O presidente interino do Peru, Manuel Merino, renunciou ao cargo neste domingo (15). A sua retirada do poder acontece após seis dias consecutivos de manifestações violentas pelo país. Na noite de sábado, 14, dois jovens de 22 e 24 anos morreram após terem sido baleados durante um protesto em Lima, que também deixou 100 ferides. Mais da metade deles precisou ser hospitalizado após sofrer ferimentos ou inalar gás lacrimogênio. Outras 41 pessoas estão desaparecidas. Em meio à repercussão da morte dos manifestantes, 13 dos 18 ministros anunciaram que estavam deixando seus cargos.
Os membros restantes do Congresso deram então um ultimato a Merino, que teria seis horas para renunciar antes que uma sessão fosse convocada para destitui-lo. Minutos depois, o ex-presidente interino fez um discurso transmitido pela televisão anunciando sua renúncia. Nas ruas, a notícia foi recebida com aplausos.
A onda de protestos pelo Peru teve início na terça-feira, 10, quando Manuel Merino, ex-chefe do Congresso, tomou o poder. Os manifestantes acusavam o presidente interino de orquestrar o impeachment do seu antecessor, Martín Vizcarra. O ex-presidente foi destituído por “incapacidade moral”, sob alegação de que ele estava sendo investigado por supostamente ter recebido propinas em 2014, época em que ainda era governador.
Os principais jornais do país afirmam que a retirada de Vizcarra da presidência foi uma espécie de “golpe de estado”, já que as acusações de corrupção levantadas contra ele não chegaram a ser investigadas pelos parlamentares. Alguns órgãos defensores dos direitos humanos, como a Humans Right Watch, já vinham acusando a polícia peruana de estar cometendo excessos, principalmente por atirarem balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio contra os civis. Na sexta-feira, 13, a Associação Nacional de Jornalistas também informou que 16 repórteres foram “agredidos pela polícia” durante os protestos.