a ponto de cair do cargo, por ser visto por parte do governo como alguém com postura subserviente ao mercado financeiro, que ficou exacerbada na abstenção dele durante as discussões sobre a distribuição de dividendos extraordinários no Conselho de Administração da estatal.
Em abril, a assembleia de acionistas da Petrobras aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários da estatal. A decisão deve render cerca de 6 bilhões de reais ao governo federal, que detém o controle da petroleira.