Na última quinta-feira (29), o Procon-SP emitiu nota dizendo que estuda proibir que o pagamento de pedidos feitos em aplicativos de delivery sejam realizados na entrega. Essa medida tem como objetivo diminuir os casos de golpes aplicados na cobrança com uso de máquinas de cartões.
“Diante da explosão de golpes aplicados na entrega de mercadorias por delivery, o Procon-SP estuda medidas para que as empresas proíbam qualquer tipo de cobrança por cartão no ato da entrega”, avisa Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP. Com isso, a intenção é que os pagamentos só sejam realizados online, no próprio aplicativo.
Conforme o CNN Brasil Business adiantou, o chamado “golpe do delivery” cresceu 186% neste ano, somando 341 reclamações no órgão de proteção ao consumidor. Rappi, iFood e Uber Eats são os principais alvos dos registros com uma quantia superior a R$ 1,3 milhão envolvida.
Em muitos casos, mesmo depois da reclamação dos usuários, os aplicativos de delivery se recusam a ressarcir o consumidor pelo golpe e até se isentam da responsabilidade.
“Quem for vítima e for cobrado em valor incorreto, deve acionar o Procon-SP. Nós iremos apurar a responsabilidade da empresa e acionar a polícia. As empresas de delivery devem responder pelos problemas e ressarcir o consumidor”, ressalta Capez.
Tipos de golpes
São várias as ações criminosas nesse sentido. Na mais conhecida, os entregadores cobram uma suposta taxa de entrega e apresentam uma máquina de cartão com o visor quebrado. Ao pagar pela refeição ou serviço – que muitas vezes já foi paga por meio do próprio aplicativo- os criminosos colocam valores indevidos, sem que o cliente perceba, uma vez que o visor não mostra o valor e, ou o golpista diz que está sem papel para imprimir o comprovante, ou o consumidor não pede, ou simplesmente não confere.
Outro golpe descoberto registrado pelo Procon é o da filmagem do cartão. Nesse caso, durante a entrega, aproveitando um local escuro, o entregador se oferece para iluminar com a lanterna do celular e filma os dados do cartão. De posse das informações financeiras, o criminoso vai embora e o cliente só percebe que foi enganado quando recebe um aviso de compra ou muito tempo depois, quando chega a fatura do cartão de crédito.
Como se prevenir
Além de preferir fazer o pagamento online, no próprio aplicativo de delivery, durante o pedido, algumas outras medidas podem ser tomadas para evitar ser vítima de um golpe:
– Sempre desconfiar, especialmente nos casos em que o entregador disser que é necessário pagar algum valor extra ou oferecer o celular para iluminar;
– Não digitar senhas ou informações pessoais em máquinas que tenham o visor quebrado ou que não permitam a leitura de dados;
– Não passar informações por telefone;
– No caso de dúvidas, contatar o local onde o pedido foi feito.
O que dizem as plataformas
Por nota, o Uber Eats disse que não aceita máquinas de cartão como meio de pagamento. “A empresa constantemente orienta os usuários a efetuarem o pagamento somente por meio do app ao fazer o pedido, relembrando que nunca retifica valores ou faz cobranças adicionais por meio de entregadores parceiros”.
Já a Rappi lamentou a conduta dos fraudadores e disse que princípios de ética e transparência pautam a relação na plataforma. “Caso o usuário venha a ser vítima de golpes de entregadores, ele deve entrar em contato com os canais de atendimento do aplicativo para relatar o ocorrido. Desse modo, buscamos obter o máximo de informação para entender a situação e denunciar à polícia eventuais condutas ilegais”, ressaltou.
O Ifood, por sua vez, declarou que acompanhou o anúncio do Procon-SP e compreende a importância da proteção contra fraudes, desde que não restrinja as opções do próprio consumidor. “O iFood entende a iniciativa e está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários em relação ao modelo de operação.
Mas é importante ressaltar que o modo de pagamento nas plataformas digitais busca sempre a inclusão ao disponibilizar diferentes opções aos clientes para realizarem seus pedidos”.