A janela que autoriza a mudança de partido sem perda de mandato levou segundo a Folha de S. Paulo, o PSB a ver sua bancada na Câmara dos Deputados cair de 30 para 22 parlamentares, em uma queda superior a 25%.
A cúpula do PT avalia em conversas reservadas que essas baixas retiram força da legenda nas negociações para impor seus candidatos em estados importantes, como São Paulo e Rio Grande do Sul.
Petistas apostam que o enfraquecimento do PSB irá reforçar a articulação de parte do PT para que o partido não entregue nada além do posto de vice para Geraldo Alckmin (PSB) e os apoios no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Maranhão.
O nome de Alckmin para compor a chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi apresentado pelo PSB na última sexta-feira (8). A ideia do petista é que o ex-governador de São Paulo o ajude a dialogar com setores conservadores da sociedade e com o meio empresarial.
Ele também terá o desafio de manter uma relação harmônica com o PT enquanto seus aliados cobram apoio em negociações estaduais.
O principal ponto de divergência entre as siglas está em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.
O PT pretende lançar o ex-prefeito da capital Fernando Haddad na disputa para o governo do estado, enquanto os socialistas apoiam o ex-governador Márcio França na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.
Nos últimos anos, o PSB também ficou enfraquecido no Legislativo paulista. Após iniciar a legislatura, no começo de 2019, com oito deputados estaduais, a sigla vai para as eleições deste ano com apenas dois parlamentares na Assembleia Legislativa de SP.
Outro sonho da cúpula do PSB é conquistar o apoio do PT ao ex-deputado Beto Albuquerque na eleição para o Governo do Rio Grande do Sul.
O PT lançou o deputado estadual Edegar Pretto na corrida pelo Palácio Piratini. A direção nacional da legenda até aceitaria abrir mão da candidatura própria no RS, mas o partido em nível estadual está irredutível em relação a essa possibilidade.
Mesmo nos estados em que já há apoio garantido do PT a relação entre as duas legendas ainda não está bem sedimentada. No Rio de Janeiro, por exemplo, Lula anunciou publicamente que seu candidato será o deputado federal Marcelo Freixo (PSB).
Há divergências, porém, na composição do restante da chapa majoritária. O PT fluminense já topou apoiar Freixo, mas não aceita abrir mão da indicação do candidato a senador nessa composição e escolheu o deputado estadual André Ceciliano (PT-RJ) para ocupar o posto.
O PSB, por sua vez, lançou o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) para o Senado. Por enquanto, nenhum dos dois dá indícios de que pretende recuar.
O Maranhão é um dos poucos estados em que a parceria entre PT e PSB já está sacramentada. O ex-governador Flávio Dino (PSB) deixou a chefia do Executivo local para disputar uma vaga no Senado Federal filiou Carlos Brandão, que era seu vice e assumiu o governo local, à sigla socialista.
O PT, então, indicou o ex-secretário estadual de Educação Felipe Camarão para o posto de vice. Nesse caso, o PT aceitou não ter o candidato a governador nem a senador, diferentemente do RJ.
O Espírito Santo é outro entrave estadual entre as legendas. O PT filiou o senador Fabiano Contarato (PT) ao partido e pretende lançá-lo a governador.
O atual chefe do Executivo capixaba, Renato Casagrande (PSB), porém, trabalha para que o PT não tenha candidato próprio.
Na Paraíba, o governador João Azevêdo (PSB) vai à reeleição, enquanto o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) tenta levar seu partido a apoiar Veneziano Vital (MDB) na disputa para o Executivo local.
O deputado federal por Minas Gerais Júlio Delgado, que deixou o PSB e se filiou ao PV, afirma que é necessário “reconhecer que houve uma fragilização” em sua antiga sigla e diz que isso “pode repercutir não só nessa relação entre os partidos como nas eleições deste ano”.
“Houve alguns equívocos nessas discussões. O prazo para fechar a federação ficou para depois do fim da janela e não podíamos esperar para ver se sairia a federação para tomar uma decisão”, afirma.