domingo 17 de novembro de 2024
O presidente salvadorenho Nayib Bukele faz um discurso após votar em San Salvador, em 4 de fevereiro de 2024 — Foto: Marvin RECINOS / AFP
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domingo 8 de setembro de 2024 às 17:00h

Prisões sem ordem judicial e bitcoin legalizado: Saiba quem é o presidente de El Salvador que Pablo Marçal se inspira

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Nesta sexta (6), Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito de São Paulo, anunciou uma viagem a El Salvador numa tentativa de encontrar o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, que atingiu notoriedade ao estabelecer uma política de “zero homicídios” no país da América Central. A intenção do empresário é buscar os “códigos de segurança” aplicados por Bukele, que é frequentemente contestado por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos por causa de suas medidas controversas de repressão que foram

Recém eleito para um segundo mandato de cinco anos, Bukele comanda um estado de exceção, que permite prisões sem ordem judicial, suspende a liberdade de associação e o direito a habeas corpus e estende o período de prisão provisória. Para abrigar parte dos milhares de detidos, Bukele ordenou a construção de um presídio para 40 mil detentos na zona rural da cidade de Tecoluca, centro do país. O Centro de Confinamento Contra o Terrorismo (Cecot) foi inaugurado em janeiro de 2023. O centro teria sido visitado por Marçal na viagem ao país.

Nayib Bukele nasceu em 24 de julho de 1981, em San Salvador, El Salvador. Antes de se tornar presidente, foi prefeito de Nuevo Cuscatlán e da capital San Salvador. Começou sua carreira política no partido de esquerda FMLN, mas depois foi expulso e fundou o movimento Nuevas Ideas. Foi eleito presidente em 2019, e reeleito em fevereiro deste ano.

Alta popularidade e bitcoin

De estilo populista e autoritário, o presidente faz um uso estratégico das redes sociais, com comunicação direta com a população. Ele ostenta alta popularidade no país, especialmente entre os mais jovens, o que lhe fez alcançar 85% dos votos nas eleições de fevereiro, nas quais também ganhou quase todo o Congresso (54 dos 60 assentos). Recentemente, ele chegou a afirmar que é o “ditador mais legal do mundo”.

Além do discurso contra a criminalidade, Bukele fez de El Salvador o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda legal, em 2021. Polêmica, a medida gerou críticas e debates internacionais sobre a volatilidade e o impacto econômico da decisão.

Intervenção no judiciário

Ponto comum de presidentes autoritários, Bukele recorrentemente ataca a imprensa e já interviu gravemente no judiciário. Em 2021, ele demitiu todos os juízes da Suprema Corte e o procurador-geral.

Mas a medida mais polêmica se Bukele é seu “Plano de Controle Territorial”. Criado para combater a violência das gangues, o plano consiste em prisões em passa, mesmo sem ordem judicial. Em 2022, ele declarou estado de emergência no país, o que favorecia o plano. O resultado foi a prisão de mais de 70 mil pessoas. Segundo o governo, os homicídios cessaram no país, mas organizações de direitos humanos denunciam ilegalidades e abusos.

Relatório da Anistia Internacional publicado no primeiro ano da medida afirma que o estado de sítio decretado por Bukele levou a “violações em massa dos direitos humanos” e detenções arbitrárias. Cerca de 70 mil pessoas foram detidas no período, através de rondas policiais e militares nas comunidades. De acordo com a Human Rights Watch, o governo de Bukele cometeu “violações generalizadas dos direitos humanos”, incluindo prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura e mortes sob a custódia do Estado.

Viagem de Pablo Marçal

A ideia de Marçal é descobrir os “erros e acertos” que fizeram El Salvador sair de um “quadro de alta criminalidade para um dos países mais seguros do mundo”. O governo alega que a nação de 6,3 milhões de habitantes, cerca de metade da capital paulista, conseguiu ter 695 dias sem registro de homicídios em 24h (a taxa oficial de assassinatos foi de 154 em 2023, o equivalente a 2,4 a cada 100 mil habitantes). O que o candidato não conta é que o governo de Bukele articulou um regime de exceção com o Parlamento que já dura dois anos e meio para combater o crime organizado.

O ex-coach pretendia visitar ao menos três países durante o seu tour. Mas neste sábado (7), ele participou do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista. A manifestação foi feita para atacar o Judiciário e pressionar pela abertura do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

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