Segundo Alberto Bombig, colunista do UOL, um dos maiores partidos de centro do Brasil, dono de um cobiçado fundo eleitoral na casa dos R$ 330 milhões, o PSD (Partido Social Democrático) caminha no sentido de liberar seus diretórios regionais na disputa pelo Palácio do Planalto. O partido, adotando o pragmatismo eleitoral, está propenso a empenhar todas as suas forças e recursos para ampliar o poder nos estados e no Congresso Nacional.
Em termos práticos, significa dizer que três sonhos (ou projetos políticos) foram enterrados: 1) o de Gilberto Kassab, que trabalhou pesado para ter candidato próprio a presidente; 2) de Lula e do PT, de contar formalmente com o PSD na aliança do primeiro turno; 3) e o da chamada terceira via, que queria ver Kassab em uma chapa unificada e de alternativa à polarização.
O ex-ministro Kassab, presidente nacional do PSD, ainda fará consultas a diretórios estaduais importantes do partido, como o do Amazonas e o da Bahia, mas, segundo apurou a coluna, a possibilidade de uma candidatura própria à Presidência será postergada para 2026. Com a desistência de Rodrigo Pacheco de ser o candidato ao Planalto e a permanência de Eduardo Leite no PSDB, a prioridade neste ano passou a ser eleger o maior número possível de governadores e o crescimento das bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Por isso, a maioria esmagadora dos diretórios estaduais do PSD tende a seguir o pragmatismo político e se dividir entre Lula e Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo Planalto, os dois favoritos até agora. Uma das exceções está em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, onde Ciro Gomes (PDT) tem conquistado simpatias no partido por causa da falta de entendimento do PSD com o PT.
A interlocutores, Kassab afirmou recentemente que não faz sentido integrar uma candidatura de terceira via (fora da polarização Lula versus Bolsonaro) porque nenhum dos nomes colocados até agora nesse espectro de centro demonstra viabilidade eleitoral, o que pode atrapalhar os planos regionais do PSD. O ex-ministro também se mostra resoluto em resistir aos constantes assédios do PT para se integrar oficialmente à campanha de Lula. Segundo ele tem dito em suas conversas, a chance de estar com o petista ou com Bolsonaro agora “é zero”.
A posição da direção nacional encontra respaldo entre as “estrelas” do PSD no Congresso. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), afirmou à coluna que a mais recente radicalização de Bolsonaro contra o STF (Supremo Tribunal Federal) diminui a margem de manobra da terceira via.
“O momento não está para brincadeira de lançar candidatura apenas para marcar posição”, disse Ramos. Segundo ele, a resposta na discussão em torno do indulto concedido por Bolsonaro a Daniel Silveira (PTB-RJ) também precisa ser dada nas urnas. “A reação deve ser eleitoral.” Ou seja, o presidente precisa ser derrotado, e, ao menos até agora, o pré-candidato com mais chances de impor um revés a Bolsonaro é Lula.
Além da vice-presidente da Câmara, o PSD ocupa a presidência do Senado com Pacheco (MG). É justamente o senador quem tem trabalhado por uma composição com Ciro em Minas. O partido deve ter ao menos dez candidaturas a governos estaduais, muitas delas com boas chances de vitória, segundo as mais recentes pesquisas eleitorais. Entre elas, está a de Alexandre Kalil em Minas.
O partido de Kassab também projeta crescimento no Senado, onde tem 12 senadores, e na Câmara, onde tem 46 deputados. Se essa projeção se confirmar, a sigla sairá fortalecida do primeiro turno para negociar apoios no segundo turno e até mesmo em um futuro governo federal.
Chama a atenção do mundo político a decisão, ao menos por ora, de o PSD ter candidato próprio ao governo paulista: Felício Ramuth, atual prefeito de São Paulo José dos Campos (SP), é o nome escolhido por Kassab para enfrentar, entre outros, Fernando Haddad (PT), Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), Márcio França (PSB) e Rodrigo Garcia (PSDB), os favoritos até agora, segundo as principais pesquisas de intenção de voto.