A noite deste sábado (29) promete ser agitada dentro e fora do Stade de France, em Saint-Denis, onde o atual campeão, Nantes, e o time de Toulouse disputam a final da Copa da França de futebol. Movimentos sociais contrários à reforma da Previdência devem tornar a atmosfera mais tensa em torno da partida, que começa às 21h locais (16h em Brasília) e terá forte esquema de segurança.
O amarelo das Canárias e o roxo do Toulouse FC vão encher as arquibancadas do estádio ao norte da região parisiense, onde são esperados 78 mil espectadores, incluindo dezenas de milhares de torcedores das duas equipes que, sem dúvida, sabem que podem não ter a chance para reviver outra final como esta em breve.
Mas outras questões “entram em campo” essa noite, aumentando o clima de apreensão em torno da decisão. O jogo acontece quase um ano depois da final da Liga dos Campeões entre Liverpool e Real Madrid, no mesmo estádio, que virou um grande e polêmico fiasco de segurança.
Além disso, a presença confirmada do presidente Emmanuel Macron parece atiçar os ânimos dos movimentos sociais, ainda que o chefe de Estado não tenha previsto, a princípio, descer ao gramado para cumprimentar as duas equipes, como costuma fazer.
O presidente francês também não entregará o troféu ao time vencedor no gramado, como acontece há três anos, desde o início da crise da Covid-19.
O chefe da polícia de Paris, Laurent Nuñez, esclareceu na noite de sexta-feira (28) que ele mesmo “impôs” que o troféu fosse entregue ao vencedor “na tribuna”, principalmente pelo risco de invasão do campo.
Cartão vermelho
Sindicatos planejavam distribuir cartões vermelhos e apitos aos espectadores no Stade de France para mostrar sua rejeição à reforma da Previdência e sua insatisfação com o chefe de Estado. Mas manifestações foram proibidas pela sede da polícia de Paris.
“A final da Copa da França não são jogos de circo à moda romana, não é a [central sindical] CGT com seu polegar imperial que pode decidir quem vai vaiar o presidente da República, quem cortará a luz durante uma partida”, declarou o porta-voz do governo, Olivier Véran, à BFMTV e à RMC.
Cerca de 3 mil policiais e agentes de segurança serão mobilizados neste sábado nas proximidades do Stade de France. Um dispositivo “50% maior”, de acordo com a comitiva do ministro do Interior, do que o mobilizado em 28 de maio de 2022 para a final da Liga dos Campeões.
Os organizadores da partida se esforçam para amenizar esse contexto social, principalmente porque os grupos de torcedores radicais das duas equipes são conhecidos por não manterem as relações mais pacíficas entre os times da França.
“Acho que não podemos ignorar [o contexto] porque estará muito presente, mas teremos que nos manter conectados ao que temos que fazer em campo e ao nosso desempenho”, explicou o técnico do Toulouse, Philippe Montanier, na sexta-feira.
“Só espero que tudo corra bem”, acrescentou seu colega do Nantes, Antoine Kombouaré. “Os amantes do futebol vêm para ver um grande jogo, uma grande final”.
Liga da Europa
Segundo a AFP, essa partida promete ser barulhenta nas arquibancadas, com milhares de torcedores esperados dos dois lados para esta partida histórica: o Nantes conquistou a Copa apenas quatro vezes, e o Toulouse apenas uma vez, em 1957, sob a camisa rubro-negra de um clube que desapareceu em 1967, depois recriado do zero em 1970.
Mais que um troféu de prestígio, uma vitória nesta 106ª edição do campeonato francês garante o ingresso na próxima temporada da Liga da Europa.