A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), saiu em defesa da ministra Nísia Trindade, neste último sábado (13), após a titular da Saúde se tornar alvo de críticas tanto da base do governo quanto da oposição, principalmente por causa da liberação de verbas da pasta. De acordo com a deputada, a ministra “está sendo alvo de intrigas” plantadas por “grupos políticos ávidos por abocanhar o ministério”.
“Ela (Nísia Trindade) tornou mais ágil a transferência de verbas para estados e municípios, que aumentaram em quase R$ 5 bilhões no final do ano. Por trás disso, obviamente, estão grupos políticos ávidos por abocanhar o Ministério da Saúde. A ministra já mostrou sua competência e seu compromisso com nosso projeto de país. Tem toda solidariedade do PT”, escreveu Hoffmann no “X”, antigo Twitter.
A queda de braço entre Nísia e o Congresso ganhou um novo capítulo com a edição de uma portaria, em dezembro, que impôs, na visão de deputados e senadores, travas para a indicação de recursos extras oriundos do antigo orçamento secreto a estados e municípios.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT) também se pronunciou contra os ataques recebidos por Nísia Trindade e exaltou as qualidades da ministra enquanto “defensora intransigente do SUS”. O deputado afirmou ainda ser uma “ilação absurda” o fato de bolsonaristas terem impulsionado a vinculação da nomeação do filho da ministra, o músico Márcio Sampaio, como secretário de Cultura de Cabo Frio a um repasse da pasta à cidade na Região dos Lagos do Rio, comandada por Magdala Furtado (PL), no valor de R$ 55 milhões, no fim do ano passado. A nomeação ocorreu um mês depois da destinação dos recursos.
“Refiro-me à ilação absurda sobre a relação entre liberação de recursos para Cabo Frio e a nomeação do filho da ministra como secretário de cultura da cidade. Primeiro, ser secretário de cultura não é nenhum prêmio, pelo contrário, é um enorme desafio que espero que seja exitoso. Mas, o fato não é esse. A verdade é que essa luta para aumentar os recursos da média e alta complexidade em Cabo Frio é antiga e eu participei desde o início. O pleito por esses recursos foram feitos pelo saudoso prefeito José Bonifácio, brizolista histórico, com a argumentação técnica muito consistente em razão de Cabo Frio ser uma cidade polo que atende muitos pacientes das cidades vizinhas”, escreveu Farias.
Críticas orçamentárias
A pressão sobre a pasta ocorre mesmo com o aumento, registrado nos últimos anos, do peso das emendas no Orçamento da Saúde, área que concentra obrigatoriamente quase metade das indicações de deputados e senadores.
Dados do Planejamento, reunidos pelo jornal O Globo, mostram que houve um salto a partir de 2020, durante o governo Bolsonaro, e que o valor se manteve praticamente estável no primeiro ano do governo Lula, em R$ 14,7 bilhões. Em 2018, foram empenhados apenas R$ 5,5 bilhões em emendas. Em paralelo, o montante destinado a investimentos da Saúde pouco variou nos últimos seis anos e somou R$ 5,3 bilhões em 2023.
Em outra frente, a ministra tem recebido críticas no campo da esquerda pela gestão dos hospitais federais no Rio. Ao GLOBO, o deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ), vice-presidente nacional do partido, afirmou que há demora na reabertura de leitos nas unidades, que vivem um sucateamento, segundo ele, e classificou a gestão de Nísia como “inoperante e frágil”. Ele defendeu sua saída do cargo:
— É uma ministra que dialoga muito pouco com o mundo da administração pública, não só da política. Para um governo da importância do governo Lula, a ministra é inoperante. Ela não tem o tamanho que o governo Lula precisa.