O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, diz segundo a coluna Painel, da Folha, que a “narrativa” existente hoje na Venezuela é apenas uma: trata-se de uma ditadura.
O termo foi usado no encontro ocorrido na segunda-feira (29) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, no sentido de que as acusações contra o autoritarismo do país seriam distorcidas.
Siqueira, que comanda o partido do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e de dois ministros: Flávio Dino (Justiça) e Márcio França (Portos e Aeroportos), discorda da avaliação de Lula.
“Não se trata de narrativa, trata-se de a Venezuela não ser uma democracia”, afirma.
Aliado histórico de Lula, o PSB há tempos tem posição bastante diversa dos petistas sobre a Venezuela. Siqueira diz que o grande número de venezuelanos que deixaram o país mostra a falência do governo local.
“Além de falta de democracia, o pior cartão de visita desse regime da Venezuela são as centenas de milhares de venezuelanos pedindo esmolas nos semáforos do Brasil. Esse é o fato”, diz Siqueira,
Em 2019, após relatório da então comissão da ONU sobre direitos humanos, Michelle Bachelet, sobre violações do regime, os socialistas aprovaram em seu diretório nacional resolução crítica a Maduro e retiraram-se do Foro de São Paulo, grupo de partidos latino-americanos de esquerda que inclui o PT e a legenda do ditador venezuelano.
Siqueira afirmou ao Painel que entende a necessidade de o Brasil manter relações diplomáticas e comerciais com a Venezuela. Mas discorda do tratamento especial conferido por Lula a Maduro na véspera da reunião de cúpula de países sul-americano. “Não precisava chegar a tanto”, afirmou.
Ele não quis comentar a posição pró-Maduro do PT. “Falo sobre o PSB, que é sempre contra ditaduras, não sobre o PT”. O partido aprovou recentemente também uma moção contra outra ditadura de esquerda na América Latina, a da Nicarágua.
De acordo com Siqueira, condenar um regime autoritário é algo que está no DNA do PSB. “Nosso partido nasceu contra os modelos antidemocráticos de esquerda, contra o stalinismo, sempre em defesa da liberdade”, afirmou.
Por isso, diz ele, jamais se pode apoiar um governo como o de Maduro. “Imaginar a Venezuela como democrática não podemos fazer. Na democracia existem regras, e todo mundo sabe que na Venezuela regras democráticas não existem”, afirmou.