O PT vai realizar, nesta semana, uma grande festa no Rio de Janeiro, com a presença de Lula e de outros quadros do partido, para celebrar seus 45 anos de história. Não fosse o impeachment de Dilma Rousseff, o petismo fecharia no próximo ano, conforme a Robson Bonin, da Radar, duas décadas no comando do Planalto.
Nesse período, o PT construiu algumas marcas que serão lembradas nos livros de história. Encarnando um discurso aguerrido de oposição ao elitismo político, a sigla chegou ao Planalto, em 2003, com promessas de igualdade social, de fim de privilégios e de ruptura com o fisiologismo partidário. Ao subir a rampa, Lula aliou-se a José Sarney, Fernando Collor e os tais “300 picaretas” que ele prometia combater se fosse eleito.
Com o estouro do Mensalão, uma ala do petismo rompeu com Lula e abandonou o barco — dando origem a outros partidos de esquerda — por considerar que o projeto estava perdido. Foi quando um marqueteiro de Lula admitiu o caixa dois nas eleições.
Nos seguidos governos petistas, as políticas sociais foram uma marca, assim como a proximidade de Lula e de seus ministros com grandes empreiteiras. O petista deixou o Planalto, em 2010, com a popularidade nas alturas e uma bomba relógio por explodir nas mãos de Dilma Rousseff, sua sucessora.
Os escândalos de corrupção se avolumaram em praticamente todas as áreas da máquina petista, chegando na casa dos bilhões de reais desviados. Era tanta gente pendurada nas propinas de empresas e no caixa dois eleitoral, que o esquema todo praticamente se abriu aos investigadores da Lava-Jato com a prisão de um grupo de doleiros — que lavavam o famoso pixuleco de João Vaccari, entregue em dinheiro vivo aos políticos.
Figurões da sigla, incluindo o próprio Lula, ficaram milionários nesses quase vinte anos de poder. Em vários casos, petistas foram presos por envolvimento em esquemas de corrupção investigados pela Polícia Federal. Os processos e condenações, como se sabe, foram anulados, o que permitiu a muitos voltar a disputar eleições e a retornar ao meio político.
Marcada para os dias 21 e 22 no Píer Mauá, no Rio, a celebração petista vai exaltar os feitos dos governos de Lula e Dilma Rousseff pelo país. Alguns dos mais importantes programas de distribuição de renda e de redução de desigualdade social foram desenvolvidos nas gestões petistas. O passado de corrupção, como em outras ocasiões, no entanto, será negado.