Uma postagem do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) em suas redes sociais na semana passada gerou uma crise na política baiana. Isto porque, na publicação, o político insinuou que o vice-governador do estado, Geraldo Júnior (MDB), não iria mais concorrer à prefeitura de Salvador. “Se esse é o caminho para acabar essa novela e a base de Jerônimo subir a colina unida na festa do Bonfim, o MDB retira a legítima pretensão do vice-governador e declara imediato apoio a Tony Brito”, escreveu Geddel.
A declaração virou manchete em toda a imprensa local e, logo, Geraldo Júnior e o próprio governador Jerônimo Rodrigues (PT) concederam entrevistas em que negaram a saída do MDB do páreo. No estado, siglas aliadas a Jerônimo têm trabalhado para montar uma chapa única e, em Salvador, os partidos se comprometeram a não disputarem isoladamente. O favorito conforme as pesquisas é o atual prefeito Bruno Reis (União Brasil) que vai buscar sua reeleição.
Desde que a crise foi instaurada, Geddel segue publicando quase que diariamente em seu perfil no Instagram e inclusive assume que tem a intenção de pressionar o governo. “Não obrigo ninguém a me ouvir ou me acatar, mas também reafirmo que não fui condenado ao silêncio”, afirmou na sexta-feira em referência à condenação que sofreu por lavagem de dinheiro.
E a pressão parece ter surtido efeito. Após a confusão, articuladores passaram a esperar que Jerônimo Rodrigues anunciasse o nome de Geraldo Júnior após uma reunião do grupo que ocorreu neste domingo. A oficialização não ocorreu, mas, antes do evento, o senador Jaques Wagner (PT) acenou ao emedebista:
— É pública a minha simpatia pelo nome de Geraldo, mas não vou impor nada e as negociações não são só com o PT, mas com o PCdoB e outros partidos que pleiteiam ter o candidato. Tenho essa simpatia por Geraldinho não só porque foi presidente da Câmara Municipal por duas vezes, o que não é pouca coisa, mas porque ele conhece os problemas de Salvador, é bom de campanha, é o vice-governador. Essa é minha opinião — disse à imprensa.
Nos bastidores, a expectativa é de que o governador anuncie Geraldo Júnior após conciliar os interesses do PCdoB, que insiste no nome da deputada estadual Olívia Santana. Como moeda de troca, o petista deve oferecer apoio a candidatos da sigla em outras cidades do estado.
Já no MDB, o partido evita declarar vitória antes da hora. A Luísa Marzullo, do jornal O Globo, o ex-deputado federal e irmão do Geddel, Lúcio Vieira Lima afirmou que ainda não há uma definição:
— Estamos dialogando com o governador. Salvador ainda não anunciou, não bateu o martelo. Geraldinho segue como todos os outros candidatos, dialogando e tentando união em torno do nome dele. Se o governador optar pelo PT ou PSD, o MDB será o primeiro a apoiar e, em hipótese alguma, sairá em carreira solo — afirmou.
A base do governador Jerônimo Rodrigues é formada por MDB, PCdoB, PSB, PSD e Avante, que tem se reunido para definir os apoios nas principais prefeituras da Bahia. Sem poder concorrer a cargos eletivos após terem sido condenados por lavagem de dinheiro e associação criminosa, Geddel e Lúcio veem a disputa como uma possibilidade de ampliar o espaço do MDB no estado. O partido, além da vice-governadoria, tem duas pastas no primeiro escalão — Infraestrutura Hídrica e Saneamento, e Administração Penitenciária.