O Partido dos Trabalhadores (PT) articula nas bases o fortalecimento da candidatura do ex-deputado federal Jilmar Tatto à prefeitura de São Paulo, em meio ao apoio de figuras históricas da sigla ao nome de Guilherme Boulos (PSOL).
Segundo a Jovem Pan, a escolha de uma vice negra e da periferia é a aposta do partido para inflar a candidatura na capital. Segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgados na semana passada, o petista aparece com 2,3% a 2,9% das intenções de voto. O momento certo para a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esforço para emplacar a chapa de Tatto também é discutido internamente.
O presidente do PT na capital paulista, Laércio Ribeiro, afirma que o nome da vice deve ser escolhido dentro do próprio partido, afastando a possibilidade de coligação com outras legendas no primeiro turno. “O consenso é indicar uma mulher. Seria bom se conseguíssemos avançar com uma mulher negra e da periferia. O perfil está sendo definido, e depois iremos escolher os nomes.” Segundo o petista, a escritora e filósofa Djamila Ribeiro está entre as possibilidades. A candidatura de Ana Estela Haddad, nome constantemente ventilado, já foi descartada pela incompatibilidade de agenda da ex-primeira-dama na USP. O diretório municipal também articula a entrada de Lula na campanha. Desde a definição de Tatto, em maio, o ex-presidente não participou de nenhum ato de apoio à candidatura. A previsão é que Lula se posicione publicamente durante a convenção do partido em 12 de setembro. “O PT nacional está discutindo qual será a melhor estratégia e qual o melhor momento para essa entrada”, diz Ribeiro.
O PT sofreu com a “debandada” de quadros historicamente ligados à sigla que declararam apoio à candidatura de Boulos e da ex-prefeita petista Luiza Erundina. O movimento inclui os cantores Caetano Veloso e Chico Buarque, além de ministros e auxiliares dos governos de Lula e Dilma, como o ex-ministro Celso Amorim, e o ex-porta-voz André Singer. O presidente do diretório municipal minimiza as baixas ao afirmar que os nomes que declararam apoio ao PSOL não possuem influência nas eleições de São Paulo. “Eles nunca se envolveram na eleição, sempre tiveram próximos ao PT em campanhas nacionais. Os nossos artistas são da periferia, pessoas que sempre tiveram relação com a gente”, diz. Ribeiro também afirma que o partido não pretende punir os desertores, apesar de que qualquer filiado ao PT na capital possa solicitar a abertura de processo.
O presidente do diretório municipal diz que o candidato petista chegará ao segundo turno, e então serão definidas alianças com outras siglas. A união dos partidos progressistas em uma chapa única foi defendida pelo vereador e pré-candidato à reeleição Eduardo Suplicy antes da confirmação de Tatto na disputa. Além do PSOL, o acordo proposto pelo petista incluía a participação do PCdoB, que lançou a pré-candidatura do deputado federal Orlando Silva, entre outras siglas, como Rede, PDT e Sustentabilidade. “A minha sugestão era que fizéssemos uma frente ampla dos partidos progressistas com a realização de debates, para então, em uma prévia conjunta, definir os nomes dos candidatos a prefeito e vice”, diz. Segundo Suplicy, a ideia recebeu apoio do deputado federal e líder do PT na Câmara, Carlos Zaranttini, mas foi sobreposta pelos apoiadores que defendiam candidatura própria.