O presidente sírio, Bashar al-Assad, fez uma visita oficial aos Emirados Árabes Unidos neste último domingo (19), sua segunda viagem a um país do Golfo desde o terremoto de fevereiro, que aproximou várias nações árabes de Damasco.
Acompanhado por sua esposa, Asma, o presidente foi recebido por seu homólogo dos Emirados Árabes, Mohamed ben Zayed Al-Nahyan, na capital Abu Dhabi.
De acordo com a agência oficial de notícias WAM, a aeronave com a comitiva presidencial foi escoltada por caças quando entrou no espaço aéreo do país.
“Tivemos conversas para impulsionar nossas relações bilaterais”, disse Al-Nahyan, em um comunicado.
“Nossas discussões também exploraram maneiras de reforçar a cooperação e acelerar a estabilidade e o progresso na Síria e na região”, acrescentou.
A Síria ficou isolada diplomaticamente e foi excluída da Liga Árabe no final de 2011, quando a violenta repressão às manifestações em favor da democracia terminou em uma guerra civil.
Mas, desde o terremoto de 6 de fevereiro, que atingiu o país e sua vizinha Turquia, várias nações árabes demonstraram sinais de uma reaproximação.
Durante o encontro, o mandatário Assad elogiou o papel dos Emirados Árabes no estreitamento das relações entre os países árabes e disse que eles devem ser “fraternos”, segundo nota da presidência síria.
“Chegou a hora”
Após o terremoto, Abu Dhabi liderou esforços para fornecer ajuda à Síria e reverter seu isolamento. O país também prometeu mais de US$ 100 milhões (em torno de R$ 527 milhões) em auxílio, além de ter enviado equipes de resgate e toneladas de suprimentos.
“A abordagem e os esforços dos Emirados em relação à Síria fazem parte de uma visão mais profunda e de uma abordagem mais ampla destinada a fortalecer a estabilidade árabe e regional”, disse Anwar Gargash, principal assessor do presidente dos Emirados.
O país também reabriu sua embaixada em Damasco no final de 2018 e, em março de 2022, Al-Assad viajou para Abu Dhabi.
“Os Emirados estão convencidos, junto com muitos Estados árabes, de que chegou a hora de se reconciliar com Al-Assad (…) e ver a Síria retornar à Liga Árabe e ao cenário árabe”, disse o cientista político dos Emirados Abdelkhaleq Abdallah.
O ministro saudita das Relações Exteriores, Fayçal ben Farhan, também considerou em fevereiro que era necessária uma nova abordagem em relação à Síria, para lidar com crises humanitárias.
Bashar al-Assad também viajou para Omã no final de fevereiro, a primeira vez em 12 anos de guerra. O país foi uma das poucas nações árabes, e a única do Golfo, a manter relações diplomáticas oficiais com a Síria desde 2011.
Nesta semana, o presidente sírio ainda se reuniu com seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Moscou. O país tenta há vários anos aproximar Damasco dos países árabes.