O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou, nesta quarta-feira (22/11), na Cúpula Virtual do G20, e afirmou que os desafios geopolíticos mundiais exigem determinação e vontade política por parte de governantes e dirigentes de todos os países e organismos internacionais.
“Rivalidades geopolíticas persistem, a economia global desacelera e as consequências das mudanças climáticas se sucedem. O recrudescimento do conflito no Oriente Médio vem somar-se às múltiplas crises que já enfrentávamos”, disse.
O Presidente Lula lembrou que, em poucos dias, será iniciada a presidência do Brasil no G20 com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. Segundo ele, o eixo condutor do trabalho a frente do grupo será a redução das desigualdades. O mandato do Brasil começa em 1º de dezembro deste ano e irá até 30 de novembro de 2024.
“Estamos criando duas forças-tarefa, uma contra a fome e a desigualdade e outra contra a mudança do clima. Também lançaremos uma iniciativa para a bioeconomia. Vamos buscar resultados concretos, que gerem benefícios para os mais pobres e vulneráveis, em todo o planeta”.
O presidente ainda saudou o acordo anunciado entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns em troca de uma trégua temporária de 4 dias e da libertação de prisioneiros palestinos.
Confira a íntegra do discurso do Presidente:
Meus amigos e minhas amigas
Quero, uma vez mais, reiterar meus cumprimentos ao primeiro-ministro Narendra Modi pelo excelente trabalho dele e de sua equipe por ocasião da presidência indiana.
Poucas semanas após o nosso último encontro presencial, o mundo está ainda mais complexo.
Rivalidades geopolíticas persistem, a economia global desacelera e as consequências das mudanças climáticas se sucedem.
O recrudescimento do conflito no Oriente Médio vem somar-se às múltiplas crises que já enfrentávamos.
Quero saudar o acordo anunciado hoje entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns (mulheres e crianças) em troca de uma trégua temporária de 4 dias e da libertação de prisioneiros palestinos (mulheres e crianças).
Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina.
Esse conjunto de desafios vai exigir vontade política e determinação por parte de governantes e dirigentes de todos os países e organismos internacionais.
Por meio do diálogo, temos de recolocar o mundo no caminho da paz e da prosperidade.
O G20 tem um papel central a cumprir.
Em poucos dias, daremos início à presidência brasileira, que terá como eixo condutor a redução das desigualdades.
Como indiquei em Nova Délhi, elegemos três linhas de ação para estruturar os trabalhos do grupo:
- a inclusão social e o combate à fome e à pobreza;
- a transição energética e o desenvolvimento sustentável; e
- a reforma da governança global.
O lema da presidência brasileira – “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável” – reflete essas prioridades.
Estamos criando duas forças-tarefa, uma contra a fome e a desigualdade e outra contra a mudança do clima.
Também lançaremos uma iniciativa para a bioeconomia.
Vamos buscar resultados concretos, que gerem benefícios para os mais pobres e vulneráveis, em todo o planeta.
O G20 ajudará a alavancar iniciativas multilaterais em curso.
Precisamos recuperar a tripla dimensão do desenvolvimento sustentável e acelerar o ritmo de implementação da agenda 2030.
O Brasil sediará, em 2025, a COP 30: a primeira COP na Amazônia.
Queremos trabalhar no G20 para chegar lá com uma agenda climática ambiciosa que assegure a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas.
Isso só será possível abordando seriamente o endividamento, o acesso a financiamento e mecanismos progressivos de tributação.
Também vamos discutir como fortalecer a governança global para lidar com antigas e novas questões.
Uma maior diversidade de vozes precisa ser levada em conta.
É por isso que saudamos a incorporação da união africana como membro pleno neste fórum.
O Brasil tem noção do tamanho da sua responsabilidade.
A partir do dia 1º de dezembro divulgaremos o calendário e as notas conceituais que orientarão os trabalhos nas várias instâncias do G20.
Dia 13 de dezembro receberei em Brasília os representantes das trilhas política e de finanças.
Queremos fomentar maior coordenação entre ambas as trilhas.
Os grupos técnicos e as reuniões ministeriais preparatórias serão sediadas em várias cidades de todas as cinco regiões do nosso País.
Jovens, mulheres, trabalhadores, empresários, povos indígenas, parlamentares, cientistas, acadêmicos e representantes de todos os outros grupos vulneráveis precisam ser ouvidos como artífices e beneficiários do desenvolvimento sustentável.
Por isso, asseguraremos ampla participação social nos trabalhos do G20 e sediaremos uma cúpula da sociedade civil previamente à reunião dos líderes.
Terei a honra de recebê-los no rio de janeiro, em novembro de 2024.
Muito obrigado.