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Manifestante com a bandeira do Peru em marcha que pede a renúncia da presidente Dina Boluarte; houve confronto com a polícia — Foto: Sebastian Castaneda/Reuters
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sexta-feira 20 de janeiro de 2023 às 09:55h

Protesto no Peru tem confronto com a polícia e incêndio em prédio histórico

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Em mais um dia de crise que se arrasta no Peru desde o início de dezembro, manifestantes entraram em confronto violento com a polícia nesta última quinta-feira (19).

Os manifestantes pedem a renúncia de Dina Boluarte, presidente do país, e a convocação de novas eleições. Boluarte assumiu o poder em dezembro de 2022 após Pedro Castillo fracassar em uma tentativa de autogolpe e ser preso.

Em Lima, nesta quinta, a polícia usou gás lacrimogêneo para tentar evitar a chegada de um grupo ao Congresso. Houve confronto no centro da cidade, na avenida Abancay. Os manifestantes lançaram pedras arrancadas da calçada contra os agentes, disseram repórteres da agência AFP.

“[Em Lima, as autoridades mobilizaram] 11.800 efetivos nas ruas para controlar os distúrbios, além de veículos militares e da participação das Forças Armadas”, disse o chefe da Região Policial Lima, general Víctor Zanabría.
Um prédio da capital que fica próximo da praça San Martín pegou fogo durante o confronto, mas autoridades ainda não informaram o que provocou o incêndio.

Em Arequipa, segunda maior cidade do país, foi registrado um confronto entre as forças de segurança e mil manifestantes que tentaram invadir o aeroporto e foram repelidos com gás lacrimogêneo, segundo TVs locais. O aeroporto de Arequipa suspendeu as operações por motivos de segurança.

O serviço ferroviário entre Cusco e a cidadela inca Machu Picchu, joia do turismo peruano, também foi suspenso, indicou a operadora.

Pouco depois dos conflitos, ainda nesta quinta, Boluarte fez um pronunciamento afirmando que a situação foi controlada e que “o governo está firme e o seu gabinete mais unido do que nunca”.

“Ao povo peruano, aos que querem trabalhar em paz e aos que geram atos de protesto, digo: não me cansarei de chamá-los ao bom diálogo, dizendo-lhes que trabalhem pelo país”, disse a presidente.

“Todo o rigor da lei vai cair sobre essas pessoas que praticam vandalismo”, disse.

Estado de emergência

O país vive intensos protestos desde que o presidente Pedro Castillo foi deposto pelo Congresso e preso em 7 de dezembro, após uma tentativa fracassada de autogolpe de Estado, quando tentou fechar o Parlamento, governar por decretos e convocar uma Assembleia Constituinte.

Bloqueios de estradas foram vistos em 18 das 25 regiões do país, segundo autoridades de transporte, ressaltando o alcance dos protestos. A polícia aumentou a vigilância das estradas que entram em Lima e os líderes políticos pediram calma.

Na semana passada, o governo de Boluarte estendeu o estado de emergência em Lima e nas regiões do sul de Puno e Cusco, restringindo alguns direitos civis.

“Não queremos mais mortes, não queremos mais feridos, sangue suficiente, luto suficiente para as famílias do Peru”, disse o ministro do Interior, Vicente Romero, a repórteres.
Boluarte pediu “perdão” pelas mortes nos protestos, mesmo quando as faixas dos manifestantes a rotulam de “assassina” e chamam os assassinatos das forças de segurança de “massacres”. Ela rejeitou pedidos de renúncia.

Grupos de direitos humanos acusaram a polícia e o exército de usar armas de fogo letais nos protestos. A polícia diz que os manifestantes usaram armas e explosivos caseiros.

“Não vamos esquecer a dor que a polícia causou na cidade de Juliaca”, disse uma manifestante que viajava para Lima, que não quis se identificar. Ela se referiu à cidade onde um protesto especialmente mortal ocorreu no início deste mês. “Nós mulheres, homens, crianças temos que lutar.

Outros manifestantes apontaram razões estratégicas para atacar a capital peruana.

“Queremos centralizar nosso movimento aqui em Lima, que é o coração do Peru, para ver se eles se movem”, disse o manifestante Domingo Cueva, que viajou de Cusco.

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