A deputada federal Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB) chegam à convenção de seus partidos neste sábado (27) com apoio apenas de suas legendas, sem ampliarem suas chapas para a disputa à Prefeitura de São Paulo e em meio a pressão para desistirem das pré-candidaturas. As informações são do jornal, Valor.
A pré-campanha de Tabata deve deixar a definição sobre o vice para depois da convenção. A situação é semelhante à da pré-campanha de Datena, que também estuda adiar a escolha. Os dois pré-candidatos devem ter chapa “puro sangue”, com um vice da própria sigla, mas afirmam que ainda aguardam um acordo entre PSB e PSDB, para disputarem juntos a eleição – cenário ainda difícil de se concretizar. O vice tem de ser escolhido antes do prazo final para o registro das candidaturas, em 15 de agosto.
Datena será oficializado candidato em meio a dúvidas de seus próprios correligionários se realmente chegará às urnas. A cúpula nacional do PSDB tenta garantir que o apresentador não desista, como já fez em outras quatro eleições. A direção tucana aposta na fama do apresentador para tentar salvar o partido, ameaçado de perder de vez qualquer tipo de influência na capital mais importante do país.
Uma ala do partido, no entanto, pressiona justamente para que Datena recue, abrindo caminho para apoiar o prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB). Há ainda um grupo de tucanos que apoia Tabata e que está na pré-campanha da deputada.
A convenção tucana deve ser marcada por protestos contra Datena, liderados pelo ex-presidente do PSDB paulistano Fernando Alfredo, que apoia Nunes. O ex-dirigente afirmou que levará cerca de 700 militantes, contratou um carro de som e lançou-se como pré-candidato, em tentativa de disputar contra Datena. Alfredo disse ainda que pretende judicializar o resultado da convenção, caso sua pré-candidatura não seja considerada. “O PSDB vive um momento muito difícil, com a imposição de uma candidatura. É a primeira vez que vem um nome ‘da cartola’, sem dialogar com a militância”, disse.
Datena ataca Nunes após ameaça de protesto em convenção do PSDB
O presidente do diretório municipal, José Aníbal, minimizou as divergências e disse que Datena será oficializado por aclamação. “A resistência é insignificante. Os bolsonaristas do PSDB é que estão com Ricardo Nunes.”
Filho do ex-governador Mário Covas e presidente da federação PSDB-Cidadania, Mário Covas Neto lamentou o conflito dentro do partido. “Protestar contra Datena é protestar contra o PSDB. Se não está satisfeito, que vá para o MDB de Nunes”, disse.
Aníbal e Covas Neto são cotados para a vice de Datena.
O cenário vivenciado pelo PSDB é bem diferente de 2020, quando o então prefeito Bruno Covas era uma escolha unânime na sigla, formou a maior coligação daquele pleito, com 11 partidos, e foi reeleito. As brigas no PSDB paulistano, no entanto, são recorrentes e marcaram outras campanhas, como as de 2008 e 2016, esta com direito a brigas, trocas de socos e acusações de compra de votos contra o grupo do então candidato João Doria.
O momento em 2024 é mais dramático. O PSDB perdeu filiados antigos, como Doria, e os oito vereadores eleitos em 2020 trocaram de partido. Dos quadros remanescentes, nenhum até agora declarou apoio público a Datena. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não deve se manifestar sobre quem apoiará e outros nomes simbólicos ligados ao ex-presidente, como Celso Lafer e Sergio Fausto, da Fundação FHC, estão no conselho de campanha de Tabata.
Partiu da deputada do PSB, aliás, a ideia de filiar Datena ao PSDB para que ele fosse seu vice. O desempenho positivo do apresentador em pesquisas eleitorais, no entanto, fez a direção tucana apostar no apresentador, a despeito do histórico de desistências dele às vésperas da campanha.
Sem o apoio do PSDB e nem de outros partidos além do PSB, Tabata pretende mostrar na convenção que tem ao seu lado padrinhos de peso, como o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, o ministro e ex-governador Márcio França (Empreendedorismo) e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. A deputada tem divulgado também “apoiadores de peso”, como do economista Arminio Fraga, o empresário Guilherme Leal, o apresentador Luciano Huck, a investidora Alexandra Loras e o produtor e empresário Kondzilla.
Em seu discurso, Tabata deve resgatar sua origem humilde para tentar se conectar com o eleitorado da periferia. No PSB, três nomes são estudados para a vice: de Lu Alckmin, esposa de Alckmin; de Lúcia França, esposa de França, e do ex-tucano Floriano Pesaro, diretor de gestão corporativa da Apex.
As convenções partidárias são uma das etapas previstas pela legislação para a definição das candidaturas. Os atos partidários podem ser realizados até 5 de agosto e os partidos têm até o dia 15 para registrar os nomes na Justiça Eleitoral. Já realizaram convenções o Psol, para oficializar o deputado Guilherme Boulos, e Novo, com a economista Marina Helena. O MDB, de Ricardo Nunes, marcou o ato para 3 de agosto, mesmo dia do PRTB, que lançará o empresário Pablo Marçal.