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segunda-feira 27 de janeiro de 2025 às 05:53h

PSD e PL crescem em número de presidentes de Câmaras em capitais; PT amarga falta de comando

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Com a posse dos vereadores eleitos em 2024, o PSD e o PL ampliaram o protagonismo no comando dos Legislativos das capitais do País. O PT, por sua vez, amargou um novo ciclo sem parlamentares ocupando presidências de Câmaras municipais.

De acordo com um levantamento feito pelo Estadão e pelo Radar Governamental, o PSD é o partido que mais tem presidentes de Câmaras municipais, liderando quatro das 26 capitais. No último ano da legislatura anterior, tinha um.

Os vereadores da legenda chefes dos Legislativos de capitais são Ricardo Vasconcelos, em Aracaju (SE); Tico Kuzma, em Curitiba (PR); Dinho Dowsley, em João Pessoa (PB) e Carlo Caiado, no Rio de Janeiro (RJ).

Kuzma e Vasconcelos vão comandar as respectivas Casas pela primeira vez. Caiado e Dowsley estavam à frente das Câmaras já na legislatura anterior e foram eleitos como presidentes novamente.

Em Curitiba e no Rio, os presidentes são do mesmo partido dos prefeitos Eduardo Pimentel e Eduardo Paes. Em Aracaju e João Pessoa, os chefes das duas Câmaras são aliados dos prefeitos Emília Corrêa (PL) e Cícero Lucena (PP), respectivamente.

Todos os presidentes de Câmaras do partido presidido por Gilberto Kassab já eram vereadores nos últimos quatro anos e foram reeleitos. Nenhum deles estava no PSD em 2021 – primeiro ano da legislatura passada. Caiado era do DEM (atual União Brasil), Dowsley era do Avante, Kuzma era do PROS (fundido com o Solidariedade) e Vasconcelos era da Rede.

Os três presidentes de Câmaras de capitais do PL, por sua vez, são Chico Filho, em Maceió; Nádia Gerhard, em Porto Alegre e Paula Calil, em Cuiabá. As cidades de Alagoas e Mato Grosso são governadas também por políticos do PL. A sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro é a mesma da vice-prefeita porto-alegrense Betina Worm. Os três não estavam comandando as Casas no ano passado. Na ocasião, a legenda tinha apenas um vereador à frente de Legislativo em capital.

Nádia Gerhard e Chico Filho já são políticos experientes nas cidades onde vão presidir as Câmaras até 2027. Quatro anos atrás, Nádia estava no DEM e Chico Filho, no MDB. A exceção é Paula Calil, que está no primeiro mandato e, antes de ser eleita vereadora, era vice-presidente do PL cuiabano.

Nádia Gerhard e Paula Calil são as únicas mulheres que vão presidir Câmaras de capitais no biênio. Segundo Juliana Cellupi, CEO do Radar Governamental, o número de lideranças femininas nas Casas reflete a sociedade brasileira, onde poucas delas ocupam cargos de chefia.

“As mulheres em cargos de liderança, em geral, ainda estão em menor número em comparação com os homens. Temos 10.583 vereadoras mulheres em todo o País. Isso reflete o cenário geral, o que se vê inclusive em empresas. É necessário haver qualificação e treinamento, além de eleger mais mulheres parlamentares”, afirmou.

Além do PL, o PSB, o PSDB e o União Brasil também vão comandar Legislativos de três capitais. Republicanos, MDB e PP estão na presidência de Câmara de duas cidades. As siglas que presidem apenas uma são PDT, PRD, Avante e Podemos.

O doutor em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leandro Gabiati explica que os presidentes das Câmaras das capitais controlam recursos financeiros importantes para os Estados. Por isso, o especialista aponta que os chefes dos cargos serão peças importantes nas eleições de 2026.

“É visibilidade, exposição, negociação direta com o Poder Executivo estadual e poder de liderar a construção de coalizões eleitorais para 2026. Eles lideram a construção de chapas e dialogam diretamente com presidentes de partidos estaduais”, explicou.

De acordo com a coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) Mayra Goulart, o saldo das escolhas dos presidentes das Câmaras nas capitais mostrou o crescimento de uma direita fisiológica nos postos de comando. Por outro lado, o PSB apresentou ser a única força de esquerda com potencial de capilaridade na política das cidades.

“Na maioria dos casos, há uma harmonia de um comando da direita. Mas não é a direita bolsonarista, é uma direita fisiológica formada por lideranças tradicionais. O PSB é uma discrepância, é um partido de esquerda que tem força para eleger vereadores capazes de liderar as suas Casas”, disse.

Pela terceira vez consecutiva, o PT não conseguiu nenhuma presidência nos Legislativos de capitais do País. A última vez que um petista conseguiu o posto foi Antônio Morais, em Rio Branco, em 2019. Morais foi reeleito no ano passado, mas agora é filiado ao partido de Bolsonaro e não comanda o Legislativo da capital acreana.

A única prefeitura de capital conquistada pelo PT na última eleição foi Fortaleza, com a vitória de Evandro Leitão. No município, o presidente do Legislativo é Léo Couto (PSB). Apesar de não ser filiado ao PT, o vereador construiu a carreira política como aliado do ministro da Educação, Camilo Santana. Ao Estadão, Couto disse que não vai priorizar apenas os projetos de interesse de Leitão e vai pautar propostas da oposição, liderada pelo PL de Bolsonaro.

“Não é uma questão de priorizar projetos de interesse do prefeito. Estamos acompanhando para priorizar os projetos de interesse do cidadão. O momento é de administrar para todos os fortalezenses. A eleição passou, agora é pensar nas demandas da população”, disse.

Léo Couto (PSB) é o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, única capital conquistada pelo PT na última eleição
Léo Couto (PSB) é o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, única capital conquistada pelo PT na última eleição Foto: @leocoutobezerra via Instagram

Para Mayra Goulart, a falta de petistas nas presidências das Câmaras das capitais pode ser explicada como uma estratégia do partido para privilegiar o cenário eleitoral nacional.

“O PT não está sendo mais um partido que consegue ter capilaridade nos territórios. Isso ocorre muito em virtude do partido ter feito uma opção pelo cenário nacional, uma opção por Brasília. Ele abriu mão de ter hegemonia nesses territórios, agindo muitas vezes fortalecendo outras lideranças em troca de um apoio na Presidência e nas eleições de 2026″, afirmou.

PL lidera número de membros das Mesas Diretoras das capitais

Além de ampliar a presença entre os presidentes de Câmaras de capitais, o PL também cresceu entre os membros das Mesas Diretoras – que inclui presidentes, vice-presidentes e secretários. Em 2021, ano em que Bolsonaro se filiou ao partido, o PL tinha seis pessoas ocupando os principais postos das Casas. Em 2024, passou a ter sete. Com as eleições deste ano, o número saltou para 23.

O PL tem sete membros a mais do que o Republicanos e o União Brasil, que possuem 16 membros cada em Mesas Diretoras. O PSD, por sua vez, tem 15.

Também houve um crescimento de membros de Mesas Diretoras petistas. Em 2021, o partido tinha cinco vereadores ocupando os cargos em Câmaras de capitais. No ano passado, eram seis. Neste ano, as composições nas 26 capitais contam com nove membros do PT.

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