Quando a badalada revista dedicada à decoração de luxo e a itens de coleção Coveted incluiu o nome do brasileiro Guilherme Torres na lista dos 100 melhores arquitetos do mundo — o único latinoamericano — de 2017 pouca gente conhecia o trabalho do paranaense que iniciara a carreira atuando como designer de interiores. Hoje, ele acumula mais de 50 prêmios internacionais, incluindo o cobiçado Architecture Masterprize, concedido para a elegante Tree House, desenhada em 2018 para uma família de Curitiba. Aos 49 anos, os incessantes convites para projetar casas, hotéis, prédios residenciais e comerciais, além de projetos de mobiliário e de decoração em diversas cidades do Brasil e de outros países, fazem de Guilherme Torres um dos nomes mais representativos da atual geração de arquitetos brasileiros.
Seus traços, de clara inspiração modernista, combinam padrões geométricos sólidos e estruturas que dão maior leveza ao conjunto. Segundo Torres, suas referências vão além da arquitetura. “Elas vão dos filmes a personalidade de virginiano”, afirmou. Para ele, o fato de ter TDAH [transtorno de déficit de atenção e hiperatividade] também acaba contribuindo de alguma forma em seu processo criativo. Seu impulso é fugir de padrões e de si mesmo, sem repetir o que já fez no passado. Ter sempre algo novo para apresentar a seus clientes faz toda diferença em um mundo que tende à padronização. Foi assim quando iniciou a carreira, com projetos de decoração de interiores e a criação de móveis autorais. A consistência do trabalho o levou a montar um escritório em São Paulo. Segundo cálculos das incorporadoras que o contratam, o valor geral de vendas (VGV) dos projetos de Torres que estão em andamento somam mais de R$ 1 bilhão. Em seu portfólio estão as 18 residências do condomínio A Mata, em Trancoso (BA), desenvolvido pela Nampur, dois hotéis de praia no Ceará (Cumbuco e Amontada), loja da marca Florense em Porto Alegre (RS) e até residências na Suécia.
DAFT PUNK
Uma tatuagem em um dos braços de Torres reproduz um trecho de uma música da banda Daft Punk: “Trabalhe mais, melhor, mais rápido, de novo”. É uma espécie de lema não oficial do escritório que ele fundou e também uma definição de seu autodeclarado perfeccionismo. Em seu horizonte de possibilidades, além de novos projetos de design e arquitetura, está a criação de um curso. A ideia é repassar seus conhecimentos às novas gerações, ajudando na formação profissional, que ele entende ainda ser falha. “Esse curso fica como um legado maior que os próprios prédios”, afirmou.