Conforme o AFP, a primeira-ministra italiana de extrema-direita, Giorgia Meloni, alertou nesta terça-feira (29) que não retirará o processo de difamação contra o jornalista e escritor Roberto Saviano, acusado de tê-la insultado em 2020 por suas duras posições contra os migrantes.
“Não entendo o pedido que me fizeram para retirar a denúncia sob o pretexto de que hoje sou chefe de governo. Isso significa que o Judiciário se comporta de maneira diferente dependendo da sua função?”, afirmou em entrevista ao jornal Il Corriere della Sera.
A denúncia foi feita há dois anos por Meloni quando ela era líder do partido pós-fascista Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), formação então opositora e que sempre foi a favor de uma política rígida contra a migração.
Várias organizações de defesa da liberdade de imprensa pediram à primeira-ministra que retirasse a denúncia antes da abertura do julgamento no início de novembro, por considerarem que ela envia uma mensagem alarmante a todos os jornalistas e escritores do país, que poderiam deixar de expressar opiniões livremente por medo de represálias.
“Acho que tudo isso vai ser tratado de forma justa diante da separação de poderes”, disse Meloni. “O que peço ao Judiciário é que defina a fronteira entre o direito legítimo de crítica, a injúria gratuita e a difamação”, enfatizou.
O caso remonta a dezembro de 2020, quando Saviano comentou em um programa de televisão sobre a morte de um bebê da Guiné de seis meses em um naufrágio e chegou a acusar Meloni pelo uso político do fenômeno da migração.
“Só posso dizer a Meloni e (Matteo) Salvini: bastardos! Como eles podem fazer algo assim?”, lamentou Saviano no programa.