Com a desistência do deputado federal e ex-governador do Paraná Beto Richa em concorrer à prefeitura de Curitiba, o PSDB soma três recuos recentes em candidaturas próprias nas capitais. Em Belo Horizonte e Porto Alegre, os tucanos também costuraram apoios nos últimos dois dias e optaram por subir em palanques de aliados.
No caso da capital paranaense, Beto Richa anunciou na noite de segunda-feira que não seria mais candidato e garantiu que seu partido ficará neutro nas eleições municipais. A posição favorece o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), que, após conseguir o apoio do Cidadania, que forma uma federação partidária com o PSDB, tirou os tucanos do jogo. Pimentel é o candidato do atual prefeito, Rafael Greca, e pelo governador Ratinho Júnior, todos do PSD.
A decisão ocorre após Richa ter ficado isolado no cenário eleitoral local, obtendo apenas o apoio interno. Sem alianças, o deputado federal teria apenas 30 segundos de propaganda eleitoral na televisão, diante do baixo desempenho eleitoral do PSDB nas eleições de 2022, o que também contribuiu para a desistência.
— Tenho um plano de governo elaborado pelas melhores cabeças das mais diversas áreas da administração, mas não tenho tempo de televisão para apresentá-lo. Não sei se tinha algum candidato com mais vontade de concorrer a essa eleição que eu, mas com essas condições adversas fica muito restrita a nossa participação — disse o deputado em coletiva.
Na semana passada, em convenção, o Cidadania oficializou apoio a Eduardo Pimentel, que seria até então adversário do tucano. Este apoio, segundo Richa, gerou um “constrangimento interno”.
“Importante destacar que o partido firmou compromisso já no início deste ano com a construção deste projeto liderado por Pimentel. O objetivo sempre foi de assegurar a manutenção de uma administração eficiente”, afirma trecho do posicionamento da sigla federada.
Preso durante a operação Lava-Jato, que tem grande apoio em Curitiba, seu berço político, Beto Richa ainda sofre rejeição pelo caso, mesmo após as anulações das sentenças.
Também na segunda-feira, o ex-deputado João Leite, que já vinha dando indícios de que não queria concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte, desistiu da disputa. Ele chegou a marcar 11% das intenções de voto na capital, segundo a última Quaest, e aparecia empatado com outros cinco nomes.
Em acordo costurado pelo deputado federal Aécio Neves e pelo dirigente local, o deputado federal Paulo Abi-Ackel, a sigla escolheu apoiar a reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD). No sábado, publicamente, o prefeito fez uma carta pública de apelo para ter os tucanos ao seu lado.
— Todos nós do PSDB ficamos muito agradecidos com a manifestação do nosso prefeito, guarda-se uma admiração muito grande, uma gratidão — afirmou João Leite.
No domingo, em um acordo fechado pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), a sigla decidiu engrossar a campanha de Juliana Brizola (PDT) em Porto Alegre. Durante a pré-campanha, o ex-deputado federal tucano Nelson Marchezan foi cotado para concorrer, mas ele enfrentou resistências no Cidadania, que costurava o nome de Any Ortiz. Nenhum dos dois terminou oficializado.
Lados opostos
Ainda assim, os partidos apoiarão siglas diferentes. O Cidadania optou por apoiar a reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB). Essa opção não foi cogitado pelo PSDB, uma vez que o atual prefeito é adversário político de Leite, que é a maior liderança tucana no estado. Segundo o presidente municipal do PSDB, Moisés Barboza, a decisão consiste em evitar a “polarização”. Na capital gaúcha, Melo tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto o presidente Lula é representado pela petista Maria do Rosário.
— Nosso partido se recusa a apoiar e estar no palanque da polarização e dos extremos — resume.
O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, minimizou as desistências:
— Essas coisas fazem parte mesmo desses momentos eleitorais. Às vezes, você dá um passo atrás para depois dar dois à frente. São composições que vão dar resultados lá na frente.