Presidente Jair Bolsonaro faz uma visita oficial ao Suriname, país sul-americano que tem fronteira com o Brasil na Região Norte. Ele foi recebido na capital, Paramaribo, pelo Presidente do país anfitrião, Chandrikapersad Santokhi, no início da tarde desta última quinta-feira (20). Os dois Presidentes tiveram um encontro privado logo após a chegada, em seguida, participaram de um almoço de trabalho, acompanhados também do Presidente da República da Guiana, Mohamed Irfaan Ali. A comitiva presidencial visitaria a Guiana nesta sexta-feira (21), mas o presidente teve que retornar após morte de sua mãe.
Ao final da tarde, os Presidentes Jair Bolsonaro e Chandrikapersad Santokhi fizeram um encontro ampliado para discutir acordos bilaterais em áreas como segurança e defesa, infraestrutura, energia, comércio e meio ambiente. No encerramento do encontro bilateral, eles assinaram uma Declaração Conjunta.
É uma satisfação muito grande estar no Suriname, uma país irmão e amigo. Trouxemos uma equipe de ministros que buscam atender as justas reivindicações de nossos países. Temos a oferecer ao país a nossa expertise na prospecção de petróleo e, para isso, trouxemos o nosso ministro de Minas e Energia. Eu agradeço e cumprimento o que conversamos há pouco, na possível prioridade para que o país, através da Petrobras, venha colaborar na prospecção de petróleo e gás”, ressaltou o Presidente Jair Bolsonaro em declaração à imprensa.
Entre os assuntos acordados entre as duas nações estão a retomada das negociações para a ampliação de um acordo para abranger o maior número de setores econômicos e estimular os fluxos comerciais bilaterais; negociar certificações sanitárias e fitossanitárias bilaterais para facilitar o comércio agrícola; realizar seminário bilateral envolvendo empresários dos dois países com foco em novas oportunidades no setor de petróleo e gás; intensificar a atual cooperação em segurança, com foco na colaboração na área de segurança pública e no combate ao crime organizado transnacional, entre outros.
“Temos muito o que oferecer um ao outro, bem como cooperar. Esse é o nosso sentimento, esse é o motivo da minha vinda aqui, na qual, inclusive, agradeço o honroso convite por parte do nosso presidente do Suriname. Muito obrigado pela oportunidade. Os nossos povos têm muito a ganhar”, concluiu o Presidente Jair Bolsonaro.
Em seu pronunciamento, o Presidente do Suriname destacou a longa parceria com o Brasil, em especial, a cooperação técnica por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC). Segundo Chandrikapersad Santokhi, são 25 projetos, dos quais alguns estão em via de implementação, outros já foram assinados formalmente e estão prontos para serem implementados, além de outros, ainda, em estágio de negociação em áreas como agricultura, educação, recursos naturais, administração pública, saúde, segurança cibernética, tecnologia da informação e comunicação, cooperação entre os bancos centrais, Justiça e polícia.
O presidente do Suriname agradeceu, ainda, a doação feita pelo Brasil de doses de vacina contra Covid-19 e contra várias outras doenças. “Estou convencido de que a nossa cooperação no futuro em várias áreas, entre elas comércio, investimento em energia, incluindo aqui petróleo e gás, segurança, defesa, bem como assuntos migratórios e consulares, com certeza renderão resultados concretos em benefício mútuo”, declarou o Presidente Chandrikapersad Santokhi.
Laços entre Brasil e Suriname
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a estimativa é de que existam, hoje, entre 15 e 30 mil brasileiros vivendo no Suriname, muitos deles se dedicam a atividades de exploração mineral. A regularização migratória desse contingente é objeto de contatos políticos de alto nível entre os dois países, além de ser tratada pelo Grupo de Trabalho sobre Assuntos Migratórios e Consulares, criado em 2011.
Os dois países contam com uma ampla agenda de cooperação e assistência técnica. O programa de cooperação técnica bilateral é composto por 12 projetos, seis dos quais são na área temática de agricultura e os outros em administração pública, educação, geologia, meio ambiente, saúde e segurança cibernética.
A cooperação em Defesa e segurança é outro pilar importante da relação bilateral. A fronteira comum é de 593 quilômetros, entre os estados do Pará e do Amapá. Por ser uma região coberta por barreiras naturais, como a Serra do Tumucumaque e por áreas de preservação ambiental e indígena da Floresta Amazônica, a fronteira apresenta baixa densidade demográfica e não possui ligações viárias entre os dois países.
A falta de linha de navegação e de rota terrestre representa desafios para o aumento das relações econômico-comerciais entre o Brasil e o Suriname. No entanto, o fluxo de comércio bilateral é relativamente diversificado, com trocas de maquinários e material elétrico, produtos da indústria química e commodities. Conforme dados do Ministério da Economia, o comércio entre os dois países movimentou US$ 39,8 milhões de dólares em 2012, com saldo positivo para o Brasil em US$ 37,2 milhões.
Brasil e Suriname compartilham o mesmo assento no Fundo Monetário Internacional (FMI). Em julho de 2013, o Suriname obteve a condição de Estado Associado ao Mercosul.