Na última terça-feira (31), o PSDB afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria “estar mais preocupado” em falar à população “por que a gestão do PT quase acabou com o Brasil”. A crítica do partido foi em resposta ao ataque de Lula, que disse que o PSDB “acabou”.
Conforme matéria de Anna Júlia Lopes e Vinicius Nunes, do Poder 360, além da sigla, os adversários de Lula também criticaram a declaração. O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a afirmação foi “arrogante” e “desrespeitosa”. No entanto, os números do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que o partido de fato elege menos candidatos a cada eleição.
Em 2018, o PSDB encolheu ao perder o voto antipetista para Jair Bolsonaro (PL). Em 2022, tem passado por forte desgaste interno.
O então governador de São Paulo João Doria havia ganhado as prévias para ser o candidato tucano à Presidência da República. A pressão contrária de correligionários foi tão forte, porém, que Doria deixou a disputa.
Agora, os tucanos podem entrar na 1ª eleição nacional desde sua fundação sem um candidato para lançar a presidente da República.
Governadores e prefeitos
A redução do partido começou ainda em 2014, quando a sigla teve uma queda de 37% no número de governadores eleitos, em relação a 2010. E, em 2018, a diminuição foi de 40% quando comparado com o ano eleitoral anterior.
Quanto às eleições municipais, o partido tem registrado uma queda contínua no número de prefeitos eleitos desde as eleições realizadas em 2000, com uma exceção em 2016, quando teve um aumento de 16%.
Mas, em 2020, a sigla deixou de comandar 289 municípios, representando uma redução de 36%.
Deputados e senadores
Ainda conforme Anna Júlia Lopes e Vinicius Nunes, do Poder 360, na Câmara dos Deputados, o partido também vem perdendo espaço. De 1998 até 2018, o PSDB foi de 99 cadeiras para 29, uma perda de 70 lugares.
A queda no número das cadeiras na Câmara foi contínua, com o partido tendo menos deputados a cada ano.
Já no Senado Federal, o partido tem apresentado estabilidade, começando com 4 cadeiras, tendo um breve aumento durante os anos e retornando ao número inicial.
O ano em que o PSDB mais teve participação no Senado foi em 2002, com 7 senadores eleitos, o que representava 13% das vagas à época.
O mandato dos senadores é de 8 anos, mas as eleições na Casa são realizadas de 4 em 4 anos. A cada eleição, o Senado alterna entre renovar 2 terços e 1 terço das 81 cadeiras.
Em 2018, 2010 e 2002, o Senado renovou 2 terços, o que corresponde a 54 cadeiras, enquanto em 2014, 2006 e 1998, renovou apenas 1 terço, representando 27 cadeiras. Nas eleições de 2022, serão escolhidos 27 senadores.
Desgastes interno
O então pré-candidato pelo PSDB à Presidência João Doria anunciou em 23 de maio a desistência de sua candidatura. Líderes do partido queriam a retirada do nome de Doria da corrida ao Planalto para que a sigla pudesse apoiar uma candidatura única da chamada 3ª via.
“Entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB”, disse. “Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com alma leve”, completou.
Agora, o nome cotado para ser a cabeça da chapa da 3ª via é o da pré-candidata pelo MDB, Simone Tebet.
A candidatura de Doria vinha sendo criticada por membros do partido desde que ele venceu as prévias contra o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), que foi candidato à Presidência em 2014, já havia afirmado que o candidato à Presidência pelo partido levaria a sigla a uma “grande derrota”.
Aécio culpou o presidente do partido, Bruno Araújo (PE), pela falta do que avaliou ser um nome melhor para a disputa. “Araújo optou por ser muito mais advogado dos interesses da candidatura de Rodrigo Garcia [para governador paulista] do que presidente nacional do PSDB”, declarou.
As divergências também são observadas segundo o Poder 360, quando Araújo e outros integrantes, como o líder do partido no Senado, Izalci Lucas (DF), destacaram o acordo com o Cidadania e com o MDB para uma candidatura única, enquanto Aécio e os outros os ex-presidentes do PSDB José Anibal e Pimenta da Veiga preferem aguardar para confirmar de fato a viabilidade do nome de Tebet como candidata à Presidência.